Pois não estou a falar de nenhuma intempérie, mas somente do que aconteceu ontem com a minha cirurgia.
Deste modo no sábado passado cavei a terra com a ajuda do meu varão mais velho, fiz os regos e no Domingo ao fim da tarde acabei a tarefa de plantar duas dúzias de couves portuguesas
e mais umas couves galegas e bacalãs (uma espécie de coração de boi)!
Por agora parecem todas iguais, mas daqui a uns tempos notar-se-á a diferença. Por enquanto regadas à torneira. Mas aguardo que a chuva faça a parte dela. Ou diria alguém que conheço bem: vale mais um litro de água da chuva que cinco da companhia.
A experiência de anos anteriores obriga-me a concordar.
Há quem, por esta altura, já tenha plantado as suas primeiras couves para o Inverno. O nome delas varia: há quem lhes chame couve branca, mas há também as Pencas de Chaves, as tronchudas e até imaginem as Pão de Açúcar!
Portanto amanhã será dia de principiar a cavar os terrenos livres, preparando-os para receber os novos pés de couve.
Com o calor que tem havido imagino que amanhã a caneta de dois aparos irá gemer. Ela e eu. Mas todos os anos a coisa repete-se mais ou menos por esta altura... (diria que este ano é mais cedo do que é usual).
Pois é... ainda decorre Agosto e já estaremos a pensar no que comer na próxima ceia de Natal! Mas sinceramente se não for assim quando chegar à altura das festas não há verdura alguma à mesa.
Levantei-me cedo para ir à feira comprar couves. Quando lá cheguei havia uma fila com mais de 20 pessoas à minha frente.
Chegou a minha vez e comprei três dúzias de "Penca de Chaves" e outras três de "Pão de Açúcar", uma dúzia de couve galega e outra de brócolos.
Ora a terra estava ainda por cavar. Portanto peguei numa "caneta" de dois aparos e bora lá revolver o chão. Porém de vez em quando caía uma gravanada de chuva e eu tinha de me recolher. Mas teimei, teimei, teimei...
Ao fim do dia e após muitas horas de trabalho eis o resultado.
A foto supra respeita à couves "Pão de Açúcar" e a de baixo às conhecidas e saborosas (assim espero) "Pencas de Chaves":
Hoje por aqui choveu! Não muito, todavia suficiente para entrar na terra e torná-la mais fresca e mais capaz de ser,,, cavada.
Amanhã irei à feira aqui perto para comprar meio cento de couves "pencas de Chaves" ou "Pão de Açúcar" de forma a preencher o quintal. O tempo anda fresco e mais ou menos chuvoso o que agrada sempre às novas plantações.
Todos os anos por esta altura se repete este fado... Para depois na noite de consoada se perceber realmente o resultado de tanta azáfama.
Estranho este Setembro tão dado ao mau tempo (ou será bom?)! Ou melhor... já não estou habituado a intempéries nesta altura do ano. Não é que me incomode, bem pelo contrário, mas que é estranho isso é!
Portanto o dia de Domingo será com certeza entregue à agricultura... caseira! Pode não ser muita, mas é importante para mim já que gosto de ver as couves tomarem forma e tamanho.
Com a cachopita a nosso cargo é obviamente impossível entrarmos na fase de fazer os doces e preparar a consoada com normal antecedência.
Deste modo será hoje a partir da hora do almoço que vamos, literalmente, meter as mãos na massa.
Primeiro as filhós à moda da aldeia Beirã (são boas para diabéticos já que quase nem levam açúcar!) amassadas e tendidas pelas senhoras, mas fritas por mim. Depois será a tarte de amêndoa, mousse de chocolate, cubos de chocolate, pudim de ovos, farófias, rabanadas, bolo de bolacha, bolo imperial, bolo de ananás.
Tudo feito aqui em casa.
E ainda se encomendou: uma lampreia de ovos, castanhas de ovo e umas trouxas da Malveira. Ah faltou falar do molotov que também será feito cá em casa.
Para a consoada teremos o polvo cozido, o bacalhau e um galo enooooooooooooorme. Tudo acompanhado por couves cá do quintal.
Algumas destas já foram distribuídas pela família e amigos. Mas não obstante estarem no meio da cidade não se baixam em qualidade às que trouxe da Beira Baixa.
Esta manhã fui a uma feira aqui perto para comprara mais umas couves, nomeadamente bróculos e mais uma dúzia de "pencas"!
Comprei as couves, paguei e vim para casa.
A terra fora cavada ontem e portanto só me cabia hoje fazer o regos para plantar as ditas couves. Como vinham em sacos separados, retirei-as e contei-as... só porque sim!
Então contei 13 pés. Fui ao outro saco e contei também 13. Pronto era o que tinha e toca de plantar.
Mas enquanto dispunha as pequenas couves, este caso remeteu-me para uma época, por volta dos anos 70, altura em que ajudei o meu pai no seu trabalho de comprar e principalmente carregar as grades de legumes e sacos de cenouras para dentro da carrinha. O Mercado era o de S. Paulo em Lisboa e foi aí que eu percebi que na maioria das vezes uma dúzia... nunca correspondia a doze, mas treze ou até mais.
Foi uma lição de vida que aprendi na altura e que ainda hoje guardo nas minhas recordações.
Iniciamos a semana no Verão para a terminar já na estação de Outono.
Temos um final de Verão quente e a julgar pelas previsões com mais chuva.
A estação que agora termina foi terrível já que nunca se assistiu, na Europa, a uma seca tão forte e atípica.
É óbvio que o homem não manda na Natureza de forma directa, porém indirectamente pode e tem-no, de maneira infeliz, feito.
Um Estio que tudo secou! Rios, fontes, lagos, charcos desapareceram num ápice.
A agricultura estival ressentiu-se disso mesmo e daí muitos produtos terem secado antes da normal apanha. Uvas, tomates, pepinos, pimentos e até algum feijão secaram antes de estarem criados. Já nem falo da azeitona que deve ter caído toda.
É tempo agora de pedirmos um Outono chuvoso de forma a repor a água que falta nas terras e barragens.
Sei que a malta das cidades não gosta de chuva, mas é para o bem de todos.
Porque não se pode ter "sol na eira e chuva no nabal".
Venha de lá esse Outono fresquinho e molhadinho. As minhas couves agradecem!