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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Sociedade (im)perfeita!

Ao invés de muitos que conheço o meu passado não é isento de erros. Quiçá maior terá sido não tirar um curso superior. Mas enfim não o fiz naquele tempo e agora é tarde demais.

Fumei muito, bebi e comi em excesso, estrafeguei dinheiro até mais não. Abusei em quase tudo. Todavia nunca me senti tentado pela droga, por considerar que ela não resolveria nenhum dos meus problemas de antanho.

Tal como durante toda a minha vida de trabalho, com altos e baixos, também nunca usei medicamentação para lidar com os meus insucessos. Enfrentei estes de frente e ultrapassei-os com realismo e coragem.

Actualmente, aqui e ali, vamos lendo notícias e relatos de jovens cada vez mais depressivos, fruto, a maioria, de horas e horas de isolamento.

É inegável que as novas tecnologias trouxeram-nos melhores e maiores capacidades de comunicação, mas curiosamente ou talvez não, cada vez falamos menos. Ou porque as televisões entram em todas as casas (até nas casas de banho) e retiram às famílias o único pedaço em que poderiam dialogar, ou porque as redes sociais são mais importantes que a tribo familiar, ou porque um qualquer jogo dá-nos mais alegrias ou torna-nos melhor que os outros.

A solidão nas actuais gerações é já uma evidência! Com consequências altamente nefastas nos relacionamentos das pessoas e na própria saúde mental. Também será verdade que a recente pandemia não veio ajudar, bem pelo contrário pois a virtualidade das relações humanas passou a ser uma constante.

Regressando ao meu passado confesso que conversei muito, a maioria das vezes até demais, mas a verdade é que naquele tempo, não obstante ser filho único, nunca me senti isolado ou sózinho! Talvez gostasse mais desta ou daquela companhia (faz parte!!!), mas senti-me sempre bem acompanhado!

Sempre focado!

Este é um daqueles postais que deveria ter escrito há mais ou menos um mês. Não o fiz na altura faço-o agora como adenda.

Repito a ideia de que quando principiei a escrever na blogosfera estava longe de perceber onde me tinha metido. Fui escrevendo normalmente e publicando sem qualquer assiduidade e interacção com eventuais leitores.

Quando transferi para a SAPO o meu blogue rapidamente percebi que as coisas haviam mudado e que principiava a exibir de uma maior troca de comentários com outras pessoas.

Foi nessa altura que entendi que deveria juntar toda a informação sobre a minha escrita num ficheiro, qual base de dados. Se bem o pensei, melhor o fiz e hoje posso dizer que tenho a informação (quase) completa sobre aquilo que escrevo. E também sobre as reacções que fui tendo ao que publiquei e ainda publico (leia-se comentários).

Dito isto afirmo com uma anormal segurança que já publiquei neste espaço mais de 5 mil postais. Que receberam perto de 30 mil comentários e mais de 3500 reacções.

Muita gente me pergunta porque tenho isto assim organizado? Respondendo com sinceridade reconheço que também não sei, até porque não sou um especialista em estatísticas. Todavia estou a pensar em revisitar cada texto que publiquei e tipificá-lo, de forma a ser mais fácil consultar.

Sei que será um trabalho árduo. Da mesma forma que tenho consciência que um dia tudo isto será atirado para o lixo pelos meus descendentes. Não importa... Enquanto eu tiver algo onde me focar não andarei por aí a gastar dinheiro em raspadinhas ou ver aquelas estúpidas reportagens sobre a morte, em condições muito estranhas, de um melro num quintal, em Alguidares de Cima.

Seria bom que todos, mas todos mesmo, tivessem na vida um foco sobre o qual se debruçarem e empenharem (e não estou a falar apenas de trabalho). Provavelmente existiriam muito menos doenças mentais, já que o ócio e a preguiça parecem ser terrenos propícios para o desenvolvimento daquele género de doenças.

Eis-me então sempre focado! Pelo menos enquanto tiver tino!

Cuidar é preciso!

Há mais de 40 anos assisti em directo a alguém a atirar-se para a linha do Metropolitano de Lisboa, na estação do Campo Pequeno!

Durante muitos dias mal dormi, não pela tragédia da morte e de como ela acontece, mas por aquela pessoa ter estado de pé a meu lado enquanto aguardava a chegada do comboio e eu não ter conseguido travá-la a tempo. Era como a culpa do que havia acontecido fosse exclusivamente minha.

Mas nada como o tempo para diluir os acontecimentos em muitos outros que foram a minha vida e tudo hoje fazer parte de um passado longínquo!

Renovo então a minha ideia de que as doenças do foro psíquico serão das piores do ser humano, até porque muitas delas são quase irreconhecíveis.

Esta semana fui a Lisboa a um magusto com antigos colegas deixando o carro bem estacionado e a pagar! No caminho passei por uma mulher bem mais nova que eu que caminhava no passeio quase de forma automática. Um passo lento e uma postura corporal que denunciava que carregava um enormíssimo peso (dentro de si mesma!). Passei por ela e tentanto fazer de conta que estava a fechar a minha viatura virei-me e dei de caras com a face de alguém... sofrida.

Fiquei a pensar se deveria perguntar alguma coisa ou deixá-la ir simplesmente, até porque há muita gente que não gosta de assumir o seu estado depressivo, tornando-se um perigo para eles e demais pessoas que os possam eventualmente tentar ajudar.

E se julgam que esta doença se resume às grandes cidade onde há muita gente, desenganem-se porque as aldeias começam já a ter os seus casos. A maioria deles são afagados em copos de vinho na tasca ou em cálices de aguardente em casa!

Com tanta falta de médicos nos hospitais e Serviços de Urgência para tratar de doenças mais físicas é natural que ninguém olhe para a cara desta gente... tão doente.

Gente a requerer cuidados prementes, mas que nenhum paciente quer reconhecer!

 

Uma doença silenciosa

Em Julho passado passado falei da depressão neste postal.

Hoje quase três meses volvidos regresso ao assunto. Não só porque não se deve esquecer os problemas, mas essencialmente porque noto cada vez mais gente e mais próximo com sintomas da doença.

No início deste mês caminhei durante cinco dias com destino à Cova da Iria para me encontrar com Mãe Santíssima. As partilhas que fui recebendo de gente que eu não conhecia revelou-me que a doença ataca onde e a quem menos se espera.

Obviamente que a peregrinação não curou algumas pessoas que se sentiam mais frágeis, mas certamente abriu-lhes outros caminhos, outras formas de estar na vida, outros horizontes...

Seguramente não serei o melhor conselheiro para escrever sobre estes casos pois não tenho conhecimentos médicos ou académicos para tal, mas tenho uma vida que me trouxe até aqui carregando, qual figura bíblica Simão de Cirene, também uma cruz... que ainda hoje carrego. Faz parte da minha caminhada... neste Mundo.

Como escrevi a depressão é uma doença que mata por dentro. E é tão silenciosa como raposa ao redor de um galinheiro!

Atentemos pois nos sintomas de quem nos rodeia...

Depressão: a morte que vem de dentro!

Lidei com uma depressão há perto de vinte anos. Não fui eu a vítima, mas alguém muito próximo. Durante perto de três anos vi a que ficou reduzida uma pessoa que sempre fora (quase) hiperactiva.

As caixas de ansiolíticos e antidepressivos gastavam-se a uma velocidade estonteante, para no fundo o problema persistir.

Temos de ter consciência que as doenças mentais matam mesmo! E não só por fora, mas acima de tudo matam por dentro. Ou apresentado por outro prisma vão corroendo o interior da pessoa até chegar ao lado de fora.

Não sou psicólogo nem psiquiatra, mas tenho a ideia de que a maioria dos doentes mentais têm uma enorme dificuldade em assumir publicamente a sua doença. É costume dizerem quando perguntamos se estão doentes: eu doente? Nem pensar…

Porém quanto mais o negam mais se enterram e mais se afastam da resolução do problema.

Se esta doença tem cura? Como leigo nestas coisas do foro mental, mas com alguma experiência de cuidador, diria já que não… Pode, se o doente interiormente o desejar, conseguir lidar com as crises que vão surgindo, obviamente sempre com ajuda medicamentosa.

Diariamente constato cada vez mais pessoas afectadas com esta terrível doença. Estranhamente (ou talvez não) a começar em gente cada vez mais jovem! Seria talvez bom perceber-se o porquê!

De vez em quando há uma figura pública que agita as águas da sociedade através de um acto fatal. Fala-se e escreve-se muito na altura para passado uns dias, tudo ficar na mesma.

Consertar vidas!

Nunca considerei, no princípio da minha vida, vir a ser médico. Mas se alguma vez o tivesse sido talvez optasse pela especialidade de Psiquiatria.

Nem imagino o trabalho que estes médicos terão agora, levando em linha de conta esta pandemia.

A saúde mental é assumidamente muito mais grave do que à partida se supõe. Só quem passou por esta doença é que entende quão grave é, por exemplo, uma depressão. O que ela muda na pessoa e  acima de tudo o que ela leva a fazer ou a não fazer...

Nunca fui dado a este tipo de doenças e até teria, provavelmente, motivos válidos para tal, mas consegui escapar, até agora, por entre os pingos desta estranha chuva. Entretanto amanhã é um novo dia e quem sabe se não será a minha vez de esparramar-me nesse antro tão negro.

Não obstante convivi directamente com essa doença na pessoa da minha mulher. E digo-vos que se ser doente não é nada fácil... o cuidador próximo estará muito longe de uns dias fantásticos.

Mas não me estou a queixar, apenas a falar da minha experiência.

Faço agora a ponte para os actuais médicos psiquiatras e aquilo que devem escutar nas suas consultas, muitas vezes percebendo que a solução passaria certamente por não haver confinamentos nem pandemias, Se os médicos de outras especialidades lutam permanentemente nos hospitais pelas vidas dos pacientes internados com Covid, também os psiquiatras tentam, quiçá, consertar, à sua maneira, as vidas de muita gente.

Mas ninguém se lembra disso, pois não?

A dor que não se vê!

Já senti na pele o drama das doenças mentais.

Não fui eu, mas alguém muito próximo e com quem lido diariamente: a minha mulher!

Há perto de vinte anos esteve a segundos de pôr termo à sua vida com medicamentos.

Após uma série de psiquiatras e centenas caixas de todos os ansiolíticos e antidepressivos que havia no mercado, lá encontrou um médico que conseguiu colocá-la num caminho menos tortuoso. Mas foi duro, muito duro!

Sei por isso o que sofre alguém que não consegue lidar com o seu dia, seja ele fantástico ou tenebroso. Tal como sei a forma quase impotente dos cuidadores… ao tentar minimizar  as crises… quando as identificam!

A impensável morte de Pedro Lima acabou por abrir as portas a um tema que, por vezes, é esquecido na nossa sociedade. Seria muito bom que se começasse a falar com mais assertividade desta doença que atinge tanta e tanta gente ao nosso lado. Nem sequer imaginamos… quantas pessoas!

Entretanto hoje na nossa costumada passeata pela praia coloquei uma questão à minha mulher: o que dói mais a dor física ou a dor interior?

Eis a sua rápida resposta:

- A dor física consegues combatê-la com analgésicos ou anti-inflamatórios. Melhoras com os medicamentos e consegues ser tu… normalmente na tua vida. Com a dor interior tu tomas comprimidos, atenuas é certo a dor interior, mas deixamos de ser completamente nós…

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