O meu direito ao dever!
Desde (quase) sempre que me habituei a que as gentes do meu país fossem adeptas do fazer pouco e ganhar muito.
É certo que o 25 de Abril trouxe a Portugal a liberdade que durante muitos anos, quase meio século, lhe foi retirada.
Assim com a Revolução dos Cravos passamos todos a ter direitos… muitos direitos:
A falar, a protestar, a manifestar, a uma pensão, a votar, a mais feriados, à saúde e à educação, a uma casa condigna, as estradas mais rápidas, a férias e ao respectivo subsídio, ao 13º mês… e a mais um sem número de coisas, muitas delas feitas quase à medida de cada um.
Olvidaram todavia os políticos, os educadores, os antigos e os novos que aos direitos deverão corresponder sempre normais deveres.
Mas foi nesta (não) conjugação de faces contrárias de uma mesma moeda chamada cidadania, que nasceu uma sociedade de portugueses despreocupados e convictos que a tudo tinham direito sem que tivessem de fazer alguma coisa. Nem eventualmente trabalhar.
Com a entrada de Portugal na União Europeia mais se acentuou a tal filosofia da subsidiodependência a que muitos se candidataram.
Onde pretendo eu chegar com estas palavras? Perguntar-me-ão vocês e com toda a propriedade.
Há uns meses estive a horas de assinar a minha reforma. Só que ao contrário de muitos lusos habitantes, considerei que ainda tinha o dever de dar algo mais ao País. E acabei por não assinar e deste ainda me encontro no activo. Ou dito de outra maneira: tenho o direito de ter deveres para com o país!
Ora com tudo isto não pretendo dizer que sou melhor ou pior que os restantes portugueses. Mas tenho a sensação que Portugal estaria melhor se pensássemos mais nos nossos deveres e somente nos nossos direitos.
É sabido que a riqueza não cai do céu. Trabalha-se, luta-se, batalha-se… e assim se constrói.