A azeitona levou-me para lá da cidade de Castelo Branco para a aldeia onde a família tem uns bons pedaços de terra fértil e bem tratada.
Não irei falar da apanha pois dessa já eu falei amiúde em postais anteriores, mas tão-somente da vida que por aqui se vai desenrolando ao som das badaladas do sino da igreja, ao som da chuva a bater no empedrado ou do vento a soprar nas árvores.
Nesta aldeia beirã onde não há restaurantes nem passadiços, mas muitos trilhos o tempo passa lentamente, pois não vale a pena correr.
Entretantpo tenho vindo a notar um acréscimo de população estrangeira por estes sítios e que aqui passou a viver de forma permanente. Segundo a Junta de Freguesia local já se contam 107 famílias o que equivale a quase 300 pessoas.
Vêem todos duma Europa cada vez mais desunida. Alemanha, Holanda, França, Dinamarca, Bélgica são alguns dos paíuses de origem. Procuram paz, serenidade e uma ligação próxima com a verdadeira natureza. Moram em casas que ficaram devolutas, muitas delas (a maioria) longe do centro da aldeia ou em velhos barracões de recuperaram. Trouxeram com eles os pais, filhos, cães, gatos e por aqui estão felizes e contentes.
Alguns dos miúdos já tocam na filarmónica local o que é sempre de louvar. Quando descem à aldeia gostam de passar no café onde beberricam jeropiga e outras bebidas locais (vulgo aguardente!).
Gosto muito de os ver e cruzo-me muitas vezes com alguns nas minhas deambulações entre fazendas. São geralmente muito simpáticos e há já alguns que arranham o português!
Ao invés de muitos que aqui nasceram e já sairam prometendo não regressar, estes estrangeiros conhecem bem o que é bom!
Sempre cumpri horários. Cheguei mesmo a ficar sem pequeno almoço porque o comboio se atrasara e eu já não tinha tempo para comer.
Nas reuniões de trabalho era quase sempre dos primeiros a chegar enquanto outros... bom...
Ontem combinei com alguém para ir a minha casa hoje, reparar uma janelas que estavam estragadas. Coisas pequenas, mas às quais se não deito a mão... depois ficarão muito pior.
Marcou-se para as oito e meia da manhã o que me obrigou desde muito cedo a tratar do pequeno almoço. Comi calmamamente, tomei café e só por volta das nove meia é que me ligou dizendo que ia sair da casa. Chegou quase meia hora depois.
Este pode ser um caso muito pessoal ao fim de semana, mas durante toda a minha vida de trabalho encontrei gente que nunca, repito nunca chegava a horas a uma reunião. As excepções só aconteciam quando as reuniões eram convocadas por um superior hierárquico.
Esta postura sempre foi um dos calcanhares de Aquiles dos nossos gestores e afins. Imaginam o que dizem lá fora sobre esta gentinha, não imaginam?
Pelo que assisti, as reunióes mesmo por videoconferência iniciavam sempre à hora com a presença de quase todos os participantes espalhados pela Europa... menos alguns portugueses. Estava eu e outro, mas os decisores sempre ausentes.
Nunca entendi esta postura lusa de se chegar sempre atrasado a uma reunião. Se está marcada para as 12 horas porquê aparecer às 12 e 10? Será para dar o aspecto de alguém muito afadigado? Ou porque gosta de ser o centro das atenções?
É por estas e muitas outras que ninguém na Europa leva a sério os portugueses... Com os custos que muitas vezes nem temos consciência!
No início da década de 80 do século passado iniciei a comprar uma revista anual sobre automóveis. De origem francesa a publicação divulgava todos os modelos mais recentes das inúmeras fábricas e marcas espalhadas pelo Mundo.
Para cada viatura havia diversas especificações técnicas referentes a cada modelo. E preços incluídos!
Até hoje todos os anos por esta altura do ano compro um novo número que guardo religiosamente e vou juntando aos anteriores. Com isso vou percebendo como evoluiu a industria automóvel.
Actualmente os carros eléctricos entraram na moda automobilística. Tudo bem, pois temos de salvaguardar o ambiente. Deste modo a venda de veículos eléctricos subiu de maneira categórica.
Ora a revista apresenta também o número de vendas num restrito conjunto de países. Reconhecem os jornalistas especializados, que os dados podem não corresponder à realidade pois não há uma matriz de informação que possa tornar os dados fiáveis.
Seja como for no meio de tantos números e percentagens de vendas houve um que não surgiu, mas que pela sua ausência ainda assim captou a minha atenção. Nos Estados-Unidos, terra do Tesla, nenhum modelo desta marca aparece no top 10 dos veículos mais vendidos no país do Tio Sam.
Sabendo nós como os americanos são ciosos dos seus produtos questiono-me o porquê destes estranhos resultados: será do preço dos veículos? Ou do outro lado do Atlântico a questão ambiental ainda não está na ordem do dia? (Pessoalmente apostaria na segunda hipótese)...
Entretanto em França as vendas de modelos Tesla subiram em 2021, cerca de 258 por cento e na Alemanha 132 pontos percentuais.
Tenho enormes dificuldades em entender uma guerra. Especialmente neste tempo em que a tecnologia será quiçá a maior arma de todas e por isso há uma enorme dificuldade em guardar certos segredos. Quase tudo o que se faz no Mundo é facilmente escrutinado, o que retira muitos trunfos às guerras.
Leio e oiço diversos comentadores a falarem desta coisa estúpida e imbecil que tem sido a invasão da Ucrânia pela Rússia. Cada um interpreta esta guerra de forma diferente porque nela vêem razões distintas para o conflito.
Estamos longe fisicamente do teatro de operações, mas o que vamos testemunhando através das televisões e das redes sociais coloca-nos demasiado perto.
Provavelmente estamos longe de entrarmos em conflito com alguém, até porque não temos qualquer valor. Talvez os Açores sejam importantes, mas estão lá os americanos. Porém é bom que tenhamos consciência que este conflito virá até nós mais depressa do que gostaríamos ou desejaríamos.
Não interessa saber quais os motivos q8ue originaram este conflito bélico já com demasiados mortos, mas fico com a sensação de que a Europa fez muito pouco para evitar este desenlace.
A dependência europeia ocidental do gaz e petróleo russo deixou o velho continente quase de mãos atadas e incapaz de negociar ou levar os antagonistas a uma mesa de negociações.
Entretanto a China vai apoiando veladamente a Rússia enquanto do lado ocidental (leia-se Estados Unidos) não há uma reacção frontal e real a esta invasão. Nunca gostei de Trump, mas imagino este conflito com este na Casa Branca...
Recordo que nos anos 90 a Europa foi também palco de uma guerra que envolveu diversos países saídos da Federação Jugoslava. Mas esta foi uma demanda quase regional e não incluiu directamente a Rússia. Todavia desta vez a guerra envolve este enorme país que, sinceramente, nunca soube lidar com o desmembramento da antiga União Soviética.
Não bastava a pandemia que nos tem atentado nos últimos anos, a próxima subida das taxas de juros ou a escalada da inflação, ainda nasceu esta estúpida guerra que todos previam, mas que ninguém pretendeu evitar.
Sinceramente receio muito as consequências deste conflito.
Um destes dias fui ao frigorífico, recolhi um iogurte daqueles sem lactose e comi-o normalmente. Só depois de o comer é que peguei calmamente na tampa de alumínio e vi o fim da data de validade: 23/11/2021.
Xiiii... pensei para mim. Isto vai-me fazer mal, calculei!
Entretanto já passaram muitos dias e não senti nada. Logo o produto estava em condições dois meses após o fim da validade.
Todavia reconheço que este não foi caso único comigo, já que há uns tempos valentes descobri na minha despensa uma conserva de sardinhas em lata cuja validade tinha passado há somente... uns bons 5 ou 6 anos. Também marchou na altura e obviamente consegui sobreviver.
Fico portanto sem saber para que servirá a data de validade de um produto, já que deitei coisas fora por estarem estragadas ainda dentro da data de validade e outras estão em óptimas condições mesmo de ultrapassar a data limite.
Assim fico a pensar que esta coisa da data de validade é somente uma obrigação legal sem correspondência à qualidade do produto no tempo.
Mais uma daquelas leis europeias só para "europeu" ver!
Há 20 anos entrava oficialmente em circulação o Euro (o primeiro nome da moeda esteve para ser ECU, imagine-se)!
Desde esse primeiro de Janeiro de 2002, Portugal e mais uma série de países europeus aceitaram ter uma só moeda que servisse a todos os que aceitaram perder parte da sua identidade fiduciária.
É sabido que o Reino Unido nunca pretendeu fazer parte deste aglomerado assim como a Suécia que mantém a sua coroa sueca. Não obstante estas duas negas o euro tornou-se numa forte moeda mundial quiçá neste momento a mais valorizada e desejada, a par do dólar.
Ao invés do que se pensava a sociedade lusa rapidamente se habituou à nova moeda, ao contrário do que aconteceu em França aquando da desvalorização do franco nos anos 60, pois nos anos 80 ainda havia muito francês a falar em francos novos e velhos.
Economicamente prometeram-nos o céu com a inclusão na nova moeda. Porém o que consigo perceber é que passado este tempo não estamos tão bem quanto julgaríamos e gostaríamos, nem tão mal como os negacionistas do euro apontam.
Finalmente e tendo em consideração que tenho um gosto por notafilia desde logo percebi que as notas de euro, não obstante terem ganho muitas características a nível de segurança de falsificação ainda assim perderam em beleza e qualidade quando comparadas com as notas portuguesas, mesmo as mais recentes.
Há uns anos uma colega minha que esteve muito ligada à Representação Portuguesa em Bruxelas dizia-me que era óptimo o Presidente da Comissão Europeia ser português. Obviamente que se referia a Durão Barroso.
Hoje e à distância que o tempo nos impõe ainda não percebi muito bem quais as vantagens que obtivemos daquele lugar ocupado em dois mandatos pelo antigo líder do PSD.
Da mesma maneira também não entendi que melhorias teve Portugal com a Presidência da Assembleia das Nações Unidas em 1995-1996 liderada pelo antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral.
Actualmente não reconheço nenhuma melhoria só porque António Guterres é o Secretário Geral na ONU.
Recentemente o nome do Ministro das Finanças. Mário Centeno. surgiu como possível Presidente do FMI. Mais uma figura lusa que pode subir ao palanque mundial, mas sem qualquer benefício para os interesses deste rectângulo.
Remato com esta questão: se temos tanta gente tão boa capaz de chegar ao topo de Organizações Internacionais como foi possível que chegássemos tão baixo de forma a pedinchar umas migalhas à velha Europa?
No dia 25 de Abril, enquanto fazia “zapping” em busca do canal do meu clube, acabei por parar num canal que raramente vejo, mas onde naquele instante se debatia o feriado.
Para além do moderador, estavam presentes uma deputada do PCP – Rita Rato, um antigo bastonário da Ordem dos Advogados – José Miguel Júdice e um conhecidíssimo politólogo que o ano passado esteve no centro de uma idiota contestação universitária – Jaime Nogueira Pinto.
Nada disto teria muita importância se a determinada altura não tivesse escutado esta frase dito por um dos oradores:
“Prefiro ser governado por comunistas portugueses a ser governado por direitistas belgas”.
Agora se não viram o debate imaginem quem terá dito esta frase…
Ora bem... após as eleições deste último fim de semana temos então uma Alemanha a tentar virar à direita e uma Europa toda encolhida, qual cachorro maltratado, e ainda longe de perceber o que irá acontecer na maior economia da Europa.
Angela Merkel tem um grande problema entre mãos. O SPD, companheiro de coligação da chanceler, diz que não pretende fazer parte de um próximo governo passando para a oposição. A verdade é que a extrema-direita, que valorizou publicamente os soldados do terceiro Reich, passou a ter assento no parlamento. Esta postura vai criar um enorme desafio no Reichtag.
Face a esta nova ordem política interna Merkel vê-se obrigada a negociar com o SPD ou com os Liberais, ou até com os Verdes que têm assento parlamentar, de forma a evitar coligações com a AfD. O mais grave desta situação é que alguns destess partidos têm visões opostas às da Chanceler.
Portanto a Europa está obviamente espectante aguardando com alguma ansiedade que geringonça sairá desta nova Alemanha.