O saber, o conhecimento é uma das melhores e maiores características do ser humano. Nenhum outro animal pretende saber algo para além daquilo que será a sua sobrevivência diária.
Gosto de gente que sabe, de pessoas que falam de coisas com verdadeiro conhecimento. Especialmente quando falam de áreas que não estão ligadas à profissão.
Imaginemos um engenheiro de tecnologia espacial a falar sobre medicina ou um médico a perorar sobre a influência da marreta na guerra das Duas Rosas. É obviamente possível, mas diria que improvável!
Portanto há pessoas que querem saber, só pelo gosto de saberem! Esta ideia é de enormíssimo valor, até porque como não têm quaisquer interesses para além do conhecimento puro e duro, conseguem ser quase equidistantes das opiniões contrárias.
Porém há sempre uma ideia que fica a bailar no meu espírito e que se traduz nesta simples pergunta: para quê saber-se tanto sobre um assunto se eu nunca o irei usar na minha vida?
Poder-se-ia, em teoria, transmitir esse conhecimento a outros, mas há quem nem isso faça... ficam com o saber para si e morrerão carregados de sabedoria.
Isto aflige-me. Talvez por isso escreva diariamente. De forma sofrível é certo, mas pelo menos deixo alguns testemunhos.
Porque depois da minha partida alguém virá... falar (ou não) de mim!
Hoje alguém cá em casa referiu-se a algo que eu havia dito nestes termos;
- Isso é muita sabedoria!
Na altura não dei importância ao meu dito, todavia durante a tarde a frase veio à memória e fiquei a matutar nela.
Acabei por concluir que o conhecimento adquirido através dos anos que a vida nos oferece é deveras importante e essencial, dando-nos ferramentas primordiais para lidarmos com os constantes desafios atravessados no nosso caminho.
Por outro lado a sabedoria é, neste contexto, a forma quase mágica de como conseguimos gerir as nossas emoções perante os ditos desafios. Mais sabedoria mais serenidade na resolução daqueles, menos sabedoria maior ânsia e dúvidas permanentes.
Quanto mais velho maior sabedoria... também se poderia acrescentar. Quase que aceito este quase silogismo, só que tem um erro... Não é a idade que nos faz maios sábios, mas táo somente o que a vida nos ofereceu (seja de bom ou mau!) e o desembaraço com que passamos as coisas para as nossas costas.
Vejo por isso muita gente assustada, receosa e obviamente infeliz porque não consegue gerir com serenidade os seus sarilhos. Os fundados receios devem-se, acima de tudo, à incapacidade de assumirem que os problemas serão enormes ou pequenos dependendo da perspectiva com que os vemos.
Li há alguns anos algo que se assemelhava com isto: quem tem conhecimento ou saber será sempre muito mais rico do que aquele que só tem dinheiro!
Não poderia estar mais de acordo. O conhecimento que alguém adquire será sempre uma arma quase indestrutível e que só a morte poderá apagar.
Todavia pergunto-me muitas vezes de que vale a alguém o saber que tem se não o usa em prol de si mesmo ou, quiçá, dos outros?
Quando leio um livro, vejo um filme, visito um país ou observo um quadro não estou unicamente a angariar conhecimento, cultura, saber, mas estou essencialmente a receber estímulos intelectuais para que um dia possa usá-los, por exemplo, na minha escrita.
Outros letrados poderiam distribuir o saber que acumularam por muitos locais brindando outras pessoas com a sua cultura e o seu conhecimento. Mas para isso é necessário ter dois dons: o dom de expressão e o dom de saber dar. O que por vezes não é fácil!
Sinto que uma das razões para o meu saber é entregar aos outros este património de conhecimento para que eles possam outrossim absorve-lo e depois espalhá-lo.
Como eu tento fazer com a sabedoria que recebo de outrém!