Uma crónica (quase) feminina...
Em dia de futebol!
Há mais de quarenta anos escrevi uma breve e pobre crónica sobre um dia de futebol na cidade.
Um texto que hoje provavelmente não escreveria. Acima de tudo porque naquela altura disse no dealbar da crónica "... Uma correria louca, de muitas dezenas de homens de todas as idades e poucas mulheres..."
Hoje regressei ao futebol após algumas semanas de ausência. Saí por isso mais cedo do trabalho, fui buscar a minha mulher, dirigi-me para casa onde me vesti a preceito (sim, sim para ir ao futebol há que ter... farda apropriada!) e apanhei o Metropolitano.
Saí na estação de S. Sebastião onde mudei para a linha vermelha que me levou ao encontro da amarela que me carregou até perto do estádio. Tudo muito rápido. Quando cheguei a Alvalade subi as largas escadas e cruzei-me com diversos grupos de senhoras, todas brilhantemente identificadas com cachecóis verdes e cor-de-rosa, e que por ali conversavam em amena cavaqueira.
À entrada da porta B mais senhoras que também seriam sujeitas a revista. Já sentado no meu lugar passo os olhos ao meu redor tendo contado dezenas de "eternos femininos" numa altura que o estádio ainda estava quase vazio.
Gente de coragem, penso eu, já que arriscam-se a escutar um ror de expressões vernáculas muito próprias e comuns no futebol. A realidade trouxe-me estranhos epítetos aos jogadores e árbitros, proferidas por algumas das meninas presentes. Quem diria?
Há quarenta anos eu não escreveria este texto.