Estalou o verniz sobre as comemorações do 25 de Abril na Assembeia da República.
Vou saltitando de texto em texto e de mensagem em mensagem e percebo como esta estória, que nem para a história fica, tem agitado as águas neste país comummente denominado de "brandos costumes".
Correm por aí petições contra e a favor das ditas comemorações! Lêem-se ataques acintosos aos que têm opiniões contrárias, roçando muitos deles a ofensa. Outros, pelo contrário, vão tentanto expor as suas opiniões baseadas nas suas convicções políticas ou não... num tom educado, todavia assertivo.
Tudo isto concorre para agitar as águas políticas deste rectângulo maioritariamente confinado e à beira de um (ou mais) ataques de nervos.
Mas há nestas próximas comemorações uma estranha contradição... Como posso comemorar o 25 de Abril (Dia da Liberdade!) se não a tenho, se neste momento não sou um cidadão com os meus direitos todos activos?
Provavelmente não seria mau alguém pensar nisto...
Quero aqui finalmente recordar que vivi aqueles acontecimentos históricos que muitos dos nossos actuais deputados apenas conheceram quando andaram na escola...
Se naquela quarta-feira me dissessem que 35 anos mais tarde estaria ainda a trabalhar na empresa, provavelmente diria que estavam loucos.
Todavia, aquelo número de anos passou tão rapidamente que ainda me recordo a roupa que vesti nesse dia (que já não tenho!). Outros pesos e outras medidas…
Tinha 23 anos. Não aproveitei a oportunidade de estudar numa universidade e depressa entrei no mercado de trabalho. Mas naquela manhã encontrei na recepção a R. uma antiga colega que não via fazia muitos anos.
Após dois dias em conjunto, ao terceiro cada um partiu para o seu Departamento para o qual estava previamente selecionado. O normal… naquela altura.
Curiosamente ou não ficou desse grupo, de pouco mais de uma dúzia de pessoas, uma enorme amizade que ainda hoje perdura.
Aos 15 anos preparei o primeiro encontro/almoço entre todos. E organizei alguns outros com o mesmo fito: juntar a malta daquele 6 de Outubro. Hoje as conversas são mui diferentes do início. Fala-se de reformas, netos, dores e afins… o usual em malta a rondar os (quase) sessenta anos.
O tempo passa tão depressa que nem damos por isso. Num dia somos jovens carregados de ideias para mudar o Mundo para, passado todo este tempo, percebermos que o Mundo é que nos mudou.
Quero aqui finalmente enviar um abraço a todos quantos fizeram (e ainda fazem) parte de mim e que hoje comemoram, tal como eu, as tais bodas de coral.
Obrigado por fazerem parte da minha história. Sem todos vós, sem excepção, eu não seria, certamente, a pessoa que sou hoje.