O desafio de escrita lançado no passado dia 5 por este pobre escriba já colheu alguns excelentes textos, como podem ser lidos aqui.
Entretanto recebi hoje uma novel colaboração. Foi a Sandra Martins, assídua leitora deste espaço e que prometeu responder ao desafio.
Eis então a resposta desta leitora em todo o seu esplendor.
Era uma vez uma mulher chamada Edna que tinha problemas de visão. Um dia, pioraram e Edna foi ao médico.
O que tinha começado na juventude como uma ligeira falta de vista, caminhava agora para a cegueira.
Edna odiava a dependência com a mesma intensidade com que amava os seus livros.
E agora? - pensou Edna, enquanto olhava o mar da sua janela. Como que lhe adivinhando os pensamentos, Simba, o seu cão, aproximou-se lambendo-lhe a mão.
Edna acariciou-lhe a cabeça e então soube: Sim, tens razão Simba, disse-lhe:
- Tenho-te a ti, meu companheiro, que servirás de meu guia. E os afilhados e sobrinhos a quem pedirei que leiam para mim. Assim, também lhes transmito o amor pelos livros.
Sorrindo, sentou-se e pegou em Capitães da Areia, de Jorge Amado, um dos seus escritores favoritos. Simba deitou-se aos seus pés, adormecendo com a cabeça em cima das patas.
Enquanto lia, Edna pensava que, tal como diz a canção, também ela lutará até ao fim.
Belo naco de prosa Sandra!
Agora falta a vossa colaboração... Fico a aguardar...
Entretanto nos comentários daquele desafio surgiram os seguintes dois nacos de prosa:
- de um Anónimo:
Era uma vez uma mulher chamada Edna que tinha problemas de visão. Um dia conseguiu ver o que até então durante a sua vida nunca tinha conseguido descurtinar. Tinham passado os anos e o tempo lhe tinha oferecido o que por vezes se olha como um perder. Tinha conseguido alcançar o que nem sempre se alcança, o tempo que um dia não tinha tido a certeza de conseguir algum dia ver.
- e do meu colega de um outro blogue, Pedro Oliveira, que optou por este pedaço de escrita bem divertida:
Era uma vez uma mulher chamada Edna que tinha problemas de Visão. Semana após semana o problema persistia. "Dona Edna, aqui está a sua Visão" Nessa quinta-feira, Edna tomou uma decisão que, há muito ponderava. "Senhor Zé da Imprensa, a Visão deixa-me tensa, hoje levo a Sábado e o Tal & Qual, para ler sobre o novo escândalo nacional.
Para já é tudo, mas gostaria que fosse bem mais. Quem se atreve?
Hoje descobri esta resposta da Maria do Cantinho da Casa!
Em 2020 enquanto fazia uma das minhas usuais caminhadas matinais na praia, encontrei uma menina que escreveu isto,
Sempre calculei que estas palavras escritas na areia por uma menina de 12 a 13 anos, cujos pézitos ainda se conseguem vislumbrar na fotografia, um dia me fariam lançar um desafio.
Ei-lo agora, quase dois anos passados!
Para quem não entende o que a menina escreveu eu ajudo. Diz o seguinte: "Era uma vez uma mulher chamada Edna que tinha problemas de visão. Um dia..." (as reticências são minhas!).
Face ao que precede proponho um exercício de escrita que consiste em continuar a estória a partir desta frase.
O convite fica assim lançado a todos quantos aqui vierem e pretenderem afoitar-se neste desafio. Sem limites de palavras, ideias e de tempo. Se porventura alguém não tiver um blogue, pode também escrever e enviar-me o texto por mail (está no meu perfil!!!) que eu publicarei aqui.
Agradeço finalmente, a quem participar, que façam uma ligação para este postal de forma a que saiba quem escreveu!
Vamos lá... que o calor vai apertar e nada melhor que uma boa estória.... para escrever e ler neste dias quentes!
Pois é... foram boas, mas acabaram-se! Não só as minhas férias mas a da blogosfera...
Caíu a folha de Agosto para aparecer Setembro e eis que os Desafios de escrita surgem que nem cogumelos.
Antes assim que andarmos aqui todos ao "Deus dará" no que concerne à escrita.
O primeiro desafio começou precisamente no dia 1 deste mês proposto pela Ana e podem ver aqui no que consiste. Parece que tem muitas pernas para andar. Portanto damas e cavalheiros, municiem-se dos vossos equipamentos e toca a responder ao que a autora solicita.
Mas não ficamos por aqui... A Fátima Bento do blogue "Porque eu Posso" está a propor um desafio que creio que se tornará um fenómeno de escrita e obviamente de leituras. Vejam então aqui a ideia.
Depois não me venham cá dizer que não sou vosso amigo!
É sempre bom percebermos que há gente assaz corajosa para enfrentar os próximos desafios.
Como já escrevi aqui adorei participar na primeira temporada e obviamente inscrevi-me para a segunda, arriscando-me a ter que elevar a fasquia na qualidade dos meus textos, o que também não deveria ser difícil tal a pobreza, quase franciscana, dos escritos anteriores.
Pronto... os dados foram lançados e agora é aguentar o que por aí vier.
Quem se aventura a escrever estórias de desencantar luta permanentemente com a dificuldade de dar nome às suas personagens. Pelo menos comigo é assim. Ainda por cima tenho uma agravante que é a cada nome gosto de associar uma personagem com estrutura moral ou imoral…
Quando a corrida do Desafio da Escrita dos Pássaros se iniciou dei por mim a criar um herói mais ou menos rebelde e desse modo o nome teria de ser outrossim bizarro.
Dezassete desafios depois o Malquíades esteve em todos e parece ter-se saído melhor do que aquilo que eu ao início julgava.
Esta é a verdadeira beleza da escrita… começarmos com uma ideia muito simples, quiçá ingénua e paulatinamente aquela vai crescendo, tomando forma, ganhando personalidade.
Foi o que aconteceu com o jornalista que falava pouco. Espero sinceramente que tenha deliciado os leitores como me deliciou a escrevê-lo.
Uma nota à margem
O genuíno Malquíades é um homem mais velho que eu, magro, desdentado, de cabelos desalinhados, com profundas rugas no rosto e claramente o tolo da minha aldeia.
A minha personagem foi em sua honra. Ele nunca lerá o que escrevi, mas eu sei que ele merece!