Nos últimos dias tenho andado muito de Metro. Muita gente em início de viagem para qualquer lugar longe da cidade enquanto os turistas continuam a encher carruagens, hotéis, restaurantes, lojas... e transportes.
Está-se ainda a viver os restos do Natal. Deste modo é normal que vejamos crianças ou jovens mergulhados nos seus novos equipamentos recebidos no sapatinho.
O que já não me parece normal é ver uma senhora com idade para ser quase minha mãe de auscultadores nos ouvidos a ouvir algo. Ela dançava, agitava-se, contorcia-se como se fosse uma menina de 13 anos. Eu sei que a idade não está só no Cartão de Cidadão, mas esta deveria ter uma falha grave nos neurónios.
Já quase a chegar à estação do Marquês tentou em vão trautear em voz muito alta a música seguinte,
Sem grande sucesso, valha a verdade.
Mas o que eu me diverti com esta senhora. Eu e os outros que assistiram àquele espectáculo.
Ah só mais um pormenor... vinha acompanhada de uma idosa (provavelmente a mãe) que alinhava na brincadeira.
Os hospitais, sejam eles públicos ou privados, são locais nobres pois é neles que vamos procurando a nossa saúde.
Ora bem, por razões que agora não vêm ao caso passei o dia todo num hospital.
E andei num permanente vai - vem entre o carro, bem estacionado mas sempre com o cuidado de ter o bilhete do parquimetro actualizado, e o centro clínico.
A determinada altura percebi uma espécie de teima entre diversas homens mesmo perto da entrada do hospital. Não sou grande apreciador de confusões mas esta pareceu-me realmente estranha, porque no meio das pessoas estava um... cão! Pequeno mas... animal!
Decididamente havia ali algo inédito... Assim aproveitei e comprei no quisque um jornal que fiquei distraidamente a ler, mas com o olho e um ouvido nos acontecimentos que decorriam à minha frente. Aquele velho bicho jornalístico a vir ao de cima.
A resposta veio célere. De repente e num gesto de alguma rispidez um homem pegou no animal e abandonou o hospital. Ainda fiquei por ali a deambular algum tempo de modo a certificar-me de que tudo estava sanado e não só... Obviamente que estava desconfiado da razão de tamanho aparato mas necessitava confirmação. E esta apareceu da boca de um dos "teimosos".
- Então não querem lá ver que aquele homem pretendia à força toda entrar com o cão pelo hospital dentro - desafabou com a senhora do quiosque.
- Mas queria entrar mesmo com o canito?
- Queria sim...o idiota! Aparece-me aqui cada um...
Para mim chegava. Voltei para as instalações hospitalares. Um sorriso trespassou-me o espírito.