Uma amiga muito especial enviou-me hoje um postal com a foto do meu livro e dando-me os parabéns por este dia que (também) deveria ser meu! O advérbio está entre parentesis porque ainda estou para perceber se serei realmente um escritor.
É um tema recorrente neste espaço a advirer dificuldade em lidar com a palavra escritor enquanto definição pura e simples.
Ser escritor será normalmente uma profissão se daquela advir rendimentos suficientes para viver. Poderá ser uma actividade desde que alguém o faça por gosto, independentemente dos rendimentos que auferir. Depois há por aí uns escribas manhosos, onde me incluo, que não faço da escrita nem uma profissão nem uma actividade mas simplesmente uma acção quase terapêutica.
Talvez me venha a repetir, mas continuo a pensar para se ser escritor não basta escrever. É necessário que os leitores desejem ler mais do que o próprio autor consegue oferecer de escrita!
Ainda assim gosto de vez em quando pensar que faço parte desse rol de gente!
Disse-me uma vez o arquicteto, poeta e declamador José Fanha que a arte cria arte. Que lemos ou ouvimos um texto ou uma poesia e essa atenção exclusiva poderá originar um texto, poema, crónica escrito por nós ou por quem escuta.
Quando o poeta me disse a tal máxima, fiquei um tanto céptico, até porque a ideia de um dia publicar um livro estava a anos-luz da minha própria realidade.
Ao aterrar na blogosfera, especialmente nesta plataforma da SAPO, depressa percebi que a minha ideia de escrever quase só para mim e que ninguém iria interagir comigo estava completamente errada.
De tal maneira que hoje a comunidade da blogosfera tem um ritmo próprio mui longe das frenéticas redes sociais como é o feicebuque, o uotessape e muitas outras, mas foi ao som deste ritmo pachorrento porém persistente que fui conhecendo muita gente com quem troquei muuuuuuuuuuuitas ideias, donde surgiram uma série de desafios que acabaram por resultar em fiéis amizades.
Ora um destes dias andava eu em busca de um determinado livro quando me deparei com a dispersão de obras pela minha estante. Livros assinados pelos autores, alguns, outros nem por isso, mas que cairam nas minhas mãos fruto destas relações blogosféricas.
Acabei por juntar alguns, não todos porque há outros livros e outros autores que estão noutra casa, e tirei a foto infra.
Estes são alguns, repito apenas alguns dos livros dos outros.
Reconheço com a humildade devida que José Fanha tinha mesmo razão!
Diz um provérbio chinês que para se escrever um livro há que ter lido mil. Portanto para dois livros ter-se-á lido dois mil.. E assim sucessivamente... digo eu!
Não imagino se o provérbio existe mesmo ou será apenas uma metáfora para aqueles que querem ser escritores percebam que para se escrever e publicar um livro será necessário mais que ideias, mas uma capacidade de oferecer aos leitores uma viagem ao seu próprio imaginário.
Entretanto ando numa fase de leituras de autores que conheço e de quem sou amigo. Porque me dizem alguma coisa, porque consigo, através dos seus livros, conhecê-los ainda melhor.
Tenho alguns ainda em fila de espera, mas estou confiante que mais tarde ou mais cedo passarão a lidos. Escrita muito diversa, temas diferentes, mas todos todos com uma qualidade acima da média. No fundo é isso que importa... que a leitura seja fantástica.
Mas nesta troca de ideias (e de livros) entre autores fico amiúde com aquela sensação de que a minha escrita necessita de um choque para que consiga dar um salto qualitativo evidente.
Todos os dias a minha cabeça é inundada de ideias para outras escritas, mas temo que o tão desejado salto possa ser muito maior que as minhas pernas.
Gosto do que escrevo e sinto-me confortável neste meu papel. Porém a minha experiência de escrita diz-me que necessito de estar bem desconfortável para esgalhar coisas bem melhores.
É que a necessidade aguça sempre a arte e o engenho!
Sempre gostei de guardar recordações, Sejam os bilhetes de concertos a que assisti, os museus que visitei, as viagens que fiz.
Também guardo muitos dos papéis onde principiei a escrever os primeiros textos. Um deles é um velho caderno de argolas, pautado e onde estão escritas as minhas primeiras crónicas, que mais tarde seriam publicadas num jornal regional. Muitos blocos, muitas folhas soltas, muitas ideias alinhavadas, mas poucos textos realmente escritos.
No entanto guardei tudo... para de vez em quando revisitar com saudade e nostalgia. Saudade de um tempo em que era muito mais novo, com estaleca para dar e vender. Nostalgia por tantos encontros, almoços, jantares, reuniões em minha casa ou em casa de outros. Queríamos mudar o Mundo, os pensamentos, as mentalidades acabadas de sair de uma longa ditadura.
Hoje os nossos computadores guardam tudo no mesmo espaço físico. Não há cadernos, blocos, folhas simples onde se rabiscava qualquer coisa e ali ficava a aboborar...
Entre aquele tempo e agora passaram mais de 40 anos. Quase meio século... O tempo realmente voa e nunca pára.
Vai daqui há uma questão que formulo a mim mesmo: como será daqui a outros 40 anos?
E mais importante de tudo: como serei recordado pelos meus?
Calculei, pelos vistos mal, que as reacções ao meu livro estavam encerradas. Assumo aqui e agora o meu desvario pois fui confrontado com mais algumas, qual delas a melhor, ao meu livro "Des(a)fiando Contos" publicado em Maio passado.
Cabe-me de forma venerada e humilde agradecer à Beatriz o seu fantástico postal que publicou no passado dia 6 e que podem ler aqui.
De um jeito bem telegráfico aquela bloguer ligada à educação (mais uma nesta boa comunidade) foi desfiando uma ideia sobre cada um dos meus textos. Muito bem Beatriz, muito bem mesmo! Simplesmente... fantástico!
Só que quatro dias depois foi a vez da Ana D. publicar um postal discorrendo neste as suas ideias sobre o meu livro. Muitas delas nem eu tinha percebido que estavam lá... até agora. Mas tens razão Ana este livro sou eu... mas é bocadinho de todos aqueles que fazem parte da minha vida, seja esta ligada à escrita, à família ou simplesmente pura amizade.
Finalmente sinto-me verdadeiramente honrado pelas bonitas palavras que vão escrevendo sobre este pobre de Cristo.
Faz muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuitos anos que não comprava um diário. Fi-lo hoje à entrada da praia. Mas verdade verdadinha ainda só li, a bem dizer, as gordas.
Portanto... são dez e meia da noite e vou dedicar-me à leitura do meu jornal.
É "poucachinha" escrita hoje, mas é de boa vontade.
A nossa amiga e professora Maribel autora deste blogue alertou ontem a comunidade para o que hoje se comemora: o dia dos blogues!
Pois, na verdade se não fosse aquela bloguer nem me recordaria que há um dia dedicado a esta partilha de escrita.
A primeira vez que ouvi falar de blogues foi através do Abupto de Pacheco Pereira que raramente visitei. Não percebia o conceito e naquele tempo as minhas preocupações eram outras. Todavia fui-me ajustando à nova realidade para só em 2008 assumir a responsabilidade deste pedaço de virtualidade!
Pergunto-me amiúde o que seria de mim se não houvesse esta forma de comunicar onde cada um é responsável pelo que escreve e independente do que os outros pensam sobre os seus escritos. Em termos pessoais esta aventura da blogosfera tem sido fantástica por tudo o que ela já me ofereceu! Uma comunidade de gente boa, amiga, solidária, preocupada, mas outrossim divertida e simpática.
Em termos de escrita a blogosfera foi o rastilho perfeito para eu escrever mais e mais, culminando como é sabido numa compilação que originou a publicação de dois livros.
Por tudo isto os blogues não correspondem apenas a palavras, pensamentos, ideias ou opiniões. São também muitos nacos de vida abertos ao mundo para que todos possamos tirar deles as lições que quisermos.
Cabe-me finalmente agradecer a todos pelos comentários, pelas reacções, pelas imensas leituras. No fundo ser feliz também passa por este mundo.
A distribuição que fiz pelos meus amigos aqui da blogosfera do meu mais recente livro continua a arregimentar reacções. Num mês mais cinco postais diferentes incidindo sobre o "Des(a)fiando Contos" dado à estampo no passado mês de Maio.
Começo pelo mais antigo publicado a 6 de Julho pela minha amiga de coração a Di, no seu fantástico blogue! Como poderão ler aqui. Nem sei como lhe agradecer!
Dois dias depois coincidentemente duas referências. A primeira de uma outra amiga de longuíssima data, a Maria Araújo, minhota e avó por devoção. Escreveuistono seu bonito espaço. A segunda é da Carla que conheço recentemente destas traquinices de escrita e a quem também ofereci um volume. Rematou o final da leitura com este belíssimo postal! Muito obrigado Carla!
Entra Agosto e eu de férias. Boa! Porém no dia 7 eis que a nossa professora, educadora e bloguer Maribel no seu blogue, apresenta um bonito naco de prosa que me deixou sinceramente comovido. Por vezes nem é preciso escrever muito... basta deixar as mãos falar com a caneta (ou teclado!!!).
Finalmente a Marta não deixou os seus créditos por mãos alheias e toca a esgalhar um postal muuuuuuuuuuuuuuuito bonito e simpático para com este pobre. Não estava à espera Marta. Muito obrigado.
Finalmente remato com a ideia de que isto não fica por aqui... Mas se ficar, acreditem, já valeu a pena!
Ontem já noite encontrei numa velha pasta centenas de páginas com textos manuscritos. Uns apenas iniciados, outros terminados e que nunca viram a luz do dia, outros já transcritos e publicados noutro blogue.
Gostei de me rever nestas páginas. Uma letra diferente, uma escrita ingénua e pouco trabalhada, ideias tontas.
Depois recortes de jornais com textos meus, já amarelecidos pela patine do tempo. Alguns poemas, muitos contos e até pasme-se a base para um romance já com muitas páginas escritas.
Para muitos irá ser necessário coragem para pegar em cada folha e trancrever os que ainda não o foram. Dar-lhes um toque actual, pois já não escrevo como naquele tempo.
É nesta transição que reside parte da minha enorme dúvida... Será que vale a pena transcrevê-los tal como estão só com umas ligeiras correções? Ou será melhor pegar apenas na ideia e reescrever tudo de início!
Na verdade, na verdade eu sou todos estes papéis... E calculo que devem haver mais, perdidos nalguma gaveta.
Mas fosse eu um daqueles escritores de renome "aquém e além fronteiras" tudo isto seguiria para um qualquer museu ou biblioteca. Assim... ainda não sei bem o que fazer. Provavelmente deixar tudo como está!
Estamos em Julho e o calor aperta e de que maneira. Portanto tempo óptimo para aquilo que tantos gostamos: férias em bom português! Ou vacances, holidays, urlaub ou vacaciones. Escolham vocês o idioma...
Assim sendo e se tudo correr como penso e desejo, a partir de amanhã à tarde entrarei num breve regime de férias. Ah... aqueles dias em que podemos descansar e, sei lá, comer alarvemente, beber ainda mais, não fazer "a ponta de um corno", dormir quanto apetecer...
Problema... (e começo pelo fim):
1 - detesto dormir pois sinto que é tempo desperdiçado;
2 - cada vez como menos já que a minha saúde não permite excessos;
3 - bebo muito pouco pelas mesmas razões do ponto anterior;
4 - não gosto de estar quieto e não fazer é sinónimo de estar morto.
Perante este breve rol reconheço uma evidente contradição na minha pobre vida. Porque sendo eu já reformado deveria naturalmente estar sempre de férias. Pois devia... mas não estou.
Enfim... olhemos para os próximos dias com alguma serenidade e procuremos encontrar nos dias momentos saborosos e fantásticos. Pelo menos terei mais tempo para ler e escrever.