O silêncio é de ouro!
Haverá pouco mais de um mês escrevi este postal, tudo por causa da maneira como cada um dirima a sua própria doença, especialmente através da quantidade de comprimidos que toma.
O curioso é que ontem calhou a vez ao meu pai que do alto dos seus 91 anos de idade dizia, quase com graça, à médica que o anda a seguir, após esta lhe ter receitado mais um comprimido:
- Ó Dôtora daqui a nada não me chega um dia para todos os comprimidos que tenho de tomar...
Ao sorriso da médica, continuou:
- Mais um comprimido significa que estou cada vez pior...
Para finalizar:
- Acha que vale a pena?
A médica desfez-se em razões quase óbvias, mas o meu pai não ficou muito convencido! Já no carro a caminho de casa, apercebi-me que fazia contas. Nada lhe disse pois já imaginava que seria dele que partiria a conversa:
- Sabes quantos comprimidos tomo por dia?
- Isso interessa? O que realmente conta é que cada um tem a sua função profilática ou curativa.
Um silêncio que estranhei. De súbito remata:
- Curativa? Ou será para adiar o que é certo?
Percebi a sua ideia, mas não lhe respondi... O silêncio nestes casos é de ouro... fino!