Uma das profissões que jamais abraçaria seria relacionada com a saúde. Mexer na e com a vida das pessoas, nomeadamente saúde é um enormíssimo risco.
Todavia nem consigo imaginar como deverá ser aliciante ver a vida transformar-se numa criança, perceber aquele enfemo recuperar totalmente de uma maleita, dar luz ou som a quem não vê ou ouve.
Só que ser médico, enfermeiro, auxiliar exige um enormíssimo espírito de sacrifício, uma quota parte de coragem e outro tanto de muuuuuuuuuuuuito bom senso.
Pelos diversos hospitais por onde tenho passado seja como doente, acompanhante ou apenas visita apercebo-me que o pior com que o pessoal de saúde tem de lidar, não são as enfermidades, mas a forma como cada enfemo encara a sua própria doença. E consequentemente os familiares!
Não consigo perceber porque têm os doentes de se queixarem em altos berros numa sala de urgência, se isso não os curará ou porque disparam contra os médicos, enfermeiros e auxiliares como se todos estes fossem culpados de todos os males do Mundo.
Trabalhar em saúde deve ser desgastante fisica e psicologicamente. E tanto faz que se trabalhe numa instituição do Estado como numa privada... o problema terá sempre a mesma origem: os utentes e familiares.
Estou internado desde segunda-feira e provavelmente ficarei até sexta, mas não posso deixar de dizer que sou tratado de forma irrepreensível. Pelos médicos, enfermeiros e auxilares. Sem excepção.
Não serve este postal como agradecimento, mas tão somente como constatação de factos! Reais!
Muito se fala agora sobre a problemática da falta de médicos nos hospitais com a agravante de um recém nascido ter falecido por falta de assistência especializada.
Diria que em traços gerais este é um problema que há muito se previa. Basta olhar para a quantidade de novos alunos nos cursos de medicina (poucos!!!) para se perceber que mais tarde ou mais cedo a coisa teria de estoirar.
Obviamente que se em vez de um bebé tivesse sido um idoso a morrer, provavelmente ninguém faria desta situação o drama que se está a fazer. Mas isto sou eu a pensar alto!
Infelizmente nas últimas semanas deste Verão tão escaldante, as minhas idas a hospitais têm sido frequentes. Mas faz parte porque tenho na família gente com muita idade e que necessitam de cuidados permanentes.
Pelo que percebi os serviços de urgência estão cheios. Os médicos desdobram-se em atendimento a este e depois àquele para logo a seguir ser mais outro. Um verdadeiro corropio que esmaga qualquer pessoa tal é o "stress" associado.
Faltam médicos? Faltam. Faltam enfermeiros? Claro que sim! Como faltam auxiliares e muitos outros técnicos de saúde.
Mas deveria o Estado pagar melhor a esta gente, que muitos deles não optariam pelo estrangeiro e muito menos pelos hospitais privados.
Todos nós descontamos muitos impostos mensalmente. Já para não falar dos indirectos... Por isso bastaria aos consequente governos negociarem uma carreira específica para esta gente da saúde associada obviamente a uma tabela salarial compatível.
Problema! Se o que escrevi no parágrafo anterior viesse a manifestar os outros sectores do Estado (professores, administração pública, administração autárquica... etc, etc, etc) viriam logo a terreiro dizer que também queriam reformulações laborais.
Solução? Não fazer nada e pontualmente acertar uns acordos!
Se há alguma coisa que preocupa seriamente o cidadão português é a sua saúde.
Hoje estive com um familiar na urgência de um hospital público. O doente teve direito a pulseira laranja o que, em princípio, teria direito a ser despachado em pouco tempo.
O que quero chamar à atenção é sobretudo aos familiares e acompanhantes dos doentes que por aqui aparecem por "dácáestapalha". Na maioria são pouco pacientes e nem querem saber dos outros que chegaram primeiro ou que estão em poor estado.
Mas deixem-me assumir isto: se eu trabalhasse num hospital deste tipo nem que me pagassem o triplo eu estaria aqui a atender gente deste calibre.
É preciso muita coragem, mas muuuuuuuuuuita coragem para estar num serviço de Urgências deste tipo, sejam médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar ou seguranças.