Na minha vida há eventos estranhos ou, no mínimo, curiosos. Entre muitos, que não irei agora referir, recordo um, assaz importante e que ocorreu em 1987. No Sábado de Aleluia desse ano fui a um casamento com a minha mulher que apresentava já uma volumosa barriga de fim de gravidez.
Já em casa noite dentro acorda-me dizendo que rebentaram as águas e aí vamos nós, numa fona, a caminho do Hospital da Cruz Vermelha. No dia seguinte foi Domingo de Páscoa e nessa mesma madrugada nasceu o meu primogénito.
Dêmos um salto na tábua do tempo de quase trinta e sete anos, para aterrar nesta Sexta-feira Santa da Páscoa. Ainda esta semana a minha nora fora à médica que a acompanha na sua gravidez, concluindo que o parto ainda estaria longe...
Pois é... há coisas na minha vida quase inexplicáveis já que pela manhã surgiu o meu filho apressado comunicando que a mulher entrara em trabalho de parto.
De tudo isto resultou que hoje, dia 29 de Março do Ano da Graça de 2024, fui avô pela terceira vez. Agora de um rapaz.
Portanto e com tanta coisa estranha ao nosso redor sinto-me grato em poder dizer: o dom da vida é um bem precioso que infelizmente nem todos valorizam.
Agora temos de o ajudar e aos pais a crescer e a educar!
Depois de ter aqui escrito sobre o meu gosto por números redondos ou curiosos, venho uma vez mais falar das minhas estranhas manias com números.
Por exemplo: nunca compro um número de alimentos ímpar... se vou ao pão se preciso de cinco carcaças... compro seis. Se quero 15 sardinhas... compro 16.
A excepção é feita com o número um! Não compraria dois pães de tipo alentejano ou mesmo saloio, até porque provavelmente estragar-se-ia algum deles.
Mas desde que seja acima da unidade... tem de ser par!
Na escola nunca fui muito ligado às matemáticas. Fazia o que podia para perceber da coisa, mas a minha cabeça estava mais virada para o outro lado... para a brincadeira!
No entanto sempre gostei de números diferentes. Ou fossem capicuas ou outros números redondos a verdade é que desde muito cedo comecei a guardar por exemplo bilhetes de autocarro (na altura não havia passes).
Esta ideia maluca refinou-se até aos dias de hoje de tal forma que comecei a apreciar gráficos e também a fazê-los.
Mas hoje trago só uma curiosidade, pois que nas Estatísticas do meu blogue apareceu este número.
Neste postal escrevi sobre umas das minhas paixões: as caixas de charão.
Mas creio ter ficado em promessa falar de outras caixas que tenho em casa, a maioria banais.
Segue infra uma série de fotografias das tais caixas onde tenho guardado quase tudo, desde bilhetes de concertos a simples moedas que vou arquivando em vez de me encherem os bolsos. Há até algumas que guardam cartas de jogar. Enfim, há um pouco de tudo sem grande qualidade mas com estórias associadas.
A caixa supra é um autêntico cubo de madeira com algumas ranhuras no seu interior dando a ideia de ser um pequeno arquivo, quiçá de cartões de visita. Comprei-a na Feira da Ladra.
Gostaria de explicar como apareceu esta caixa cá em casa, mas sinceramente não sei. Imagino que tenha sido numa daquelas feiras de Natal onde costumava ir. Não é uma caixa antiga mas tem um belíssimo trabalho exterior.
Este baú pequeno e com chave foin uma oferta que me fizeram. Esteve muitos anos numa montra de uma carpintaria. Até que um dia deixou de lá estar. Tive pena, Depois apareceu em casa no dia dos meus anos! Creio que a madeira será castanho tem outrossim uma fantástico trabalho exterior.
Uma recordação da Expo 98. Comprei-a lá, não me lembro em que pavilhão, mas foi certamente nalgum país da Ásia.
Esta caixa foi-me oferecida por um colega fumador. Só fumava cigarrilhas açorianas e daí estar lá a marca. Mas gostei sempre desta caixa.
Esta será uma das caixas mais giras que tenho. É um poliedro com muitas faces. Umas são quadrados, outras triângulos. Seja como for é nela que guardo algumas moedas dos trocos que recebo.
Uma caixa que comprei em pleno Rossio em Lisboa aquando de um encerramento de uma loja. Comprei-a somente porque gostei dela, foi barata e porque tinha dois baralhos de cartas.
A última caixa não sendo tipicamente uma caixa onde se possa observar a técnica da pintura de laca como nas caixas de charão, ainda assim é uma belíssima caixa que se encontra em destaque na casa. Foi.-me oferecida pelo meu colega das visitas à Feira da Ladra e com quem aprendi muito.
Outras das minhas alegrias são as minhas garrafas. Algumas de vidro tão banal que quase nem mereciam destaque aqui, mas há outras que sendo também de vidro trazem consigo copos e tampas ( o que neste tipo de loiça náo são fáceis de arranjar tal a facilidade com que se partiam).
Assim a primeira é uma garrafa de vidro tosco. Tem todo o aspecto de ser uma licoreira, mas falta-lhe os copos.
Mais uma licoreira onde a tampa não sugere que seja original. Também sem copos. O vidro parece ser de melhor qualidade ou pelo menos melhor trabalhado.
Mini licoreira de cristal. Serve somente de decoração.
Outra garrafa decorativa também em cristal.
Duas peças curiosas. A garrafa sem rolha era da minha mãe. Lembro-me n«bem dela em casa a ser utilizada. Tendo em conta que o meu pai não bebia, assumo que fosse para a água. O cacho de vidro é um exemplar muito curioso. Dentro terá um licor qualquer que não imagino qual seja. Está na família há dezenas de anos!
Esta é uma verdadeira garrafa para vinho tinto correspondendo à cor que apresenta. Não imagino se teria copos a condizer. Quero crer que sim, mas devem ter-se partido com o uso.
Eis uma garrafa para vinho branco. Assim diz a cor amarela. Sem tampa e sem copos foi-me oferecida por uma amiga.
Uma verdadeira licoreira com copos a condizer. Faz parte do património da família. Note-se que tanto a garrafa comos os cálices têm o mesmo desenho.
Mais uma licoreira com copos a condizer. Tem apenas quatro cálices em vez dos costumados seis. Peça cá de casa que ninguém, a não ser nós, gosta!
Conjunto de frascos de farmãcia e mais uma garrafa licoreira vulgar e recente. O frasco maior tem o fundo partido. Os outros estão impecáveis.
A série de textos que irão seguir foram escritos há mais de uma semana, essencialmente para os próximos cinco dias em que estou ausente de lugares com rede informática, nomeadamente por estar na aldeia quase remota a apanhar azeitona. Muitas fotos se seguirão, algum texto elucidativo de coisas velhas que fui juntado durante toda a minha vida. A maioria são objectos banais com os quais convivi amiúde, mas que através destes textos passam a ter outro destaque. Não são peças de luxo, quiçá, de lixo! A diferença ficará ao critério de quem vê e lê!
Balanças
A primeira balança que apresento servia para pesar animais após as matanças, essencialmente porcos. Geralmente era perdurada num tronco de uma árvore, para depois se perceber que peso teria a carcaça, Esta balança foi pertença do avô da minha mulher.
Balança de pilão
A próxima balança comprei-a na feira da Ladra em Lisboa e é uma daquelas vulgares balanças dos nossos antigos mercados que tanto servia para pesar peixe ou frutas.
Balança de partos fundos
As duas balanças que se seguem são autênticas balanças de cozinha. Lembro-me de a minha mãe ter uma igual para altura dos finais dos anos sessenta. A outra de marca Lyssex é de origem suiça e pode remontar à época dos antes 30 do século passado.
Balança de cozinha (anos 60/70)
Balança de cozinha Lyssex (1930)
A balança que se segue foi a minha última aquisição. É tipigamente uma balança carteita em ferro e usada, tal como o nome diz, para pesar as cartas que posteriormente seriam enviadas pelo correio. Não pesaria grandes quantidades mas era muito fiável.
Balança carteira
Segue uma pequena balança que comprei numa feira, creio que em Barcelona, e que tanto pode servir outrossim como balança carteira como poderia pesar... ouro ou prata.
Balança pequena
Para tal bastava que tivesse aneno um conjunto de pesos como estes,
Pesos
Finalmente a minha jóia de coroa. Não é por ser a mais velha (que não é), ou por ser a mais bonita (que também não é), mas unicamente porque foi a primeira que consegui trazer para casa. Terá sido uma vulgar balança de mercearia já que nos seus pratos ainda surgem alguns pesos. O mais curioso é que fui buscar esta a uma estrumeira.
Quando foi para tirar as coisas de casa por causa das pinturas de interiores um dos objectos que teve de sair foi este relógio de parede.
Este medidor de tempo tem a característica de ser também um relógio de ponto usado quiçá numa fábrica ou escritório.
Na realidade naquele momento o "menino" estava parado, eventualmente com falta de corda. Mas não! Pois quando o tirei da parede e o coloquei no chão da garagem ele, de repente, iniciou a trabalhar.
E esteve assim o tempo todo que duraram as pinturas. Entretanto na semana passada voltrei a colocá-lo no lugar a que pertence e... deixou outra vez de trabalhar.
Estranhei a situação, mas deixei para esta semana a resolução do mistério. Hoje logo pela fresquinha tentei que ele trabalhasse. Após muitas tentativas o idiota teimou em continuar mudo e quedo.
Voltei a retirá-lo da parede pousei-o no chão, mas desta vez ele continuou imutável. Aborrecido e triste acabei por voltar a pendurá-lo na parede, dizendo:
- Pronto não queres trabalhar ficas aí a servir de bibelot...
E não é que desta vez ficou a trabalhar sem que eu tenha feito rigorosamente nada?
Havia acabado de almoçar com um alargado grupo de amigos. O restaurante estava cheio e havia já gente na rua à espera. Saí então e aguardei que os outros também abandonassem o restaurante.
Enquanto aguardo vejo um canito normal de pêlo claro que desce a rua inclinada. Traz coleira mas vem solto. Parece-me simpático. Atrás do animal um jovem caminha a certa distância de tal forma que não percebo se é o dono do cão ou não.
O canito passa encostado a mim. Estalo os dedos na vã esperança que pare de forma a fazer-lhe uma festa. Nada... segue em frente.
- Este não dá confiança a ninguém - penso eu, para com os meus botões.
De repente o jovem chama o cão que pára e volta para trás. Depois ordena-lhe:
- Cumprimenta este senhor...
O cão então aproxima-se de mim e deixa que eu lhe faça uma festa. Mais... Como gosto muito de cães e não tenho medo de nenhum deles, baixo-me e o cachorro espeta-me uma lambedela na mão.
Depois parte. Agradeço ao jovem a simpatia de me ter deixado fazer uma festa ao seu animal.
Na minha cidade também há momentos destes... inesquecíveis!