A (boa) cidadania não é um privilégio das pessoas de bem, mas uma (quase) obrigação de todos aqueles que vivem em sociedade. E não importa qual o estatuto que cada um apresenta, estudos que tenha ou dinheiro que exiba. Todos, mas todos devemos perceber que vivemos num mundo que não é exclusivamente de cada um de nós, por muito que isso custe a muita maltinha.
Hoje curiosamente alguém me contou um episódio com um condutor que desejava estacionar num lugar reservado a pessoas com mobilidade reduzida. Outra amiga comum entrou também na nossa conversa e reportou caso semelhante.
Portanto uma... anormalidade quase normal!
Coincidência hoje surgiu-me um caso semelhante. Duas moradias antes da minha é um restaurante. Muitos clientes vêm a pé, mas outros chegam de carro. Estes, sem qualquer problema, têm a tendência de estacionar em cima dos passeios, que já de si não são muito largos, reduzindo o espaço para os peões passarem. Ora como calculam o passeio à frente da minha casa é muito apetecível para estacionar.
Hoje andava a tirar ervas do dito passeio. Não tenho muitas, quase nada, mas mantendo assim tenho menos trabalho. De repente percebi um carro parado na estrada. De relance vi que estava à espera que eu saísse para ocupar o lugar. Mantive-me a trabalhar. Até que de súbito sinto tocarem-me no ombro:
- Bom dia, diga! - perguntei.
- Vai ficar aí muito tempo?
- O que isso o incomoda?
- Ah preciso de estacionar aí...
- Ok. Então deixe-me lá ir dentro buscar a máquina de Multibanco. Ou se preferir pode pagar via MBWay.
Completamente desarmado com esta minha atitude, ainda ousou:
- Mas aqui paga-se?
- Claro! Então o senhor quer ocupar indevidamente um espaço pedonal, ainda por cima à borla! Nem pensar!
Terminei com esta tirada:
- Mas fique já ciente que vou cortar a minha relva (mentira), mas não serei responsável por algum vidro partido vindo da máquina.
O homem dá um salto para trás, mete-se no carro e não sei se foi estacionar noutro lado ou simplesmente foi embora. Nem me preocupei!
Este foi um caso entre centenas ou milhares que assistimos diariamente.
Os condutores a par dos fumadores serão, quiçá, das pessoas menos conscientes com os outros. Eu sei que esta é uma bravata minha bem antiga, mas de vez em quando gosto de lembrar às pessoas que viver em sociedade não é só ter muitos amigos no feicebuque, mas simplesmente aceitar algumas regras tão básicas como "apenas" respeitar os outros cidadãos!
Em termos gerais ou normais como lhe queiram chamar o povo português é boa gente. Obviamente que há sempre alguns mais parvos que outros, mas faz parte.
Gostamos de ajudar, especialmente se isso nos trouxer satisfação pessoal. Gostamos de bem receber quem nos visita, de preferência estrangeiros a quem muitos adoram enganar. Gostamos de festas, beber e comer alarvemente. E finalmente adoramos ser aquilo que não somos!
No entanto neste mundo luso, do Minho ao Algarve, há algo que não nos enobrece e continuamos a ser imbecis, com as consequências que vamos assistindo quase todos os dias. Falo da nossa má cidadania automobilística.
Temos muito que aprender com alguns países na nossa Europa. Mas não seremos únicos já que testemunhei casos como os nossos em Itália, principalmente no sul, e em Espanha onde, por exemplo, o sinal laranja... é para acelerar!
Em Portugal não se pode andar devagar... Se o fazemos arriscamo-nos a sermos vilipendiados e a nossa família até à décima geração por condutores que se consideram donos da estrada. Aquilo são buzinadelas, sinais de luzes, um constante esbracejar... quase desesperado, para no fim ultrapassar o carro mais lento uma via mais larga e ficar ao lado no semáforo vermelho.
Gostraria realmente de perceber o que passa na cabeça de muito portugueses... Fora do carro sáo gente pacata, serena e sempre bem disposta, mas basta entrarem num carro para encontrarem um "onofre" que os liga para a posição... besta!
Mas são tantos... então nas filas de trânsito... ui... Há quem lhes chame carinhosamente os... desembaraçados!
Hoje atravessei a ponte 25 de Abril por duas vezes. A primeira de Norte para Sul, a segunda no sentido inverso. Se juntar os tempos desde que saí até que cheguei ao destino, diria que da primeira vez gastei cerca de 45 minutos de porta a porta e no regresso demorei mais de hora e meia.
Não percebi a origem de tanto trânsito no regresso à capital pelas seis horas de uma tarde quente (o meu carro marcava às 18 horas e 45 minutos perto de 30 graus).
Entrei em fila bem longe da Ponte, ainda nos acessos ao final da A2, mas deu para perceber como o povo automobilista continua a ser... uma verdadeira besta na estrada.
Respeito, cidadania, educação são palavras que os anormais condutores aboliram do seu léxico e muito mais das suas atitudes. Na estrada vale tudo: cruzar riscos contínuos, entrar na fila à frente de muita gente de forma abrupta, atravessar-se na estrada evitando que outros passem de forma a deixar fluir o trânsito, apitar a todos, são alguns dos (maus) exemplos a que assisti hoje. Já para não falar do excesso de velocidade, especialmente nas auto-estradas, que continua a ser uma constante, colocando outros em perigo.
Que eles se estampem não me preocupa... o que eu não gostaria era de ser envolvido nalgum acidente devido à irresponsabilidade de uns condutores, que após sairem das suas viaturas estranhamente se transformam em verdadeiros cordeiros.
Urge,portanto, corrigir estas atitudes pouco civilizadas.
Que só abrandarão se, em vez de multas, as autoridades apreenderem as viaturas. Seria uma boa maneira de alguns condutores passarem a conduzir de forma mais calma. Porque multas... raramente são pagas!
Quem aqui me lê sabe que eu tenho uma espécie de bravata contra os peões, acima de tudo pela forma como assumem que só têm direitos especialmente nas passadeiras onde (quase) literalmente se atiram para atravessar uma rua. Depois há sempre quem atenda telemóvel, ajeite a gola do casaco da criança, que discuta com alguém e tudo em cima da passadeira... e os condutores à espera!
Eis agora o outro lado da moeda, cabendo-me chamar a atenção para os condutores e para a forma como estacionam os carros na rua. Se não ouver estacionamento em espinha toca a parar em cima do passeio ocupando deste modo um espaço que é pertença de todos os transeuntes.
Ora como sabemos a nossa população está cada vez mais velha e com isso mais limitada de movimentos nas suas pequenas deslocações. Já para não falar de pessoas com outras limitações...
Hoje de manhã quando fui à padaria percorri mais de um par de quilómetros a pé tendo deparado com uma quantidade de carros estacionados em cima do passeio, de maneira que tive de ir para a estrada de alcatrão para poder presseguir.
Para piorar a coisa a maioria das pessoas que estacionam o carro no passeio têm garagem ou pátio onde caberia o veículo em causa. Porém é sabido que a maioria usa as garagens para funções diferentes para que foram concebidas.
Provavelmente nenhum deles terá familiares com problemas de locomoção (idosos, cegos, deficientes) e daí não perceberem que há quem necessite de andar no passeio para sua própria segurança.
Face a este triste panorama tenho a certeza de que a nossa sociedade está cada vez mais egoista. Depois há umas campanhas muito solidárias mas a cidadania não é existe só por decreto!
Já escrevi por diversas vezes que sou contra as passadeiras de peões. Essencialmente aquelas que não têm sinalização luminosa e somente indicação horizontal no chão, vulgo zebras.
Considero que estas passadeiras não fazem parte da solução para a segurança rodoviária, bem pelo contrário, já que grande parte dos atropelamentos surgem naqueles lugares. E se a culpa destes acidentes são geralmente atribuídas aos condutores também é certo que os peões são pouco cuidadosos pois não se coibem de entrar numa passadeira sem sequer preocuparem com os carros que possam aparecer.
Quem conduz tem que ter sempre mil olhos para o que rodeia. Mas nas passadeiras a atenção tem de redobrar. Um destes dias estava perto de casa e ia devagar. De súbito sai de um prédio uma senhora que acto contínuo entrou na passadeira que se estendia à sua frente sem sequer olhar para qualquer dos lados tentando minimizar o perigo.
Sei que é uma guerra perdida e portanto basta-me aqui desabafar.
Mas há também o inverso: o condutor que acha que só tem direitos e os peões que se tramem. Então se falarmos em estacionamento...
O passeio à frente da minha casa e de todo aquele bairro não medirá mais que um metro a um metro e vinte de largura. A calçada está amplamente danificada e assaz irregular. Se juntar a isto os carros estacionados tenho que ir para a estrada se quiser andar. Ora ultimamente tenho andado a passear a minha neta no seu transporte indicado. Todavia a maioria do tempo ando na estrada pela impossibilidade que o fazer no passeio. Essencialmente pelas tais viaturas estacionadas e que me inibem de andar onde deveria.
Apetece-me tantas vezes passar com objectos fortes que amolgassem as viaturas indevidamente estacionadas. Talvez começassem a perceber que o seu lugar não é ali. Porém se o fizesse seria tão imbecil e mal formado como eles.
Entretanto a polícia passa na rua e nada faz. Fecha os olhos a tudo isto como tudo estivesse impecável.
São cinco e meia da tarde e estou de regresso a casa. O trânsito nesta altura do ano e do dia, após as férias de Natal, deixou de ser fluído e ralo.
Entro numa IC que me levará para o epicentro de uma série de acessos complicados já que há vias cortadas.
Quando chego ao primeiro estreitamento de via tenho de me chegar à direita, perdendo deste modo a prioridade. Geralmente ali usa-se o sistema de roda dentada que normalmente resulta desde que à frente não haja acidentes ou outros transtornos.
Estava prestes a chegar quando vejo pelo espelho retrovisor alguém a fazer-me sinais de luzes. A primeira coisa que pensei foi que seria alguém conhecido, mas logo percebi que não era, já que o condutor colara-se à traseira do meu carro sempre com a pressa estampada nos sinais de luzes.
Faço sempre uma condução muito defensiva, por via das coisas. E jamais me enervo. Portanto quando pude passei para a faixa ao lado deixando-o passar.
Só que o carro que ficou à minha frente não estava pelos ajustes e deixou-se ficar na sua faixa enquanto o apressado - uma carrinha pickup – tentava apertar com o outro condutor que manteve o sangue frio e não o deixou passar.
O desembaraçado teve de travar profundamente, caso contrário ficaria entalado. Eu fiquei agora atrás do apressado que logo que teve oportunidade passou o carro à sua frente demonstrando depois o seu visível e irracional desagrado.
Ambos seguiram por outros desvios e nem sei quais foram as consequências destes comportamentos pouco cívicos.
Mas de uma coisa estarei certo: nenhuma escola da especialidade ensinará os novos alunos a conduzir assim.
Então onde será que se aprende a ser mau condutor?
Hoje tinha uma quantidade de coisas para fazer depois do trabalho e antes das oito da noite, hora a que jogaria o meu clube em casa e onde queria estar presente.
Portanto despachei o trabalho, saí muito cedo, fui buscar a minha mulher, como sempre o faço, ao trabalho e dirigi-me para casa. Ou tentei.
À saída para uma estrada apercebi-me de um movimento anormal. Pensei que fosse coisa momentanea, mas quando entrei no desvio deu para perceber que a fila de carros ultrapassava o que a minha vista alcançava. Náo era necessário ser adivimho para descobrir que houvera algures, lá à frente, um acidente.
Passados alguns minutos o rádio confirmou que havia um grave acidente que deixara somente, das quatro faixas de rodagem uma livre.
Resultado... tive mais de uma hora num pára-arranca quase interminável. Daqui concluí que a bola já era tendo em conta que havia muita coisa para resolver até à noite.
Ora bem o acidente ocorreu num local onde os carros procuram desviar para outras faixas mais à esquerda enquanto outros da esquerda tentam seguir pelo desvio à direita... Toda a gente conhece aqueles acessos e o imenso movimento que eles trazem. Por isso estranho que haja alguém que entre naquela zona em velocidade excessiva e/ou munindo-se de manobras "à desembaraçado" arriscando a criação de acidentes com alguma gravidade, como foi o caso de hoje.
Há neste tipo de acidentes sempre um culpado mor, não vale a pena escondê-lo. Fica então a pergunta:
"Tomando em consideração o prejuízo que o acidente causou a milhares de automobilistas qual deveria ser o castigo para o culpado... retirar-lhe a carta por muito tempo ou retirar-lhe simplesmente a viatura?"
Sempre que estou de férias reservo um dia para dar um passeio mais longo com a família. Juromenha, Serpa, Évora, Castelo de Vide são alguns exemplos de visitas. Este ano a escolha recaiu na Praia de Odeceixe. Há muito que andava com o fito de a visitar. Um local muito bonito onde desagua o Rio Mira, com diversas praias, recatadas umas, mais expostas outras, mas ainda assim a merecerem todas a nossa especial atenção. O caminho até lá é relativamente bom com natural movimento tendo em conta a época do ano em que estamos, mas faz-se bem. Faltará, contudo, algumas indicações bem antes do lugar, já que só perto da povoação se percebe onde estamos. Valeu-me o GPS. Fiz por isso hoje 446 quilómetros entre auto-estradas, vias rápidas, IC’s, estradas nacionais e outras regionais. Constatei infelizmente que continuamos a ser um país de condutores pouco cuidadosos. As ultrapassagens que fizeram quando eu rodava à velocidade de 90 quilómetros por hora e com riscos contínuos arrepiaram os meus locais mais recônditos. Não me preocupo se colocam a vida deles em perigo… O que eu não pretendo é que coloquem a minha e a dos meus também no risco vermelho. A enormíssima falta de civismo e educação na estrada é óbvia e visível. Definitivamente a paciência não é, de todo, uma qualidade dos lusos condutores. Talvez assim se explique a enorme mortalidade nas estradas portuguesas.
Esta manhã no carro ouvi a radialista dizer: Acidente no cruzamento da Rua Tomás Ribeiro com a Avenida Fontes Pereira de Melo a condicionar o trânsito"
E eu já na dita Avenida imobilizado numa fila.
No tal cruzamento fiquei parado por ordem policial. Aqui pude ver o INEM que tentava cuidar de uma vítima deitada no alcatrão, uma viatura partida e uma motorizada despedaçada, para além do aparato policial e mais uma ambulância.
A determinada altura foi-me dada autorização para seguir viagem, não obstante o sinal vermelho e enquanto me aproximava do meu destino, fiquei a pensar no que acabara de observar.
Aparentemente um dos veículos não respeitara a sinalização vertical, vulgo sinal luminoso. Provavelmente porque... estava com pressa. Com tantas vezes reparamos...
Porém a pressa ficou ali parada à mercê do paramédicos, da polícia e restantes mirones. Transformou-se em vagar!
Seria bom que todos percebessem, de uma vez por todas, que a pressa é inimiga do bem e do correcto.
O meu filho mais novo detesta conduzir na cidade. Pelas filas intermináveis, pelos condutores especializados em fazerem tangentes ou por taxistas por vezes demasiado desembaraçados.
Eu ao invés, até não me importo de conduzir na urbe. Já sei que com o que contar e deste modo vou-me acautelando quando ando nas ruas de Lisboa.
Todavia também eu tenho muitos receios na condução. Curiosamente é fora da cidade e ao fim-de-semana que o meu temor se incrementa.
Aos Sábados e Domingos é normal ver maltinha a conduzir de forma muito estranha. Para eles não há sinais, prioridaes, nem limites de velocidade. E os traços contínuos, bem marcados na estrada, servem unicamente para serem atravessados.
Julgam-se autênticos "sennas" do volante quando o que fazem é cenas... tristes!