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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

O meu preço!

Todos gostamos de dinheiro ou no mínimo de ganhar mais. Todavia para que se receba ou ganhe mais nem tudo deve ser válido.

Durante mais de 20 anos trabalhei na área da informática. Nessa altura a empresa decidiu investir na auto-formação dos seus trabalhadores e deu a hipótese destes adquirirem computadores arcando a empresa com parte da despesa (primeiro foi um terço para depois passar a metade).

Com esta possibilidade alguns colegas menos conhecedores na área vinham ter comigo a perguntar se conhecia alguma empresa que vendesse material informático.

Obviamente que conhecia sendo essa empresa, que ainda hoje existe, pertença de um primo direito que sempre se mostrou sério e competente, de tal forma que muitos dos meus antigos colegas ainda são hoje clientes dele.

Quando falei a esse parente da possibilidade de começar a vender mais equipamento do que estava habituado só lhe pedi uma coisa:

- Trata sempre bem os meus colegas e acima de tudo tem paciência com eles, que alguns não percebem nada disto e julgam que estão a ser enganados.

Assim todas as semanas recebia no meu correio electrónico informação actualizada com os preços dos equipamentos que depois distribuia pelos eventuais interessados. Eu próprio fui e sou cliente dele e sempre paguei os meus equipamentos tal qual os outros colegas. Nem me sentiria bem se não fosse assim.

Porém há gente mesquinha, imbecil e aproveitadora julgando que os outros perfilam dos seus mesmos ideais. Assim certo dia um destes perguntou-me se tinha uma tabela de preços actualizada já que pretendia comprar um computador novo. Peguei numa folha A4 com os valores impressos e entreguei-lhe. Acto contínuo ele pergunta-me:

- Quanto ganhas com isto?

A fúria que me atravessou de alto a baixo foi tão grande que tive uma reacção inesperada e obviamente mal-educada. No segundo seguinte e perante diversas testemunhas retirei-lhe da mão, quiçá com alguma violência, a tabela de preços que lhe acabara de fornecer. Disse-lhe ao mesmo tempo:

- De mim nunca mais peças nada! Nunca mais! Desenrasca-te!

Muito atrapalhado ainda tentou pedir-me desculpa, mas o mal estava feito e desde esse dia nunca mais lhe entreguei qualquer preçário nem soube se ele alguma vez terá adquirido algum equipamento ao meu primo.

Não sou nem mais nem menos sério que as outras pessoas, mas tenho uma enorme dificuldade em lidar com gente que julga que tudo se compra e vende. Principalmente a dignidade!

Calculo que todos temos um preço e perante o qual nasce aquela dúvida. Mas até agora ninguém me apresentou uma proposta que se aproximasse do meu real valor!

Talvez por isto nunca fui para a política! Sou demasiado caro!

O meu preço!

Há muitos anos um colega de trabalho avançou com esta frase: todas as pessoas têm um preço!

Ui... lembro-me que "caiu o Carmo e a Trindade" e a maioria discordava daquele ideia, eu incluído!

Passados quarenta ou mais anos sobre aquela teoria, e depois de ter assistido a tanta coisa acabo por entender que aquele colega teria alguma razão.

Qual será então o meu preço para fazer algo que não gosto ou não concordo? E o teu?

Pois é... a vida por vezes prega-nos partidas e aquela verdade ontem, hoje tornou-se uma dúvida. Então em ambientes de trabalho é "um ver se te avias"! Tudo serve para subir ou abichar mais algum. Rigorosamente tudo!

Talvez por isso nunca cheguei a certos lugares de topo dentro da empresa, pois sempre me mostrei indisponível para fazer coisas que chocavam comigo! Preferia ficar prejudicado (como fiquei diversas vezes) que abdicar da minha integridade e dignidade.

Este meu mau feitio de tentar ser íntegro.

Nunca bajulei ninguém, especialmente chefes, para conseguir ser promovido. Bem pelo contrário, já que nunca deixei de dizer o que sentia! Recordo a este propósito que certo vez  num gabinete de um director departamental e por não concordar com a sua decisão, virei-lhe as contas e fui embora! Mais tarde percebeu que eu tinha razão!

Agora o meu valor em euros é que estou em dúvida, pois não sei se 9 digitos seriam suficientes para me pagarem! Alguém quererá experimentar-me?

A gente lê-se por aí!

Lares: o (triste) fim de linha?

Soube hoje do caso de um lar na Lourinhã. Um caso de maus tratos, incompetência e acima de tudo desleixo! Ainda por cima em pessoas doentes, idosas e na maioria sem capacidade de se quiexarem.

Infelizmente a minha sogra teve de ser internada num lar. A sua demência a isso obrigou pois tornou-se incapaz de se valer a si mesma nas funções mais básicos. Quase todos os dias alguém dea família a visita e seja a que hora for que se vá percebe-se que está a ser muito bem acompanhada.

Tal como as dezenas de utentes daquela residência.

As empregadas são de um carinho extremo, cuidadosas e sempre disponíveis para quem delas necessita. Se um dia tiver que acabar assim os meus dias que seja num lugar como este!

Os lares são, tal como os infantários e creches, lugares muito especiais. Se nestes últimos são os pais que depositam nas instituições os filhos para que possam trabalhar, nos primeiros são os filhos a entregarem a alguém a responsabilidade de cuidar dos antecessotres. Seja como for em ambos as situações o ser humano deve ser a medida certa, o centro de todos os cuidados e atenções.

Todavia para muitos dos responsáveis o dinheiro estará sempre primeiro. Primeiro que as crianças, primeiro que os idosos, pois a dignidade da vida não tem preço.

Vive-se numa sociedade triste, cobarde, podre e onde os valores humanos são, infelizmente, mera retórica!

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