Cada vez serão menos, em todo o Mundo, os crentes em Deus. E este Deus que me refiro não é unicamente o católico-apostólico-romano, o anglicano, o ortodoxo, o hindu ou Alá. A ideia de Deus perfeito e acima de todas as coisas será semelhante na generalidade das religiões e credos, mesmo as politeístas. Digo eu!
Há dois dias comemorou-se os 20 anos da tragédia asiática quando um enormíssimo tsunami originou ondas enormes que destruiram regiões inteiras matando mais de um quarto de milhão de pessoas. Já para não falar de desalojados.
Devido a esse fatídico dia muito se escreveu e filmou... Uns contando somente aquilo que assistiram horrorizados e impotentes, outros o que lhes aconteceu com diferentes e estranhas análises e conclusões. Umas mais realistas outras quase romanceadas. Até de um autor português, entretanto desaparecido, li sobre este terrível tema. Curiosamente, ou se calhar não, o livro chama-se "E Deus pegou-lhe pela cintura"!
No passado dia 26 li que uma jovem portuguesa, na altura dos acontecimentos com apenas 13 anos, escrevera e publicara recentemente um livro sobre o que lhe havia acontecido. Disse a autora que a determinada altura e no meio de todo aquele gigantesco alvoroço de água, lama e destroços, gritou por Deus e que logo á frente viu um cabo ao qual se terá agarrado. E salvo.
Este brevíssimo relato fez-me recuar perto de meio século quando logo a seguir ao 25 de Abril, na pacata e piscatória vila da Nazaré, muitos pescadores quando se viam aflitos para chegar a terra vindo do mar tempestuoso (as ondas gigantes são do outro lado do promontório) rezavam a Deus e essencialmente à Nossa Senhora da Nazaré que lá do Sítio velava pelos homens do mar! O curioso é que naquela altura muitos pescadores haviam renegado as suas crenças em Deus e nos Santos protectores porque não queriam estar ligados á igreja que apoiara o Estado Novo, recentementre destituído por um golpe de Estado.
Também na nossa normal linguagem o "se Deus quiser", "por amor de Deus", "Deus queira que sim" é usado amiúde. Entretanto os americanos mais susceptíveis com estas coisas sbustituiram o conhecido "Oh my Good" por um idiotismo "Oh my gosh" (nem imagino se será assim que se escreve!).
Dito isto diria que muitas pessoas não querem, nem gostam, nem supostamente necessitam de acreditar em Deus. Porém quando sentem os fundilhos bem apertados é ouvi-los em preces para com o tal Deus que não existe, nem acreditam.
Eu, ao invés, acredito sempre Nele, mesmo quando as minhas coisas correm menos bem!
Durante muito tempo a minha relação com a fé e a igreja dependia do que os meus pais reservavam para mim. Neste sentido recebi quase todos os sacramentos: catequese, primeira comunhão, comunhão solene, escuteiros…
Numa fase mais adiantada da minha vida segui, qual ovelha desnorteada, os passos com quem convivia. E afastei-me da igreja, se bem que da fé… nem sabia bem o que isso era.
No entanto nunca fechei o meu coração à Palavra de Deus apenas fiz um intervalo (quase) sabático.
Acabei bem mais tarde por casar pela igreja, baptizar os meus filhos e dar a estes uma educação religiosa cristã, que eles mais tarde não pretenderam seguir.
Aproximei-me da fé cristã porque encontrei nela a paz que necessitava. Peregrinei muitos quilómetros e nos caminhos achei muitas respostas, mas assumi também muitas dúvidas. E ainda bem que assim foi pois tornou-se sinal de verdadeiro caminho de fé.
Há cerca de dois anos, na minha derradeira peregrinação a Fátima e em conversa com o padre que nos acompanhava decidi que havia um sacramento que me faltava e não gostaria de partir deste Mundo sem o receber. Falo do sacramento da Crisma.
Assim regressei recentemente à catequese, desta vez de adultos, para que com ela ou nela encontre novas respostas ou quem sabe mais dúvidas.
Diria que Deus lá saberá, na Sua infinita sabedoria, do que eu necessito realmente.
Na última peregrinação que fiz a Fátima em Outubro do ano passado decidi que seria a última! Talvez por isso tenha aproveitado todos os momentos, palavras e leituras. Silêncios e alegrias...
Pois bem amanhã bem cedo um conjunto de peregrinos voltará à estrada, desta vez sem a minha presença. Não imagino quantos serão a caminhar, mas acredito que muitos... Como quase sempre!
Quando me perguntavam porque ía a uma peregrinação respondia invariavelmente: não sei porque vou, mas Deus saberá! Para no fim muitos dos caminhantes virem ter comigo dizendo que fui um estímulo e uma força na caminhada!
Não serei mais peregrino de estrada porque na vida é necessário perceber quando chegou o tempo de parar!
Obviamente que mora em mim uma enorme tristeza. Mas há que aceitar o que Deus nos dá!
Rezarei pelos caminhantes que eles certamente rezarão por mim! Que façam bom caminho. Arrisco mesmo a dizer que o farão certamente sem a minha presença!
Neste Mundo sempre tão ávido de coisas novas e diferentes há cada vez menos pessoas a acreditarem numa religião, seja ela qual for!
Tudo porque ser crente acarreta algumas regras, que nem todos estão dispostos a seguir. Para além dos conhecidos maus exemplos dados pelas diferentes organizações religiosas.
Percebe-se assim que a juventude se afaste dos diversos conceitos religiosos. Há fora disto coisas muito mais interessantes e apelativas.
Na verdade também eu quando jovem me afastei da fé. Essencialmente por motivos... sociais. Isto é... a maioria dos meus amigos e amigas não tinha sobre a religião ou a fé a melhor das ideias. Ora não iria ser eu a destoar, certo?
Mas a vida acerta-nos o passo, coloca-nos no caminho correcto muitas vezes da pior forma ou daquela maneira que nunca adivinhavamos. Vai daqui aproximei-me devagar da crença em algo muito maior que eu até ter a consciência que havia coisas dificeis de explicar à luz de alguma lógica racional.
Ora bem.. tenho vindo a descobrir muita gente que publicamente admitiam ser agnósticos ou mesmo ateus, para na intimidade do seu ser perceberem que há coisas na vida racional e cientificamente inexplicáveis. Vai daí... sem o fazerem de forma assumida acabam por aceitar um Deus que se encontra presente no dia-a-dia não como uma figura austera e sinistra, como muitos gostam de fazer realçar, mas de um jeito brando, sereno e na maioria das vezes acolhedor!
O que custa a muitos é aceitar este desígnio.
Todavia mais tarde ou mais cedo a maioria dos não crentes acabam por perceber que desde sempre foram amparados por uma figura que não tem forma nem aspecto, mas está omnipresente!
Os telemóveis entraram nas nossas vidas e alastraram-se qual virus a quase tudo que fazemos. Não há sítio onde esses aparelhos não estejam presentes.
A verdadeira questão nem é a presença dos aparelhos, mas a sua permanente utilização, ao ponto de ser quase doentia. No trabalho, nos transportes públicos, nos restaurantes, em casa, nas lojas, na rua... portanto em todo o lado, basta para tal haver um ser humano.
Já referi algures que não entendo quem, por exemplo, vai ao futebol e passa o tempo a enviar mensagens através do seu equipamento, em vez de ver o jogo que decorre no relvado. Ou quem esteja no cinema a interagir com alguém em vez de ver o filme.
Também notei estas férias na praia algumas crianças já não brincam com a areia ou à beira-mar sendo estas brincadeiras substituídas pelos pequenos equipamentos.
Entretanto esta manhã fui à missa. Ao meu lado sentou-se uma senhora que passou o tempo de culto a enviar mensagens e provavelmente a recebê-las. Não poderia ter simplesmente desligado o equipamento? O meu ficou simplesmente no carro! Mais à frente um outro equipamento tocou...
Contudo reconheço no telemóvel uma grande utilidade para o dia a dia, mas seria conveniente alertar e cuidar daqueles cuja vida está dependente de equipamentos e não percebem que aquele não é nenhuma pessoa, não tem sentimentos, nem é um verdadeiro amigo, não obstante a sua omnipresença!
Leio e sei de muita gente que se assume, no que refere à religião, como ateu ou agnóstico. Estão no seu perfeito direito e sendo eu um homem de fé não critico ninguém, até porque esta tem tantas, mas tantas versões...
Levanto este tema pelas palavras que li, proferidas pelo doutor Daniel Sampaio, ilustre psiquiatra e irmão do antigo Presidente da República, o doutor Jorge Sampaio. Aquele médico esteve gravemente infectado com Covid19, tendo estado internado durante 50 dias.
Todavia o mais curioso foram as palavras do próprio médico ao afirmar que a determinada altura "... muitas vezes pensei em Deus e se Ele me podia ajudar..."
Apraz-me perceber que Deus, independentemente das (poucas) convicções religiosas, continua a estar presente no espírito de muitos, mesmo que digam que não acreditam ou acima de tudo não queiram acreditar.
Esta assumpção do doutor Daniel Sampaio não é caso único. Já vi e assisti a outras pessoas profundamente afastadas de qualquer religião assumirem que num determinado momento crítico das suas vidas sentiram que, quiçá Deus, os poderia ajudar.
Por fim tenho de elogiar as declarações públicas do doutor Sampaio. Especialmente por terem vindas de alguém que se assume agnóstico.
Desde há muito que acordar vivo é já para mim uma benção, uma dádiva que Deus me dá. Talvez por isso lhe agradeça tantas vezes e tenha conversas com ele que não tenho com mais ninguém.
Acredito que nada da minha vida foi fruto de um acaso ou de um coincidência. Tudo tem existido com um fim, um sentido. Mesmo os momentos menos bons. Passo a exemplificar: quando em 1999 tive o meu primeiro descolamento de retina no olho esquerdo, jamais pensei que poderia continuar a ter uma vida normal. Ora em 2012 tive um novo, desta vez no olho direito, o único com o qual fiquei a ver. A verdade é que se tivesse sido ao contrário eu provavelmente não estaria agora a escrever isto, já que a vista esquerda só tinha, antes de tudo começar, 40 por cento de visão.
O mesmo aconteeu no trabalho. Entre diversos sítios houve um deles onde fui maltratado. O que originou que eu saísse assim que pude e fosse para outro lugar onde estive muitíssimo bem.
A vida é como o mar: umas vezes manso que nem cordeiro, outras bravo que nem toiro em arena. Mas é este jogo que nos obriga a perceber onde está o bom e o mau da vida.
Vou entretanto assistindo a muita gente que não consegue conviver com as desilusões ou o desconforto da tristeza. E lamento que vivam angustiados.
Por isso creio que o melhor que a vida tem é não sabermos o dia de amanhã!
Com a morte do matemático, físico e sei lá que mais títulos Stephen Hawking, descobri que este cientista tentou provar de forma matemática a existência ou não de Deus.
Parece que Einstein também já o havia tentado outrora, sem grande sucesso.
Ora para quem acredita em Deus, e mais uma vez refiro que a divindade pode ter qualquer nome, provar a sua existência é fácil. Basta olhar à volta. O problema são aqueles que tentam, através de uma simples ou complexa fórmula matemática, provar essa existência.
Como se tudo nesta vida se reduzisse a meros números e fórmulas. Os sentimentos, as dores, as lágrimas, os sonhos… a fé ou a crença!
Mas o que estranho é esta tentativa de diversos cientistas na busca, estranhamente incessante de respostas, quiçá, à mais antiga dúvida do Mundo: será que Deus existe realmente?
Realço aqui a ideia fixa dos físicos e matemáticos nesta busca. Parece-me evidente que nenhum deles conseguirá uma resposta a preceito, já que Deus não é um qualquer fenómeno atmosférico com direito a estudos assertivos e comprovados, mas existe mais por força da crença de cada um, do que pela desconhecida forma física que claramente não tem.
Muitas vezes nas nossas vidas temos momentos que não sabemos explicar. Costuma-se dizer de forma popular que só morreremos quando tiver que ser.
Nada mais certo!
No entanto reconhecer que há coisas que acontecem de forma estranha também não é invulgar. Eu uso como explicação a vontade de Deus. Muitos dirão que são unicamente meras coincidências.
No actual contexto da nossa sociedade, tão moderna e evoluída, assumir uma fé torna-se deveras perigoso e quase me arriscaria a dizer, fora de moda. Arriscamo-nos a quase ser ostracisados, pois já ninguém crê na religião quanto mais na fé.
A Joana do Quiosque contou esta história de vida. LInda, marcante apenas comentei que o caso não fora uma coincidência, mas algo mais. A simpática bloguer preferiu dizer que não é crente, mas...
Pois... esta é que é a parte torta da vida. Os mas que diariamente nos atingem correspondem invariavelmente aos eventos para os quais não temos explicação lógica. E por vezes são tantos...
Por isso receamos ter medo que não haja uma verdadeira razão para um determinado acontecimento e com isso percebermos que algo nos controla mais e melhor do que julgamos.
O nome pode ser o que vocês quiserem: Deus, Alá, Confúcio ou outra divindade qualquer. O que é preciso é que simplesmente acreditem que todos nós. sem excepção, somos meros mortais carregados de inexplicáveis mas.
Uma boa pergunta para a minha semana que agora se inicia. As respostas poderão não ser as mais desejáveis, mas assumo que tentarei responder sinceramente.