Catrapuz... Os juros da dívida portuguesa a dez anos ultrapassaram os 4 por cento.
Segundo os analistas e não só, aquela percentagem será o limite para evitar um retrocesso financeiro nas contas públicas. Mas parece que as coisas neste momento não estão a correr bem para a dita geringonça!
Não imagino sequer o que se seguirá. Se a tal empresa de rating canadiana irá descer o nosso já pobre nível para lixo, se o BCE deixará de comprar dívida portuguesa... se outra situação qualquer. Demasiados "ses" para um país sempre dependente dos outros.
Aconteça o que acontecer parece-me cada vez mais difícil este governo manter as tais promesssas de aumentos para Agosto, especialmente nas reformas.
Falta somente saber, e que não é de somenos, o que segue após a venda do Novo Banco. Tenho a sensação de que os portugueses ainda vão arcar com a responsabilidade de pagar os desmandos da família Salgado.
Oiço demasiadas vozes a falar da renegociação da nossa dívida. Especialmente alguns partidos associados à geringonça. Dito de uma maneira mais simples pretendem claramente um perdão.
Certamente que cada um dos partidos tem o direito de dizer e pedir o que bem lhe der na gana, mas isso não os iliba da irresponsabilidade que será não cumprir com os compromissos assumidos.
O problema não é só uma questão de renegociar a dívida mas tão somente perceber que, ao assumir estas negociações, estaremos a condenar que futuramente alguém se disponha novamente a emprestar-nos mais dinheiro. E percebe-se porquê...
Imaginemos:Chego a um amigo e peço-lhe x dinheiro emprestado. Ele apresenta as condições e eu aceito. Passados alguns tempos chego novamente à sua beira e proponho reformular a dívida contendo aquela uma perdão de dívida e juros.
Se ele aceitar, porque prefere perder 50% a perdê-lo todo, acabamos por afastar alguém que nunca mais nos emprestará um "tusto".
O mesmo se passa com Portugal!
Em vez de se pensar em fazer crescer o país de forma a pagarmos o que devemos anda a geringonça, mais preocupada com as futuras eleições autárquicas, a gastar à "tripa-forra".
Daqui a uns anos quando não houver dinheiro nem para pagar as reformas mais pequenas, provavelmente nessa altura alguém falará da tal renegociação de dívida que nunca deveria ter acontecido.
Um homem abordou o seu vizinho do andar de cima e pediu-lhe 1000 euros emprestados.
O credor apresentou taxa de juro e data de amortização e estando o devedor de acordo acedeu em emprestar o dinheiro.
Na véspera da data de vencimento do empréstimo o devedor passou a noite de trás para a frente sem saber como pagar a dívida, pois não tinha o dinheiro.
A mulher acordou a meio da noite e dando por falta do marido procurou-o. Achou-o naquele andar pesado e preocupado. Abordou-o:
- Que se passa homem?
- Amanhã tenho de pagar ao agiota do andar de cima e não tenho o dinheiro. Nem consigo dormir...
A mulher expedita pegou num cabo da vassoura e bateu no tecto onde supostamente seria o quarto do vizinho. Este acordou estremunhado com tamanho barulho e acabou por perguntar:
- O que se passa?
A mulher respondeu:
- O meu marido deve-lhe dinheiro?
- Deve sim senhor!
- E tem de pagar amanhã?
- Exactamente.
- Ele não paga.
O marido virou-se então para a mulher e questionou-a:
- Mas tu não me resolveste o problema?
- Pois não - afirmou ela - mas agora quem não dorme é ele! Anda para a cama!