De vez em quando dou conta de algumas pessoas que escrevem se auto-intitularem unicamente como autores em vez de escritores.
De uma forma pragmática diria que todos somos autores. Um juiz quando elabora um despacho ou uma sentença está a ser autor, mas isso não equivale a que seja um escritor. Da mesma maneira quando alguém escreve uma mensagem de correio electrónico está a ser autor, mas provavelmente longe de ser escritor.
Então o porquê de alguém que escreve estórias, contos, poesias ou simplesmente uma opinião se chamar autor e não escritor? A resposta só o próprio a poderá dar, mas imagino que a responsabilidade de ser escritor possa pesar negativamente no espírito de quem escreve.
De vez em quando tento debater este tema com algumas pessoas, mas a maioria defende que quem escreve é simultaneamente autor e escritor.
A mesma dúvida existe para aqueles que pintam um quadro, que tocam um instrumento, que desenham uma casa. Todos serão naturalmente autores… mas poucos serão verdadeiros pintores, músicos ou desenhadores.
Por este lado a incerteza existe mesmo e estou ainda longe e ter uma resposta que me convença!
Hoje recebi este simpatiquíssimo comentário a um dos meus postais:
"Hoje dia Mundial do Escritor.a minha homenagem ao José. Pela grande criatividade com que escreve os seus contos, postais, e outros textos . Bem-Haja."
Agradeci o comentário, mas fiquei a matutar nas palavras que lera. Consideraram-me escritor! Logo hoje no Dia Mundial do Escritoir!
Assim de repente até parece uma coisa fantásttica. Porém tenho dentro de mim sempre aquela desconfiança quanto à certeza de que sou um escritor.
É debate antigo, este! Já o discuti com diversas pessoas, quase todas elas unânimes ao afirmarem que eu posso considerar-me escriba, não obstante não ter (ainda) um livro assinado por mim. Tenho sempre contraposto com a ideia de que escritor é aquele ou aquela que ganha a vida a escrever, essencialmente livros.
Ora nunca ganhei um cêntimo com a minha escrita. Isto é, se tivesse de viver daquela, teria de andar a pedinchar comida na "sopa do Sidónio", para sobreviver. Daqui não me considerar escritor verdadeiro!
Não é por ter dois blogues e ter participado em dois livros de contos que posso inscrever no cartão de visita que ofereço a palavra... escritor!
Quem sabe daqui a uns tempos!
Até lá obrigado a quem me tem em tão superior registo!