Quando se fala da queda da cadeira de Salazar quer significar o princípio do fim de um regime político totalitário e que encerrou o país ao Mundo.
Lembrei-me hoje deste episódio, quase histórico, para fazer uma breve ponte para com o líder do PCP, Jerónimo de Sousa. Também este, com a teimosia de fazer a Festa do Avante, caiu de uma suposta cadeira… A cadeira do poder que detinha no Partido da Soeiro Pereira Gomes. Só que ainda não o sabe.
Nas últimas semanas li e escutei muita gente, na maioria afecta ao PCP, assumir publicamente o seu desacordo perante a realização daquele evento, numa altura em que os casos têm vindo a subir. Independentemente das medidas e restricções impostas pela DGS quanto ao número de pessoas presentes, a realização da Festa do Avante foi uma espécie de braço de ferro com o Governo. Tão-somente!
Por tudo isto fico com a ideia de que o PCP perderá mais algum eleitorado nesta sua demanda, mesmo que não surjam eleições importantes no horizonte mais próximo.
É por estas e muitas outras que o crescimento de grupos radicais quase sempre associados à direita seja tão evidente, enquanto a esquerda parece ter perdido o norte e o bom-senso.
Depois não se admirem com os resultados e não culpem sempre os mesmos!
As doutas palavras de João Miguel Tavares no seu discurso de 10 de Junho fizeram ressurgir os velhos traumas da nossa esquerda sempre tão trauliteira e, sinceramente, muuuuuuuuuuuuito pouco democrática.
O jornalista, comentador, bloguer atreveu-se a falar ao mundo português de assuntos... que outros anteriormente já haviam falado. O problema mesmo é que JMT não alinha pela equipa de esquerda o que, à partida, lhe trará sempre mais dissabores que alegrias.
A esquerda no seu velho e bafiento complexo de "quem não está comigo está contra mim". atirou-se ao alentejano Ministro do Governo Sombra. Para tanto basta ler alguns textos e comentários que pairam na rede para se perceber que alguns portugueses têm uma noção de liberdade de expressão do tamanho de um grão de areia.
Dito de outra maneira: há quem pense que a democracia só existe se pensarmos todos de igual forma. Nada mais errado. Da diferença e do sempre salutar debate poderão nascer novas ideias e renovadas formas de fazer política.
A esquerda em Portugal, não obstante apresentar alguns resultados eleitorais, continua presa, agarrada aos dogmas teóricos duma sociedade sem classes e que nos tempos que correm não fazem qualquer sentido.
Não seria melhor acordarem de uma vez por todas para a realidade?
Portugal está uma vez mais a ser escrutinado pelas entidades europeias.
Tudo vai ser passado a pente fino. As reformas implementadas ou a implementar, as contas correntes dos ministérios, os bancos, tudo vai ser observado à lupa.
Ontem à noite num qualquer canal da televisão o deputado Honório Novo do PCP achava absurdo que o PM não tivesse chamado o seu partido para conversações antes de receber a Troika, e apenas tivesse recebido o António José Seguro.
O que me admira é como estes políticos têm a veleidade de se sentirem ofendidos com o PM, quando em tempo devido, aquando das primeiras negociações da Troika, recusaram-se a comparecer nas reuniões.
É por estas e por outras que o PCP não passa do mesmo valor eleitoral. As pessoas não são burras e muito menos idiotas. Como podem estes políticos, de uma esquerda tacanha e hipócrita, crescer se não abdicam de posturas assentes em pressupostos que já não têm razão de ser?
Portugal necessita de uma esquerda proactiva, positiva e colaborante. Não de "velhos do Restelo"...