A minha imaginação!
Uma das "vítimas" do meu último livro é um velho amigo que depois de o ter lido me perguntou:
- Como consegues inventar todas estas estórias?
- Basta imaginação...
- Mas muita...
É verdade que já por diversas vezes me perguntei onde vou buscar estas ideias, como consigo decalcar a minha imaginação num simples texto?
A resposta estará algures na minha infância. Naquele tempo as crianças eram educadas sob um regime autoritário sem direito a serem defendidos por APAV's e associações congéneres.
Em casa com um pai sempre a navegar por mares quase sempre alterosos e sem irmãos nem primos próximos, passava o dia sozinho com meia dúzia de brinquedos, maioritariamente "carrinhos" da marca Matchbox com os quais me entretinha o dia inteiro. Foi com estes que, durante anos, brinquei. Sem companhia ia inventando estórias e mais estórias para com elas dar vida às minhas brincadeiras.
Recordo sem saudade esse tempo triste e sem graça, mas provavelmente foi aí que estimulei a minha imaginação e que hoje uso amiúde. Também é certo que sempre absorvi tudo o que me rodeava... fossem factos, palavras ou singelos momentos que depois transferi para alguns dos meus contos.
Finalmente e em jeito de rodapé, gostaria de aproveitar esta imaginação que ainda me sobra e saltar para um patamar de escrita bem superior. Diria que esta fórmula quase "cor-de-rosa" que tenho usado nos meus livros estará quase esgotada. Portanto das duas uma: ou dou agora o salto ou dificilmente sairei deste nível.
(Adoraria ler o livro de contos com que Mia Couto ganhou o prémio Branquinho da Fonseca).
A gente lê-se por aí!