Por vezes vivemos dilemas na vida para os quais jamais estivemos preparados. E o pior que nos pode acontecer é esse virus consiga invadir os nossos dias. Nunca mais descansamos, sendo que o pior de tudo é a guerra que cresce no nosso peito.
Tudo isto porque somos seres humanos e temos consciência. Da vida, da morte, do que será normal ou daquilo que nos ultrapassa, no fundo da finitude. Daqui talvez a incessante busca de respostas para as nossas dúvidas ou dilemas. Daqui, quiçá, endossar para entidades divinas algumas das culpas do que nos acontece! "Foi a vontade de Deus!" dizemos amiúde quando algo nos corre menos bem, já que se correr bem tivemos uma óptima decisão e não foi necessário qualquer intervenção divina.
Porém será dentro de nós que reside as escolhas que fazemos. Boas ou más, repentinas ou amadurecidas, radicais ou tradicionais! E não devemos nunca culpar os outros pelas decisões que tomamos.
A vida está repleta de dúvidas, dilemas, opções. Então a quem cabe a verdadeira decisão: ao coração sempre tão emotivo e exposto ou à cabeça onde reside a lógica e algum bom senso?
No fundo é nesta dictomia que residem as nossas verdadeiras escolhas: coração ou cabeça? E qual deles terá mais força?
A questão fica totalmente em aberto para que pensem no assunto.
Digam lá, sinceramente, quem manda aí dentro... onde dói!
Não sei se já vos aconteceu saírem de casa e algures no caminho para um qualquer destino pensarem: será que fechei a porta de casa à chave? Ou pior… será que deixei a panela ao lume?
Mesmo com quase toda a certeza no nosso pensamento a verdade é que entrando o vírus da dúvida no nosso espírito… acabou-se o descanso.
Uma dúvida é um sinal de fraqueza da parte do ser humano. Ou se não é de fraqueza será sinónimo de alguma debilidade… psicológica.
Um dos grandes erros da juventude é nunca terem dúvidas… somente certezas. Sabem tudo, conhecem tudo (ou se não conhecem, sabem de quem conhece!!!), a vida assente em certezas jamais vividas. Do lado oposto da juventude há os idosos que também sabem tudo ou quase tudo. Mas porque viveram a vida e já têm muitos anos!
Uns e outros incorrem nesse erro da certeza e desvalorizam a dúvida, já que esta é, como já referi, um sinal menor!
Por aqui costumo dizer que só tenho duas certezas: a primeira é que partirei um dia e a segunda prende-se com o meu passado, que é obviamente imutável.
Tudo o resto é um mar de dúvidas que vivem comigo permanentemente.
Só Deus terá mais certezas sobre mim… mas não mas pretende revelar!
Porque será que quando ouvimos alguém a chamar por um nome igual ao nosso pensamos sempre que é "cácagente" e viramos normalmente a carra para o sítio donde veio o chamamento?
O mesmo acontece quando vamos no carro e alguém apita... Lá ficamos nós a pensar: "seria para mim?"... "não conheço o carro..." e outras ideias absurdas e semelhantes.
Não sou diferente dos outros e de vez em quando lá olho pelo retrovisor do carro e maneio a cabeça para perceber quem me chamou. Mas já fui pior... Agora tento não ligar e continuo a minha caminhada... seja a pé ou de carro.
Curiosamente hoje fui a uma consulta de manhã e três exames de tarde a um hospital particular. Máscara no "trombil", boina à lavrador na cabeça, óculos escuros e eis-me no a estacionar o carro. Saio calmamente (ainda tinha tempo), fecho o carro e estou a dirigir-me para os elevadores quando oiço chamar pelo meu nome...
Nada fiz, nem olhei... "Há mais Marias na Terra", pensei com os meus botões. Só que desta vez era mesmo para mim pois alguém reconheceu-me por detrás da máscara (decididamente sou inconfundível!!!).
Um antigo colega que não via há muuuuuuuuuuuuuuuuuitos anos, estava já de abalada quando eu cheguei. Nada de abraços nem apertos de mão, mas gostei de o rever e fiquei com a ideia de que é preferível olhar quando ouvimos o nosso nome, mesmo que possa não ser para nós!
Esta é a questão que quase todos os dias faço a mim próprio…
Sou obviamente refém das minhas decisões e dos actos que advêm daquelas. Ou dito de forma, quiçá mais esclarecida, jamais saberei quais as consequências das acções de hoje. num futuro próximo ou mais longínquo.
Este é um tema que recorrentemente venho aqui abordando porque estou sempre a tentar descobrir, onde no passado, poderia ter tomado outra opção.
Aproximam-se tempos estranhos, tempos repletos de incertezas e de receios. Decidir agora a minha vida futura nunca me pareceu tão amedrontador.
Temo decidir mal, temo, ao mesmo tempo, não decidir e depois arrepender-me.