Esta frase proferida vai para uns tempos pelo actual primeiro ministro terá sido talvez a máxima que norteou a elaboração do próximo orçamento do Estado.
Creio mesmo que tanto PPC como PP estarão exaustos dos últimos anos de governação. Foram tantos os casos, tantas as “argoladas” enfiadas por este governo que são os próprios a não acreditarem num bom resultado dos seus partidos nas próximas eleições. Ainda por cima sendo o adversário mais directo António Costa…
Talvez por isso o orçamento para 2015 reflecte pouca inversão nos cortes de subsídios e pensões enquanto mantêm a Taxa adicional de 3,5% em sede de IRS.
Geralmente em anos de eleições os governos tendem a abrir os cordões à bolsa tentando dessa forma arrecadar mais alguns votos. Todavia PPC não entende assim e mantem a austeridade para o ano que vem, seguindo o exemplo do “amigo” Cavaco Silva no seu último mandato como PM.
Com esta atitude o líder do PSD teima em manter o rumo de traçou para o País, com os elevadíssimos custos que todos sabemos, e para si próprio. Reconheço mérito nesta coerência de Passos Coelho, não se deixando embalar por eventuais benesses que o fizessem eleitoralmente aproximar de Costa.
A partir de agora as portas de saída para o actual PM, nas próximas eleições, escancararam-se. Se alguém ainda tinha dúvidas quanto a isso, com este orçamento, esta passou a ser uma certeza.
Não vi os debates anteriores, mas li alguma coisa sobre eles. Ao que parece no primeiro ganhou o actual líder do PS, já no segundo a vantagem foi para o presidente da edilidade lisboeta.
Do debate de hoje destaco a continuada troca de acusações entre ambos, sem que isso trouxesse alguma luz à discussão. Ideias? Poucas ou quase nenhumas... As mesmas acusações, a mesma retórica, a mesmíssima falta de visão estratégica para o futuro de um país falido.
Enfim, como podem estes nomes serem responsáveis por um governo democraticamente eleito? Com qualquer um deles, sem excepção, o Partido Socialista acabará por se afogar nos seus próprios erros, dando com isso força a uma direita demasiado tecnocrática e subserviente aos interesses europeus e esperança a uma esquerda muito ortodoxa mas profundamente fiel aos seus princípios.
Ainda assim creio, contrariamente ao que já ouvi dizer sobre este debate, que Seguro pareceu-me mais calmo e sereno e senhor de si.
Coisa muito rara em tal personagem!
Leio e releio as ideias programáticas dos candidatos a liderar o PS e noto apenas diferença... na semântica. Tudo o resto é precisamente igual. Ambos querem o mesmo para Portugal: mais riqueza, economia, menos desemprego, reposição dos cortes em salários e pensões. Por falarem ninguém os leva presos. Recordo aqui que também o actual PM disse o mesmo ao eleitorado quando liderou a oposição. E a verdade é que PPC deixou nas gravações esses testemunhos, pois a realidade foi tão diferente, tão diferente que custa até a perceber o que (nos) aconteceu.
Por isso não consigo entender esta troca de ideias dento do PS, quando percebemos duas coisas:
1 - António José Seguro nunca foi um verdadeiro líder da oposição, nunca trouxe a público uma ideia verdadeira e coerente de como fazer diferente de PPC;
2 - António Costa como presidente da edilidade lisboeta mostrou pouca apetência para o cargo. A cidade anda suja, as ruas já não têm buracos, apenas crateras, o trânsito não melhorou rigorosamente nada;
Deste modo como pode qualquer deles, um dia no futuro, ser PM de Portugal?
A demagogia com que estes políticos tentam enganar os portugueses parece ter os dias contados. Creio mesmo que Seguro ou Costa não terão uma eleição fácil em 2015. Claramente ganharão as eleições mas terão uma reduzida margem de manobra para formar governo. Mas tudo dependerá de quem tomar as rédeas do actual maior partido do governo. Se for Rui Rio, o Governo PS vai ter que trabalhar muito e bem, se não quiser ter um "chato" permanentemente à perna. Se por outro lado Passos Coelho se mantiver ou se se perfilar outro candidato à liderença do PPD/PSD talvez a vida do próximo governo socialista se torne mais simpática.
Entretanto não se deve olvidar que os seguidores de José Sócrates estarão sempre à espreita. Com o antigo ministro Pedro Silva Pereira à cabeça. Falta ainda algum tempo para as próximas eleições legislativas mas é bom que alguém no PS vá alertando os candidatos para a vida difícil que passarão a ter assim que forem eleitos. Os portugueses jamais perdoam a quem lhes falta à verdade!