Nunca fui um menino bem comportado. Na primária e por causa de uma ditadora tinhamos de andar na linha. Ainda assim colocaram-me umas orelhas de burro (coitadinhos do gado asinino!!!) e obrigaram-me a ir para o recreio das meninas. Uma humilhação que me custou uma vida inteira pois terá sido a partir desse dia que passei a odiar a escola.
Mas quando passei para o preparatório e mais tarde para o Liceu veio ao de cima a minha malandrice. Não obstante de em cada ano angariar uma nova alcunha... Aprendi por isso a viver sob o efeito da humilhação e que me tornou muuuuuuuuuuuuuuuuito mais forte psicologicamente. Aguentei tudo e mais alguma coisa sem tugir nem mugir, pois já sabia quanto mais refilasse mais era amachucado.
Colegas vieram e outros foram, mas entre todos eles houve um que fez sempre o possível para me magoar mais que os outros. Aguentei firme!
Já estava na tesouraria do Banco de Portugal quando num dia de Janeiro de imensa gente e estando eu na Caixa a pagar e a receber, dei conta da presença daquele tipo que sempre fizera tudo para me enxovalhar para ser chamado.
Achei curioso a visão de alguém, sempre com a mania de ser mais esperto que todos os outros, numa fila para receber o seu dinheiro como... mero tarefeiro.
Direi apenas que não fui bem comportado também naquela tarde!
Não me compete fazer qualquer campanha para as dádivas de sangue, mas entendo que é um recurso escasso e que necessita de permanenente incremento de reservas.
Durante alguns anos fui também dador. A empresa onde trabalhei tinha um acordo com o Instituro Português do Sangue e de seis em seis meses lá aparecia uma enorme carrinha transportando um conjunto de equipamentos para recolha. Eu e os meus colegas tinhamos uma manhá dedicada à iniciativa.
Hoje por motivos clínicos jã não o posso fazer, mas tenho muita pena!
Esta é uma daquelas iniciativas que deveriam ser mostradas, elucidadas e fomentadas nas escolas. Não na idade infantil, mas um pouco mais tarde. Se a juventude está tão capaz para fazer e decidir tanta coisa na sua vida, também acredito que seriam capazes de se tornarem dadores de sangue.
Formar bons cidadãos não corresponde somente a ensinar o que foi o 25 de Abril de 74 nas escolas, mas explicar que aquele acontecimento histórico serviu para nos tornarmos melhores cidadãos.
Hoje irei escrever sobre poesia neste que é o dia Mundial da dita!
Não será da minha, até porque tirando uns breves fogachos a que escrevi, é tão pobre que nem merece aqui qualquer referência.
Não me recordo do primeiro poema que li, mas certamente que o "IF" do nobel Rudyard Kipling marcou-me olimpicamente ainda muito jovem.
Quando frequentei a escola secundária (sei que nunca fui um estudante, porque este estuda e eu detestava tal desventura!) comecei a lidar com autores portugueses e com as suas poesias. Depois tinha na minha ínfima biblioteca um livro de poemas, odes e canções escritas por Luís de Camões e compiladas por um dos grandes escritores portugueses do século XX e que se chamou Vitorino Nemésio. Livro que ainda tenho e que de vez em quando folheio para reler um ou outro soneto, ou uma ou outra ode.
Diz-se que Portugal sempre foi um país de poetas. Eu quero acreditar que sim já que o património poético português é extremamente vasto e rico.
Certo que a par de Camões tivemos... Fernando Pessoa. Mas também tivemos Cesário Verde, Mário de Sá-Carneiro, Florbela Espanca ou Alexandre Oneil entre centenas de outros muito bons poetas. Já nem falo de Eugénio de Andrade ou Helberto Helder.
Com tantos e tão bons escritores de poesia há quem não a aprecie! Claro que é necessário uma sensibilidade específica para compreender alguns dos meandros de um poema, mas provavelmente também seria conveniente ensinar a ler poesia, às crianças na escola.
Não sou grande apreciador do Entrudo. Por todas e mais diversas razões, a saber algumas:
- porque sou a mesma pessoa o ano inteiro;
- porque nunca gostei de ser outra pessoa;
- porque há brincadeiras demasiado parvas nesta altura.
Foi na escola que iniciei a não apreciar esta quadra, mais precisamente quando fui Delegado. Nesse tempo tinha na minha turma uma senhora tão jovem quanto eu, mas já casada.
Por altura do Carnaval estava grávida e um dos alunos mais novos, no último dia de aulas antes das pequenas férias, espetou-lhe com um saco de farinha na cabeça, não cuidando do estado interessante da jovem colega.
Assisti ao longe ao caso, acorri logo à jovem e acabei por levá-la a casa. Na semana seguinte o marido apareceu na escola, veio agradecer o meu cuidado, mas queria saber quem o havia feito. Disse que se identificara o aluno, mas que estava a contas com a justiça escolar.
Resumindo... foi um sarilho que levou muitos dias para se resolver. E para acalmar! Desde esse dia nunca mais gostei desta festa nem nunca a comemorei.
Sei que actualmente o Carnaval tende a ser diferente, mas eu prefiro continuar afastado...
Todavia para quem gosta... desejo uma óptima festa e que se divirtam!
Desde que tive filhos e que estes começaram a andar na escola percebi que os professores eram muito diferentes daqueles que tive. Para melhor, obviamente!
Sempre que os infantes me brindavam com piores notas eu culpava-os a eles como alunos por não se terem aplicado e nunca os professores.
Ponto 2
Um país sem educação será sempre um país adiado e pobre. O dinheiro pode comprar muita coisa, mas não compra conhecimento. Note-se o exemplo dos paises árabes...
Ponto 3
Um professor em Portugal é uma espécie de caixeiro-viajante quase sem morada fixa e permanente. Sempre de mala às costas.
Tenho na família quem abdicasse de constituir família para se dedicar ao ensino.
Ponto 4
Quando se trabalha temos direitos e deveres. E neste caminho a dois (empregador e empregado) há que se ter respeito pelo outro. De outra forma nem vale a pena inicar a relação.
Ponto 5
O Estado Português não é uma entidade séria e honesta. Talvez por isso haja tanta fuga ao fisco. Ou como dia o ditado... "ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão".
Ponto 6
Estou com os professores na sua luta por aquilo que lhes é devido. Só lamento o oportunismo político de alguns iluminados. Ao invés do que pensam os professores sabem bem defender-se!
O governo pretende que os alunos que desejam concluir com exito o ensino secundário terão de fazer obrigatoriamente exame de... Português, para além de mais duas disciplinas à escolha do aluno.
Imagino que esta não seja uma decisão muito do gosto dos alunos, mas finalmente alguém coloca a Língua Portuguesa ao mesmo nível de outras disciplinas. Já não era sem tempo.
Enquanto trabalhava lidei com muuuuuuuuuuuuuuuitos licenciados, na sua maioria ligados à Economia ou às Finanças. Já para não falar de outros associados à Gestão ou Engenharias.
Se aqui e ali pontualmente se encontra alguém com conhecimentos razoáveis da nossa língua, o certo é que a maioria... era um desastre. Desde uma mensagem de correio electrónico que terminava (... se necessitar não "exite" em contactar-me) até alguém a escrever (... ambos os dois...) num pleonasmo absurdo, apanhei um pouco de tudo!
Assim concordo perfeitamente que não se dê o curso por terminado a quem não consegue perceber a diferença entre, por exemplo, "poderíamos" e "podería-mos" como muitas vezes leio por aí. Ou que um português não saiba quem foi Bernadim Ribeiro nem o seu "Menina e Moça" ou nunca tenha lido "Os Maias" de Eça de Queirós?
Não basta já o assassinato da nossa língua com o tal de (des)acordo Ortográfico?
Nunca apreciei a escola e muito menos gostei estudar.
Por isso repeti diversos anos e acabei por tirar o secundário muito depois da "data-limite". Mas enfim ganhei outras valências...
Uma das disciplinas que eu tinha como sendo a pior era Desenho e antes, no preparatório, os Trabalhos Manuais. Aquilo era um suplício atroz. Então em Desenho... ui... era um desatino. Pediam-nos para desenhar a jarra em exposição, mas no meu desenho parecia tudo menos a dita jarra. Um horror!
Só que a vida tem formas de nos colocar no trilho certo. Quando casei o meu falecido sogro (um excelente homem, diria com agá grande) tinha muita ferramenta e sempre que era necessário fazer um remendo em casa ei-lo pronto a resolver o problema.
Como morávamos no mesmo prédio de vez em quando chamava-me para om ajudar.
Deste modo fui ganhando conhecimentos não sé em resolver algumas coisas mas também em valências com algumas ferramentas manuais.
Passados todos estes anos (perto de 40) sou eu que tenho os conhecimentos. Todavia desde muito cedo comecei a envolver os meus filhos e hoje os meus infantes são perfeitamente autónomos, mesmo que de vez em quando peçam uma ideia. Mas faz parte do diálogo familiar!
Face a tudo isto hoje sou capaz de fazer quase tudo (exceptuando quiçá canalização!). Um destes dias ajudei alguém a retirar todas as tomadas e interruptores pois a casa ia para pinturas. Mais tarde aquando do pagamento ao pintor este referiu que seriam menos 600 euros por não ter tido a necessidade de andar de volta da luz.
Nas casas há sempre pequenas coisas que requerem arranjo: uma gaveta descolada, uma fechadura avariada, um candeeiro que deixou de acender, uma lâmpada fundida.
Pois é... quem diria que aquele menino que só tinha negativas a desenho e trabalhos manuais um dia conseguiria remendar tanta coisa?
Sempre gostei de andar de pasta no dia a dia. Dentro incluía para além da carteira e demais documentos, livroas papéis rabiscados e diversos blocos. Já para não falar de um incontável número de lápis e canetas.
Tive muitas... de diversos tipos cores e tamanhos.
Hoje uso menos até porque em casa não necessito dela, mas sempre que saio para longe, especialmente de carro, levo a minha actual pasta.
Numa busca que fiz (quando será que posso usar o Google para procurar "cenas" em casa?), acabei por encontrar duas pastas usadas mas ainda em bom estado.
A primeira estava vazia, já a segunda tinha ainda papéis e correspondência antiga que guardei. Pois... mas a segunda remonta aos anos 70 e chamava-mos uma mala à James Bond que eu levei diariamente para a escola.
Igualzinha a esta.
Foto retirada da rede
As coisas que eu guardo.
Ai, ai, ai... e as saudades que tive deste tempo de escola (o único que realmente gostei!!!)
Um destes dias fui com a minha neta de dois anos e meio ao parque infantil. Havia chegado há uns minutos ao local quando surgiu uma turma de crianças quase todas da idade aproximada à da minha cachopa.
Muita alegriaa pois nunca tinha estado com tanta criança ao mesmo tempo. Tendo em conta que a miúda é desenvolvida para a idade, andei sempre perto dela não fosse magoar alguns dos mais pequenos.
Tudo muito pacífico até que a minha neta pegou na mão doutra criança e puxou-a para ir brincar, creio se a memória não me falha, num cavalinho de molas. Ela sentou-se de um lado e esperou que o outro menino se sentasse também. E ali estiveram para cima e para baixo um bom bocado a divertirem-se.
Hoje lembrei-me deste episódio porque percebi que daqui a dois anos a inocente terá de ir obrigatoriamente para a pré-primária, onde lhe ensinarão muita coisa. Ou se calhar só lhe ensinarão... imbecilidades!
A verdade é que qualquer criança, por exemplo, não nasce racista nem com outras limitações sociais. Então como chegámos a este ponto da intolerância?
Fica a questão em aberto para reflectirem.
Só mais um pormenor ainda do episódio do parque infantil: o menino com quem a minha neta interagiu era de raça africana, nada que os impedisse de brincar livremente e com muita alegria!
Não sou sociólogo, antropologista ou coisa semelhante. Nada disso. Mas sou pai e esta “profissão” deu-me algum lastro para escrever o que virá a seguir.
Quando olho para a classe dos professores vejo um grupo de gente com uma enormíssima responsabilidade na sociedade e a quem não é dado o justo valor. Nem pelo Estado nem pelos pais ou educadores. Já que são os professores os primeiros a perceberem como serão os jovens que têm na sua frente. Indevidamente educados em casa caem nas salas de aulas envoltos em razão sem que nada tenham feito para o efeito. E ao menor deslize do professor logo cai uma queixa na direcção da escola que dificilmente consegue dirimir o conflito.
Quando andei na escola tive um professor de matemática que foi um exemplo. De educação, formação, mas também de exigência. Não dava um sorriso, mas mostrava-se sempre disponível para esclarecer as dúvidas. Tratava todos os alunos por… senhor a que se seguia o nome, como se fossemos homens já grandes (na altura não havia turmas mistas!!!).
Porém tinha uma memória auditiva fantástica e detestava ouvir alguém a conversar. E se escutava o sussurrar dizia, sem sequer se virar para o aluno:
- Senhor fulano de tal saia!
A vítima nem esboçava contrariar o professor. Pegava nas coisas e abandonava a classe.
Hoje este caso seria quase impossível para não dizer utópico… Porque os jovens tiveram uma vida onde as suas vontades foram sempre satisfeitas. Que professor teria a coragem de chamar um aluno de senhor Fábio ou, sei lá, menina Vanessa? E depois poder ordenar:
- Senhor Ruben saia… pois estava a perturbar a aula.
Ui… haveria de ser bonito… Provavelmente o CM, CNN, SIC e demais televisões fariam “diretos” (definitivamente detesto o AO!!!) da escola tentando perceber porque um professor expulsara injustamente um aluno da aula.
Tenho consciência que a vida não está fácil e que o casal tem que trabalhar para poder dar o mínimo aos filhos. Mas a verdadeira educação, formação e respeito pelos outros deve advir de casa e logo de pequenos (li algures que esta pandemia mostrou a muitos pais os verdadeiros filhos, que aqueles não conheciam!!!).
Dizer não a uma criança ou jovem parece estar agora fora da lógica educacional, mas atentem nisto: quando os miúdos tentarem entrar no mercado de trabalho irão certamente receber muitas negas aos seus desejos. E aí não haverá ninguém que aceite as queixas.
Resumindo: cabe a cada educador impor regras, ditar as leis e não há que ter qualquer receio (os exemplos têm sempre de vir de cima) para que não se criem figurinhas tristes, birrentas e frustradas, que passarão o futuro deitados num sofá de um qualquer psiquiatra ou psicólogo de vão-de-escada!