O livro de "Contos de Natal" de 2022 contou desde a sua génese com a colaboração da jornalista e escritora Alice Vieira. Alguém que dispensa quaisquer apresentações.
Foi-lhe comunicado que a apresentação seria dia 3 de Dezembro, na biblioteca da Ericeira, ao que a escritora respondeu não poder comparecer devido a outra apresentação.
Ora como já referi aqui no dia 3 cheguei um pouco depois da hora marcada. A sala estava quase cheia e logo ali comecei a interagir com alguns bloguers que só conhecia de nome. Até que cheguei a uma senhora de um belo cabelo cinza e com o meu maior desplante, ousei perguntar:
- E a senhora é?
A resposta saiu rápida e sem cerimónia.
- Alice Vieira.
Pimbas, nuns breves nanosegundos fui ao tapete por KO. Todavia e sem demonstrar a atrapalhação que me assolou, recompus-me interiormente e devolvi:
- Se não é a verdadeira é muito parecida.
A resposta veio sonora traduzida numa sã e fresca gargalhada que me deixou deveras feliz.
Durante o resto da manhã tive oportunidade de escutar a Alice numa partilha sincera e muito pessoal que me sensibilizou para mais tarde brincarmos aos autógrafos...
- Assine aqui se fizer favor.
- Agora é a sua vez de assinar o meu!
(Não me recordo qual a ordem ou as palavras, mas foi mais ou menos assim!)
Quando por vezes se diz que os escritores são pessoas demasiado presas à sua intelectualidade, como se vivessem num mundo paralelo, Alice Vieira é um espírito são e aberto, com uma enorme paixão pela escrita.
Uma escritora que adorei conhecer. Uma mulher fantástica que jamais esquecerei. Ela também não se esquecerá de mim. Obviamente por razões bem diferentes!
Hoje foi o tal dia. Aquele em que muitos de nós ansiávamos pois não é à toa nem todos os dias que se lança um livro. Mesmo que seja em conjunto com outros escritores.
A belíssima vila da Ericeira foi o local. A biblioteca municipal o palco.
Cheguei atrasado, mas náo fui totalmente culpado. Tive de ir buscar a nossa especialista em plantas MJP do blogue liberdade aos 42 ao expresso que veio de Portimão (esta menina veio de propósito até cá!!!!) e por isso atrasei-me porque o transporte chegou as 10 e 15, mas depois até à Ericeira são umas dezenas de quilómetros. De tal forma que já estava quase toda a gente na sala. A vida é assim mesmo e neste dia tão importante teria de chegar realmente fora de horas. Então eu que detesto atrasos!
Posto isto posso afirmar com muita certeza que nunca um dia me correu tão célere. A apresentação decorreu de forma faaaaaaaaaaaaaaaaaantástica, tendo a presença de diversos autores, para além da anfitriã Isabel do blogue pessoasecoisasdavida (e que extraordinária que ela foi!!!), da nossa competentíssima desenhadora (que lindo ficou o livro!) e escritora Olga do blogue a cor da escrita.
Dos escribas dos Contos de Natal deste ano destacou-se a presença da jornalista e escritora Alice Vieira que não tendo blogue, ainda assim deu o seu maravilhoso contributo no livro através de um conto. Estiveram também presentes:
a Cristina do espaço contos por contar (uma senhora que transpira simpatia e doçuro por todos os poros:
e finalmente o Casimiro do folhas de luar, que não aparecendo ao lançamento juntar-se-ia a todos nós mais tarde num belo repasto no restaurante Gabriel, tendo como vítimas umas fresquíssimas garoupas grelhadas.
Os livros correram de mão em mão para os respectivos e normais autógrafos. Até eu assinei uma série deles. Quem diria que este pobre escritor haveria um dia de pespegar a sua assinatura num livro.
Dificilmente conseguirei descrever com efectiva realidade ou pormenor o que se passou hoje e o que emoções senti neste frágil coração. Uma torrente de alegria...
Finalmente falta agradecer outrossim aos ausentes porque sem eles este livro, quase de certeza, não existiria!
Um dos meus autores preferidos escreveu pouco. Era extremamente reservado, tornando-se durante muitos anos quase um eremita.
Falo naturalmente de J.D. Salinger, que entre outras obras, escreveu um "best-seller" que dá pelo nome "The catcher in the rye". Título este quase intraduzível para português.
Deste autor li por diversas vezes aquela obra, traduzida para português por João Palma Ferreira com o título "Uma agulha no palheiro", e "Nine stories" - deste livro nunca vi qualquer tradução mas reconheço que também nunca procurei.
Salinger foi um escritor estranho, muito estranho. Mas era dono de uma escrita incrível.
Um dos meus escritores de eleição é sem dúvida Miguel Torga.
Um transmontano que carrega na sua escrita o peso de um povo.
Li "Os Contos da Montanha", "Novos contos da Montanha", "Bichos", "O senhor Ventura" e alguns volumes do seu "Diário". E alguns poemas dispersos.
De uma escrita simples e escorreita, Torga consegue transpor o limite da nossa imaginação e lança-nos em cada página, em cada livro uma série de questões que normalmente temos dificuldade em responder.
A sua obra varia entre poemas, contos, romances, teatro e muitas outros escritos. Um dos Enormes escritores portugueses do século XX.