Desde que tive filhos e que estes começaram a andar na escola percebi que os professores eram muito diferentes daqueles que tive. Para melhor, obviamente!
Sempre que os infantes me brindavam com piores notas eu culpava-os a eles como alunos por não se terem aplicado e nunca os professores.
Ponto 2
Um país sem educação será sempre um país adiado e pobre. O dinheiro pode comprar muita coisa, mas não compra conhecimento. Note-se o exemplo dos paises árabes...
Ponto 3
Um professor em Portugal é uma espécie de caixeiro-viajante quase sem morada fixa e permanente. Sempre de mala às costas.
Tenho na família quem abdicasse de constituir família para se dedicar ao ensino.
Ponto 4
Quando se trabalha temos direitos e deveres. E neste caminho a dois (empregador e empregado) há que se ter respeito pelo outro. De outra forma nem vale a pena inicar a relação.
Ponto 5
O Estado Português não é uma entidade séria e honesta. Talvez por isso haja tanta fuga ao fisco. Ou como dia o ditado... "ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão".
Ponto 6
Estou com os professores na sua luta por aquilo que lhes é devido. Só lamento o oportunismo político de alguns iluminados. Ao invés do que pensam os professores sabem bem defender-se!
Goste-se ou não da disciplina "Cidadania e Desenvolvimento", certo é que esta faz parte do ensino e a exemplo das outras disciplinas devem os alunos ter aproveitamento positivo se quiserem transitar de ano.
A polémica está instalada porque há pais que não concordam com a disciplina e muito menos com a possibilidade dos seus educandos ficarem retidos por não terem aproveitamento.
Pegando no meu exemplo diria que sofri do mesmo problema quando fui aluno. A minha queda para o desenho e trabalhos manuais naquela altura era muito grande. Só que não tinha onde cair (podem rir, se quiserem!!!)!
Na realidade chumbei um ano escolar (era assim que se dizia na altura) por não ter notas positivas a desenho. Sinceramente nunca percebi porque tinha que fazer aquela disciplina para a qual nunca demonstrei qualquer capacidade. Mais... nunca senti necessidade dela na minha vida futura de estudante e mais tarde como trabalhador. Porém tive de a fazer... senão não passaria de ano.
Neste sentido estranho que os pais se metam na vida escolar concordando ou discordando das disciplinas obrigatórias. No meu tempo o Encarregado de Educação que tivesse uma atitude destas, provavelmente, sairía radicularizado pelos outros pais.
Mas hoje todos têm direito a contestação! Nem que seja pelas coisas mais absurdas!
Ouvi esta noite uma professora de seu nome Maria do Carmo Vieira, apontar diversas feridas ao nosso pobre e mau ensino, numa entrevista que deu a um canal de televisão.
Aquela senhora explicou por A mais B, porque os nossos alunos têm níveis de aprendizagem tão baixos. E se algumas das culpas se podem atirar para os alunos, há em sua opinião muita culpa do Ministério que tem vindo desde há alguns anos a permitir um facilitismo que em nada melhora o nosso ensino, bem pelo contrário, e pior, não prepara convenientemente os alunos para os estudos superiores.
Será por isso que a maioria dos alunos quando chegam ao 10º ano não sabe o que querem ser no futuro? Provavelmente porque ninguém os estimulou a saber mais.
Depois quando caem nas mãos de professores universitários são vistos como incompetentes e calões. Não querem estudar nem trabalhar mas exigem sempre ter boas notas. Acabam os cursos com resultados medianas mas pretendem serem vistos de igual forma, àquele que estudou e tirou média de 14 ou quinze ou mais.
A professora Maria do Carmo falou de muita coisa: da (má) formação pedagógica dos professores, da indisciplina cívica dos alunos, dos critérios impensáveis para avaliar professores e claramente os alunos. E que depois de escrever e falar com altos responsáveis ainda ninguém fez nada.
Olha-se para o ensino não como um investimento mas sempre como uma despesa. São os tecnocratas que nos governam, que assim pensam.
Finalmente a Dra. Maria do Carmo, falou do Novo Acordo Ortográfico que acha uma aberração e contra o qual se vai batendo e lutando. Tal como eu acrescento…
Daqui vai o meu mais sincero aplauso e a devida vénia a esta professora de português.