Durante muitos anos este dia foi quase esquecido, tanto pelos portugueses, mas essencialmente pela troupe de esquerda que sempre viu nesta iniciativa militar um revés à ideia de fazer de Portugal uma Cuba ou Albânia dos tempos modernos.
O país virara radicalkmente à esquerda com as consequentes nacionalizações de Banca, seguros e demais tecido económico e empresarial.
Portugal esteve, por esta altura, à beira de uma guerra civil! Muitas famílias desentenderam-se por causa das opções políticas de cada um. O clima social crescia deveras crispado e com natural tendência para piorar.
As próprias forças armadas dividiam-se entre apoiar o Governo do General Vasco Gonçalves e do Presidente da República Costa Gomes, Otelo Saraiva de Carvalho comandante do COPCON ou alguns militares mais moderadas donde se destacava claramente Jaime Neves, comandante do Regimento de Comandos, que teria uma grande influência no sucesso do 25 de Novembro na recolocação de Portugal no caminho da verdadeira democracia!
Vivemos agora novos tempos! Dessa época já longínqua poucos gostam de recordar, especialmente se forem de esquerda. Porém o pior é mesmo a direita lusa ao tentar aproveitar politicamente de algo para o qual nada contribuiu!
Daqui a ano e meio comemorar-se-á meio século de... democracia. Já a tanta distância a falar disso? Perguntar-me-ão.
Bom diria que com o que estamos a assistir diariamente a tal democracia nascida em 74 tem sido a capa legal para todo o tipo de negócios e negociatas envolvendo empresários, políticos, autarcas e demais cidadãos.
Sinceramente a culpa não é totalmente daqueles que ganham dinheiro, fama e acima de tudo poder, à custa das trocas de influências, mas em grande parte de um povo que continua apático, amorfo, insonsso no que a este tipo de gente diz respeito.
Tivéssemos todos nós a bravura de outros povos e provavelmente muitos que agora aparecem envolvidos, mais aqueles que nunca ficaremos a conhecer, jamais ganhariam o que ganharam.
Recordo a este propósito uma conversa que escutei entre dois empresários há mais de 40 anos. Estávamos em vésperas de eleições legislativas e um deles perguntou ao outro, em tom de brincadeira, em quem iria votar. O interpelado foi célere na resposta dizendo que iria votar no PS porque com este partido a corrupção era muito mais barata. Estávamos em 1980!
Pergunta: mudou alguma coisa desde lá?
Continuamos tão brandos como sempre e somos cada vez mais incapazes de dar a este país uma sociedade realmente justa e evoluída! Como nos foi (e ainda nos é!!!) prometida!
Volto às comemorações que daqui a pouco mais de um ano se realizarão. Elogiar-se-á nessa altura a conquista da democracia, da liberdade ou da justiça em Portugal. Discursos que só servirão para continuar a enganar o povo luso, sempre tão crente nas bonitas palavras.
Pois é... na realidade sabemos que isso da verdadeira democracia só existe nos países onde os políticos reconhecem nos eleitores, que democraticamente os elegeram, dignidade e razão. Dois chavões fantásticos, mas que em Portugal são apenas sinónimos de... fantasia linguística!
Tal como havia aqui previsto não fui votar. Farei parte de uma estatística negativa, a exemplo de quase metade da população portuguesa.
Fiz uma rápida pesquisa e descobri que no novo milénio e para as autárquicas a abstenção tem subido. De 39,97% em 2001 para 43,16% nas eleições de ontem com a passagem por uns 49,99 em 2009.
Não serei um daqueles analistas políticos que olham para estes números e avançam logo com alarmes políticos. Mas não posso deixar de ficar preocupado com esta evolução... negativa.
Então porque não foste votar? Poderão perguntar.
Na verdade não fui votar porque não conhecia nenhum dos candidatos, porque só vi obras de intervenção na rua e na sociedade por ser obviamente ano de eleições e acima de tudo porque estou cada vez mais triste com o estado da nossa política. Mesmo aquela que começa ao nível mais baixo (leia-se freguesias).
Acho curioso que os líderes de vários partidos assumam publicamente que é um dever votar, mas façam muito pouco ou se calhar nada para que os eleitores tenham naqueles alguma confiança.
Obviamente que haverá sempre os que foram votar só porque sim e por isso votam no partido da sua preferência independentemente de quem for o candidato. Eu gosto pouco disso e prefiro ficar em branco ou não votar do que eleger alguém sem ser em verdadeira consciência.
Oiço obviamente espantado a ideia de alguns comentadores ao afirmarem de que o voto deveria ser obrigatório.
Definitivamente só espero que ninguém aprove esta absurda ideia...
Nota: as percentagens aqui referidas foram retiradas do Portal do MAI exceptuando as de ontem (ainda em actualização)
Os últimos e trágicos acontecimentos no Capitólio norte-americano advêm de um vírus que se foi instalando nos últimos anos no país do Tio Sam. E parece que não terá cura!
De uma forma mais assertiva diria que os americanos viveram numa realidade política e social paralela. A democracia tal como foi implementada na América esteve sempre em perigo.
Não fossem algumas instituições internas, provavelmente os Estados Unidos viveriam hoje à beira de uma impensável ditadura.
Donald Trump fez vir ao de cima o pior dos seus concidadãos. A violência urbana, o racismo, as demandas com a China e não só, a fuga dos acordos ambientais, a saída da OMS e tantas e tantas acções ignóbeis que só prejudicaram os Estados Unidos. Já para não falar da não aceitação da pandemia…
O real problema vem agora quando Biden tomar posse, já que os apaniguados de Trump não irão deixar a sociedade recuperar das feridas causadas pelo presidente derrotado. Será bom que os Estados Unidos se preparem para uma guerra. Não contra o covid-19, não contra uma qualquer Jihad islâmica, mas contra um vírus que se instalou em muitos (demasiados) americanos: o virustrump!
Donald Trump ficará, certamente, na história dos Estados Unidos como o mais fraco e imbecil Presidente daquele grande país. Muito mal preparado para o cargo, demasiado truculento, sem educação e claramente pouco polido, vai tentando nas últimas horas inventar casos, de forma a não ser corrido da Casa Branca.
Com enormes laivos de ditador conseguiu a proeza de colocar todo o Mundo contra si. Exceptuando outro imbecil no Brasil, ninguém tomava a sério as palavras de Trump porque sabiam que tinham tanto valor como uma nota de três dólares.
Repito o que escrevi noutro postal… Trump nunca pensou chegar à Casa Branca. Mas aqui chegado, julgou-se estar num “reality show” tão comum no país do Tio Sam! Foi deste modo jogando com as pessoas e instituições e não fosse esta pandemia e a forma irresponsável como lidou com ela, talvez eu não estivesse a escrever este texto.
Também não reconheço em Joe Biden aquela figura carismática que poderá mudar a filosofia americana de um dia para o outro. Mas, desde o início da campanha, que era eBIDENte que o democrata, venceria Trump.
Agora é esperar por Janeiro para fazermos isto a Trump.
No dia 25 de Abril, enquanto fazia “zapping” em busca do canal do meu clube, acabei por parar num canal que raramente vejo, mas onde naquele instante se debatia o feriado.
Para além do moderador, estavam presentes uma deputada do PCP – Rita Rato, um antigo bastonário da Ordem dos Advogados – José Miguel Júdice e um conhecidíssimo politólogo que o ano passado esteve no centro de uma idiota contestação universitária – Jaime Nogueira Pinto.
Nada disto teria muita importância se a determinada altura não tivesse escutado esta frase dito por um dos oradores:
“Prefiro ser governado por comunistas portugueses a ser governado por direitistas belgas”.
Agora se não viram o debate imaginem quem terá dito esta frase…
Se fosse o Donald Trump (de quem não gosto de todo) a proibir uma equipa de jornalistas portugueses de entrar em solo americano, o que diriam às nossas gentes?
Vá lá sejam sérios, pelo menos uma vez na vida e digam lá qual seria a vossa palavra de ordem!
Há na sociedade lusa quem vista ainda o fato que usou naquele Verão quente, em 1975. Todavia como não consegue libertar-se dele vagueia pela sociedade em busca de quem o oiça e siga.
Só que Portugal evoluiu e hoje a sociedade, mesmo sendo mais aberta, quiçá mais esclarecida, reconhece naturalmente onde começa e acaba o respeito por opiniões que não são coincidentes com as nossas.
Ora o caso do adiamento de uma conferência, numa das mais prestigiadas universidades do País, onde Jaime Nogueira Pinto seria orador, parece ser um exemplo de quem é intolerante e tem ainda alguns resquícios de uma derrota política mal resolvida.
Sinceramente não me interessa quem promoveu o encontro, preocupa-me quem pretendeu evitá-lo.
Uma coisa é certa: a democracia não exclui nenhum português da sociedade só porque pensa de maneira diferente. Mas há por aí quem não assuma esse pensamento, mas se julge melhor que todos os outros lusos cidadãos só porque se consideram iluminados e esclarecidos.
Vejo-os muitas vezes presos a valores que cairam há muito em desuso. Valores dos quais não abdicam... nem que seja por mera teimosia.
João Miguel Tavares na sua coluna do Jornal Público de hoje chama a atenção para a noção de democracia de alguns dos nossos ditos... democratas!
Não assinando por baixo todo o texto do jornalista, bloguer, escritor e "ministro sombra"... subscrevo no entanto na sua essência, pois não concordei com aquele discurso quase patético de Vasco Lourenço à saída da AR ao dizer que os governantes anteriores eram anti-25 de Abril.
Então que dizer das declarações há anos proferidas por Otelo Saraiva de Carvalho quando afirmou que Portugal necessitava de um homem sério como Salazar?
Há uma esquerda em Portugal demasiadamente colada aos dogmas e às ideias de há 42 anos, olvidando que o mundo mudou, e de que por exemplo os desejos da actual juventude são profundamente diferentes do que foram naquela época.
Foi a democracia que nasceu no tal 25 de Abril que colocou os "tais" políticos no poder. E se eles lá estavam é porque ninguém da oposição conseguiu em tempo útil provar que poderiam fazer melhor.
Como disse uma vez Winston Churchill: A democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras que têm sido tentadas de tempos em tempos.
Mas há ainda quem acredite que a democracia é uma forma de governo em que todos pensam da mesma forma!
Nas eleições de Outubro passado, mais conhecido por Outubro vermelho na opinião de alguns, originou uma convergência mais à esquerda dos eleitores portugueses.
Nos dias seguintes aos resultados das eleições começou a falar-se de tal maioria de esquerda no Parlamento para formar um governo. Os partidos políticos, supostamente envolvidos nesta nova definição, assumiram com alegria o paradigma político chegando ao ponto de dizer que o povo português se tornara um povo inteligente e sem receios da “tal” Europa.
Diz o mesmo povo que “o peixe morre pela boca” e bastou ver o que aconteceu na passada quarta-feira na AR para confirmar o adágio popular. Marcelo foi por diversas vezes interrompido para as palmas, mas raramente os partidos de uma esquerda radical e pouco democrática ousaram aplaudir o novo PR.
Esta atitude tem sido muito criticada por alguma sociedade mais conservadora e institucional. Mas pensando bem e sem querer julgar, reconheço alguma razão aos “ofendidos”. Porque se fosse Sampaio da Nóvoa, Marisa ou Edgar a ganhar as eleições certamente que a Direita se levantaria e aplaudiria o novo Presidente.
Mas pior… a inteligência que dera a “tal” maioria de esquerda que governa este país foi rapidamente substituída por um antónimo.
Porque a esquerda portuguesa só sabe ganhar e não sabe perder. Algo que não é compaginável com a democracia!