O título deste texto recorda-nos o início da canção "Tanto mar" de Chico Buarque de 1974.
Mas não é sobre música que quero escrever mas sim dos fantásticos festejos em Honra de Nossa Senhora dos Remédios que decorreram no passado fim de semana, na pequena aldeia de Covão do Feto.
E que festa, meus amigos, que festa!
Se alguém teve dúvidas quanto ao êxito da organização destes festejos, basta perguntarem a quem esteve nos dias 11, 12 e 13 no arraial para perceberem que a "Festa" foi um estrondoso sucesso.
Muita gente da aldeia trabalhou para que este evento fosse um dado adquirido. Porque, como disse Fernando Pessoa: "Deus quer, o homem sonha e a obra nasce".
E na verdade nasceu, ou melhor, renasceu a "Festa" no Covão do Feto.
Um arraial que comportou centenas de pessoas da terra e não só. A música a condizer, ajudando a que o recinto de baile fosse ínfimo. No finais das noites foi visível o cansaço de alguns elementos da organização, mas também percebia-se a alegria de ver tanta, tanta gente.
Noutro contexto todos sabemos que a tradição... é tradição. E para ficar!
Ora por isso mesmo ninguém se admirou por ontem, pouco tempo antes da missa que antecedeu a procissão, ter chovido copiosamente, porque é sabido que quando a Nossa Senhora dos Remédios sai à rua há água pela certa. E tradição que se preze é para cumprir…
Daqui deste humilde espaço, envio a todos quantos colaboraram, directa ou indirectamente, na concepção destes festejos, os meus sinceros parabéns e outrossim um agradecimento por me (nos) terem deixado reviver momentos fantásticos.
Porque a “festa” ainda não acabou… Por isso regresso ao início deste texto e reafirmo: "Sei que estás em “festa, pá!"
Quase três décadas após a última festa na aldeia que me viu crescer, regressam este fim de semana as festevidades em Honra de Nossa Senhora dos Remédios.
Digam o que disserem não há, no Concelho de Alcanena, festa como a desta pequenina aldeia. Não imagino de quem partiu esta iniciativa mas... só pode dar certo! Porque o povo quer e gosta da festa.
Nos últimos anos foi a comunidade ligada à velhinha capela que se organizou para oferendar aos da terra uma singela festa. Com procissão e bailarico. Mas resumiu-se a um só dia...
Desta vez as coisas foram levadas a sério... Finalmente! Já tinha saudades...
A partir de amanhã, na aldeia do Covão do Feto, eu vou lá estar! Até domingo.
Venham também! Serão com toda a certeza muuuuuuuito bem recebidos!
Verdade, verdade é que gostamos sempre da Festa da nossa aldeia. E é normal que assim seja.
Há neste tipo de eventos momentos muito solenes, mas há outrossim alegria, amizade e confraternização (e no Covão do Feto, baile!!!). E quanto mais pequena é a comunidade mais se sente estes (bons) sentimentos.
Cada povo tem os seus próprios interesses perante as Festas. E o Covão do Feto não foge à regra. Nesta altura é premente haver dinheiro para reformular a capela mortuária. Alguns apoios da edilidade são sempre bem-vindos mas obviamente insuficientes. Assim sendo é necessário meter mão à obra e originar receitas.
No entanto organizar uma Festa, mesmo de apenas um dia, não é coisa de somenos. Há muita em que pensar, diversa gente a contactar, um ror de mãos a trabalhar…
Uma missão a roçar o hercúleo!
Serve assim este texto, para de uma forma pública, agradecer a todos quantos trabalharam para o bem comum. E foram tantos… tantos…
Em primeiro lugar e com toda a justiça ao Arlindo pela enorme dinâmica, empenhamento e amizade demonstrados.
A toda a família de Adelino Vaz, sem excepção, por terem partilhado a belíssima Banda Filarmónica do Xartinho. Um profundo gesto de amizade com a aldeia. Bem hajam! Não os nomeio a todos porque de alguns nem sei o nome.
À Deonilde, uma moira de trabalho. E sem dormir…
À Isilda sempre, sempre disponível e atenta aos pormenores.
Ao casal Violeta e António, pelo grande exemplo que são para os mais novos. A idade não é sinónima de imobilidade, bem pelo contrário.
Ao António Joaquim, ilustre Presidente da Colectividade do Covão do Feto e à sua mulher Teresa pela forma como organizaram a equipa para servir o jantar. Um mimo. Os meus sinceros parabéns!
E agora, sem quaisquer preferências: à Manuela, Cremilde, Alierte, Daniel, Carlos, Humberto, João Manuel, Ana Isabel, Marisa, Adriana, Lena, João Rodrigues, Ivone, Lurdes um profundo agradecimento pela permanente disponibilidade demonstrada.
Uma referência muito especial para a Junta de Freguesia de Monsanto, na pessoa do seu Presidente, Orlando, pela forma como ajudou a que este evento se realizasse.
Esqueci-me de alguém? Talvez… Mas acreditem que não é por mal.
Pois foi. No Covão do Feto. Uma aldeia cravada na encosta sul da Serra dos Cadeeiros.
Gente simples, humilde, trabalhadora e amiga do seu amigo.
E foi boa a Festa, pá! Tudo bem organizado, com a Banda Filarmónica do Xartinho a ajudar na animação (e que Banda meus amigos, que Banda), os andores lindíssimos, as ruas floridas e a capela velhinha, velhinha, mesmo em remodelação, parecia rejuvenescida.
Muita gente se empenhou para a realização desta Festa. É neste espírito de entrega sem renegar qualquer esforço, sejam dos mais novos ou dos mais velhos, que nascem as grandes obras.
A não ser aquela bátega de água que brindou a todos quantos participaram na Procissão. Mas ninguém arredou pé. Estugou-se o passo é certo mas todos os santos regressaram à capela, um tanto molhados é verdade, mas… é tradição!
Porque isto da tradição vale o que vale… mas o que conta é que sempre que a Nossa Senhora dos Remédios sai à rua no Covão do Feto, há chuva pela certa.
E ontem, como se previa, lá veio a tal pluviosidade que caiu com força e encharcou quase todos.
Mas a Festa é assim mesmo… Tudo aceite pois essa foi a vontade de Deus.
A noite veio finalmente serena e sem chuva. O salão do Centro Cultural do Covão do Feto, encheu-se de gente boa e… esfomeada que nem a Sopa da Pedra, nem o porco no espeto ou uns Pipis “à maneira”, conseguiram apaziguar. Tudo devidamente "regado"... a sangria e cerveja!
E obviamente como não podia deixar de ser nesta pacata aldeia da Freguesia de Monsanto, o baile durou até às tantas… Como é apanágio deste povo!
Ouvi ontem alguém dizer, com um “grãozito na asa”: festa no Covão sem baile não é festa é enterro.
Rever amigos e familiares é sempre bom. Muito bom mesmo!
Ontem o fim de tarde e noite trouxe-me momentos únicos. Após a eucaristia celebrada pelo Padre João Fanha, parti para o Centro Cultural do Covão do Feto onde se desenrolou um repasto para mais de 200 pessoas.
E foi aqui neste espaço, que reencontrei amigos que não via vai para trinta anos. E conheci outros familiares já descendentes de descendentes. Oa anos passam, a família cresce e nós nem damos por isso.