Cuidar é preciso!
Há mais de 40 anos assisti em directo a alguém a atirar-se para a linha do Metropolitano de Lisboa, na estação do Campo Pequeno!
Durante muitos dias mal dormi, não pela tragédia da morte e de como ela acontece, mas por aquela pessoa ter estado de pé a meu lado enquanto aguardava a chegada do comboio e eu não ter conseguido travá-la a tempo. Era como a culpa do que havia acontecido fosse exclusivamente minha.
Mas nada como o tempo para diluir os acontecimentos em muitos outros que foram a minha vida e tudo hoje fazer parte de um passado longínquo!
Renovo então a minha ideia de que as doenças do foro psíquico serão das piores do ser humano, até porque muitas delas são quase irreconhecíveis.
Esta semana fui a Lisboa a um magusto com antigos colegas deixando o carro bem estacionado e a pagar! No caminho passei por uma mulher bem mais nova que eu que caminhava no passeio quase de forma automática. Um passo lento e uma postura corporal que denunciava que carregava um enormíssimo peso (dentro de si mesma!). Passei por ela e tentanto fazer de conta que estava a fechar a minha viatura virei-me e dei de caras com a face de alguém... sofrida.
Fiquei a pensar se deveria perguntar alguma coisa ou deixá-la ir simplesmente, até porque há muita gente que não gosta de assumir o seu estado depressivo, tornando-se um perigo para eles e demais pessoas que os possam eventualmente tentar ajudar.
E se julgam que esta doença se resume às grandes cidade onde há muita gente, desenganem-se porque as aldeias começam já a ter os seus casos. A maioria deles são afagados em copos de vinho na tasca ou em cálices de aguardente em casa!
Com tanta falta de médicos nos hospitais e Serviços de Urgência para tratar de doenças mais físicas é natural que ninguém olhe para a cara desta gente... tão doente.
Gente a requerer cuidados prementes, mas que nenhum paciente quer reconhecer!