- Ainda era um elemento activo na empresa onde trabalhei mais de 37 anos;
- Era sexta-feira e as regras haviam mudado drasticamente, tudo por causa desta pandemia que ainda nos afecta e infecta;
- Iniciou-se o processo de teletrabalho que para mim durou apenas alguns meses já que me reformei a meio do ano;
- Deixei de contactar com os meus colegas de uma forma mais visível e passei a resolver as coisas à distância;
- Despedi-me do meu gabinete.
Aquilo que parecia ser, há um ano, um interregno de um par de semanas tornou-se num situação quase permanente e para a qual não há fim à vista. Mesmo depois de um Verão quase desconfinado que se viria a plasmar num aumento sucessivo de casos no final do ano e inicio de 2021, o que conta perceber como é que o teletrabalho tem sido observado por parte das entidades empregadoras.
Uma visão que seria interessante desmistificar. Por algumas informações que vou recebendo quem está em teletrabalho, geralmente trabalha mais horas do que se estivesse num gabinete ou num escritório.
Há um ano ainda acreditávamos que iríamos passar pelos intervalos da chuva desta pandemia. Porém a realidade foi tenebrosamente diferente e hoje vivemos aquilo que este vírus nos deixa viver.
Tanta coisa mudou no Mundo e em Portugal. O que há um ano parecia uma profunda utopia é hoje uma triste realidade.
Estas estórias dos confinamentos e contínuos desconfinamentos acordou a já minha fraca memória para um programa de humor brasileiro que passava na televisão nos longínquos finais do anos 70 e inícios dos anos 80 e que se chamava "O Planeta dos homens", onde o humorista Jô Soares, entre outras personagens, fazia de padre italiano e após conversa com os noivos acabava sempre com a mesma frasa: para evitar o casa, separa, casa, separa, casa, separa, eu não caso!
Em Portugal vivemos momentos confusos, em que cada pessoa interpreta a lei à sua maneira (para não dizer jeito!). Por isso andamos neste sobe e desce de casos e mortes, qual montanha russa.
Desta vez nem culpo o governo que após o primeiro confinamento assumiu que o país não aguentaria nova paragem da economia, acabou por ser obrigado a decretar o fecho de tudo face ao número assustadoramente gritante de casos, internamentos e mortes.
Também é certo que nenhum de nós, por muito que opine e ache que deveria ser assim ou assado, tem a solução perfeita para o que vivemos. Nem sequer os médicos. Diria mesmo que estes últimos serão os que estarão mais aprensivos quanto ao futuro mais ou menos breve.
A vacina pode porventura ajudar, mas não me parece suficiente, até porque já há casos de vacinados que infectaram outras pessoas...
Há que avaliar bem os factos e decidir, não em face de interesses mais ou menos economicistas dos diversos sectores, mas perante a necessidade e cuidado da população.
Neste momento tenho em casa quatro equipamentos informáticos portáteis. Três são meus e um é da minha mulher.
Isto é... tenho mais equipamentos que muitas escolas. Infelizmente!
Mais uma coisa... posso avançar que estes computadores não sendo novos, nem topo de gama serviriam perfeitamente para os alunos.
Sugiro por isso que grandes empresas que vão mudando sistematicamente de equipamentos dos seus colaboradores, possam entregá-los ao Ministério da Educação de forma a que aqueles cheguem aos alunos confinados.
Pois é... mas nesta estória da distribuição de equipamentos informáticcos há outros interesses... provavelmente mais importantes que os próprios alunos!
Desde Setembro que tomo conta da minha neta que hoje conta com 11 meses. Esta presença agora permanente durante a semana e durante todo o dia, levou-me claramente a entender as dificuldades daqueles de quem tem filhos pequenos e que tem de trabalhar a partir de casa.
Já não me lembrava de como uma criança é profundamente absorvente e de como requer atenção a 100 por cento. Nem sequer imagino como será com duas ou mais presentes de diferentes idades e curiosidades.
Mesmo com canais televisivos dedicados às diversas idades das crianças tenho que reconhecer que os pais confinados em casa e em teletrabalho são uns verdadeiros heróis e amplamente premiados com... coragem.
Para todos eles vai um forte abraço de solidariedade.
Por causa do confinamento obrigatório ao fim de semana decretado pelo nosso simpático governo, já reservei mesa para a família no meu restaurente preferido para as 5 da manhã de amanhã.
É que tive receio que não houvesse mesa se lá aparecesse sem reserva...
Saí como escrevi ontem, mas não socializei com ninguém. Nem com os meus pais, somente adeus e abraços virtuais.
Entretanto hoje telefonei a alguém do trabalho para perguntar como seria o futuro mais ou menos próximo.
A resposta veio célere... ainda por casa!
E sabem uma coisa... ainda não me cansei de andar por aqui, de visitar as minhas culturas, nomeadamente os tomateiros que começam (finalmente) a ganhar força,
de percorrer alguns dos meus livros para perceber qual irei ler a seguir,
de olhar o jardim mais ou menos florido (as roseiras estão na sua maioria atrasadas).
Pode ser que um destes dias a coisa estoire e tenha mesmo de sair, mas por enquanto está tudo tranquilo.
Hoje tive necessidade de ir à aldeia dos meus antecessores buscar batatas. As que por aí se compram não prestam e num ápice fazem-se negras. Ao invés as do meu pai, mesmo velhas, ainda são muito saborosas.
Assim aproveitei a calada da noite para ir à aldeia buscar as ditas batatas e mais algumas coisas. Nada de beijos nem abraços, mantive o afastamento, sem bem que não esteja infectado e eles também não, cumpri, pelo menos, com essa regra.
Fiz nesta viagem 233 quilómetros em menos de duas horas e meia conforme ficou registado no mostrador do meu carro,
Todavia o que realmente achei estranho foi andar na A1 sem qualquer carro. Uma coisa nunca vista. Aquilo parecia um deserto, parece que vivemos sós, sem mais ninguém ao nosso redor.
Estalou o verniz sobre as comemorações do 25 de Abril na Assembeia da República.
Vou saltitando de texto em texto e de mensagem em mensagem e percebo como esta estória, que nem para a história fica, tem agitado as águas neste país comummente denominado de "brandos costumes".
Correm por aí petições contra e a favor das ditas comemorações! Lêem-se ataques acintosos aos que têm opiniões contrárias, roçando muitos deles a ofensa. Outros, pelo contrário, vão tentanto expor as suas opiniões baseadas nas suas convicções políticas ou não... num tom educado, todavia assertivo.
Tudo isto concorre para agitar as águas políticas deste rectângulo maioritariamente confinado e à beira de um (ou mais) ataques de nervos.
Mas há nestas próximas comemorações uma estranha contradição... Como posso comemorar o 25 de Abril (Dia da Liberdade!) se não a tenho, se neste momento não sou um cidadão com os meus direitos todos activos?
Provavelmente não seria mau alguém pensar nisto...
Quero aqui finalmente recordar que vivi aqueles acontecimentos históricos que muitos dos nossos actuais deputados apenas conheceram quando andaram na escola...
Prometi ao Último que um destes dias viria aqui falar da minha horta. Um espaço relativamente pequeno (e ainda bem!), mas que ainda assim dá muito trabalho mantê-lo em condições aceitáveis.
Aproveitei então esta manhã de sol tornando o ar tépido e acolhedor para tirar algumas fotos do estado em que estão as culturas e de algumas árvores.
Comecemos pelo cebolo que já ganhou altura preparando-se para que as folhas comecem a secar. Este ano plantei menos até porque em anos anteriores as cebolas acabaram por grelar e deitei muitas fora.
Logo a seguir semeei, no passado dia 19 de Março, uns poucos feijões. Durante umas semanas as sementes não deram sinal mesmo após algumas regas. Mas foi a água da chuva dos últimos dias que deu força e empenho aos feijoeiros. Mesmo ao lado foram plantadas umas alfaces. Todavia a sombra de um limoeiro retira-lhes alguma luz.
No leirão de cima do quintal surge a parte maior. Durante o final do Verão, todo o Outono e Inverno este pedaço de terra esteve repleto de couves brancas, mais conhecidas pelas Pencas de Chaves. Só que entrando a Primavera é tempo de mudar de cultura e eis que surge a plantação de tomateiros e curgetes. Se os primeiros começam a ganhar força, as primas dos pepinos estão fracas. Tudo porque após a plantação caiu uns dias frios que as arrepiou. Aguardam-se agora os dias mais quentes de forma a ganharem estaleca.
Termino com a minha primeira vez com alhos. Jamais os havia semeado. Aparentemente estão com bom aspecto... Veremos!
Termino com as imagens de umas ameixas e das laranjas ainda mui pequenas. Um mimo!
Daqui a uns tempos voltarei aqui com novas fotos... Até lá confinem-se e fiquem em casa.
Melhor que ninguém os políticos deveriam saber que as suas palavras têm sempre diversos pontos de interpretação, a saber: o que verdadeiramente foi dito, o que se ouve e o que se quer ouvir.
Posto isto avancemos então.
Ontem o PR tentou doirar a pílula do dia seguinte, isto é, tentou assumir algum compromisso com o futuro próximo no sentido de um desconfinamento. Erro crasso num país que está parado, enclausurado e desertinho para andar na galderice.
Hoje tive de ir ao pão. Como não tenho padaria perto de casa tirei o carro da garagem e fui ao centro comprar pão. Mas nem saí do carro. A minha mulher seguindo os preceitos manteve-se distante, comprou o pão, veio para o carro e cinco minutos após ter saído de casa estava novamente a confinar o carro à garagem.
Mas ainda assim consegui perceber um número inusitado de pessoas em amena cavaqueira nos passeios, se bem que algumas com máscaras, como se fosse um perfeitamente normal sem ser em estado de emergência.
Estranhei e mais à frente reparei noutro grupo. Nas paragens dos autocarros as pessoas estavam quase encostadas umas às outras em vez de manterem a distância.
Resultado… tenho a sensação que em Maio e meses seguintes a pandemia estará a Portugal ainda com mais força do que em Espanha.
Se agora tenho algum receio de andar na rua, se for obrigado a ir trabalhar para o mês que vem, passarei a ter pavor.