Como automobilista prefiro andar mais um ou mais quilómetros para fugir aos centros urbanos que atravessar uma cidade em pleno dia. Tudo por causa das passadeiras de peões que, como todos sabem, são para mim horríveis.
É verdade que este meu despeito advém de um acontecimento (leia-se atropelamento) que eu causei numa passadeira vai para mais de uma dezena de anos. Um momento que marcou a minha vida para sempre, não obstante o peão ter ficado bem (esteve uns dias em observação no hospital de Santa Maria, mas saiu sem mazelas).
Todavia há algumas que não posso evitar, como por exemplo ao fim da minha rua onde há uma passadeira sempre com muita gente a passar.
Ora um destes dias parei nessa zebra rodoviária para permitir que uma mãe a atravessasse em segurança, levando uma criança pela mão. Enquanto percorriam os três a quatro metros da rodovia, o menino olhou para mim e fez-me adeus sorrindo, num agradecimento que me envergonhou, já que não o costumo fazer quando sou peão.
Fiquei a matutar naquele gesto tão genuíno e tão puro e concluí que mesmo com esta idade ainda tenho muito para aprender! Mesmo que seja cidadania!
Uma das minhas involuntárias valências prende-se com a facilidade que tenho em encontrar lugar para estacionar o carro. E não me estou a referir a parar em cima de passeios ou em outros locais indevidos. falo que locais próprios. Mesmo que haja uma enorme procura de um lugar por outros condutores eu consigo de forma "quase" natural encontrar um buraquito para enfiar o meu carro.
Devo acrescentar que esta valência já tem herdeiros: os meus filhos!
Esta suposta valência tem um estranho nome: "o amigo invisível". Este epíteto é mais usado quando a minha neta anda comigo no carro. Com frequência é dito: o avô tem um amigo que inventa um lugar para estacionar! Curiosa como qualquer criança, a miúda pergunta sempre: mas onde está o amigo do avô? A resposta é invariavelmente a mesma: é um amigo invisível!
Ora um destes dias fui ao Museu de Marinha com a cachopita. Bem perto do museu, mesmo defronte do CCB há um parque de estacionamente sem ser pago e por isso há sempre uns arrumadores a aproveitarem-se do sítio para abichar uns euritos dos condutores.
No entanto o mais curioso foi a minha neta que vendo os arrumadores gritou de contente:
- Olha avô o teu amigo está ali! - e apontou um dos arrumadores.
Cantou Liza Minelli num filme de Martin Scorcese, mas foi superiormente imortalizada por Frank Sinatra uma canção sobre a cidade que "nunca dorme" e que se chama Nova York!
Este "nunca dorme" sempre alertou em mim uma certa consciência de que as grandes cidades são locais de vida... permanente.
Esta madrugada tive de levar um dos meus filhos ao Aeroporto. O vôo era muito cedo e vai daí saímos de casa pelas quatro e meia da manhã. Àquela hora o movimento na estrada era diminuto, mas conquanto me fui aproximando da capital aquele foi crescendo.
Quando cheguei ao Aeroporto a fauna de carros e pessoas era tanta, que quase se assemelhava a uma hora diurna. Viaturas, pessoas tudo numa amálgama que me fez lembrar a tal letra da música de John Kandar, sobre a cidade dos Estados Unidos.
Há diversas zonas de Lisboa que parecem nunca dormir. O aeroporto parece uma delas.
Bem encostado ao Centro Cultural de Belém embutido numa parede lateral de um antigo edíficio logo ao início da Rua Bartolomeu Dias em Pedrouços encontrei a escultura infra,
Por esta parte nunca tinha visto um escultura deste tipo. Para além da utilização de lixo urbano e não só este "Guaxinim" ocupa espaço no eixo vertical mas também horizontal!
Eu que nunca fui um entendido em artes plásticas, olho para esta obra e fico simplesmente sem palavras. Ao longe percebe-se o animal como um todo, quase como se tivesse vida, mas bem perto descobrirmos que toda aquela arte é feita disto.
Qualquer coisa como... lixo! Simplesmente de génio.
Já por mais de uma vez que refiro que Lisboa deixou de ser uma cidade pacata para se tornat uma espécie de torniquete com gente a entrara e a sair.
Comprfeendo que o turisto poderá ser o petróleo do futuro, especialmente para aqueles locais que souberem agarrar o estrangeiro de todas as maneiras e feitios.
Talvez por isso a cidade de Lisboa, especialmente a Baixa Pombalina e arredores, esteja quase transformada num enormíssimo estaleiro de obras.
De vez em quando tenho afazares na capital. Para tal levo o carro que estaciono num dos parques da cidade, geralmente o que fica na praça do Munícipio, e vou à minha vida.
Mas hoje a viagem correu menos bem, Como não oiço nem vejo notícias, nem vejo televisão não me apercebi de greve na CP. Resultado demorei quase uma hora para chegar onde queria e depois de tudo tratado demorei mais hora e meia a sair da cidade.
Portanto imaginem este cocktail urbano: obras e mais obras, com cortes de vias e muitos desvios, greve de transportes, pré-época de Natal com as descargas habituais de produtos por tudo o que é loja, e a cereja no topo do bolo, a chover...
Dá para perceber que a cidade já de si muito trapalhona tornou-se hoje profundamente caótica! Como já não via há muito tempo!
Após 10 dias na aldeia eis-me na cidade que continua na mesma... aceleração! Enquanto na Beira especialmente dentro das povoações os condutores andam devagar, nas urbes... tudo é auto-estrada!
Quando entrei na A1 o movimento cresceu bastante. Eu mantive uma velocidade entre os 80 e 90 quilómetros hora. Vinha carregado e não queria ter sarilhos. Depois já era noite e nestas alturas todo o cuidado é pouco.
Conquanto me aproximava de Lisboa maior era o movimento e mais depressa passavam os outros por mim.
Após dez dias num local calmo e sereno custa-me regressar à cidade sempre tão apressada. Sobretudo por saber que a pressa geralmente transforma-se em vagar.
É a hora de descansar já que estou a pé desde as 6 da manhã e só agora consegui parar (são neste preciso instante 23 horas).
A chuva é um daqueles elementros naturais que mais falta faz à Natureza. Seja para regas nos campos, seja para alimentar rios e riachos, seja essencialmente para repor os níveis freáticos no sub solo.
Ontem após ter chegado da aldeia (que sorte!) principiou a chover. Choveu tanto que o meu depósito, que leva um metro cúbico de água, encheu-se em menos de nada.
Sei que a população citadina lida mal com a chuva... Há mais trânsito nas estradas, mais acidentes, mais atrasos. Depois perguntam, e quiçá com alguma razão, para que serve chover na cidade?
Certo é que ninguém manda na Natureza e esta só fará aquilo que entender e não o que muitos gostariam que fizesse.
Por aqui chove, por vezes, com alguma intensidade, mas as sargetas continuam desentupidas. É o que vale, senão de outra forma muita água iria parar à estação de comboios e inundá-la-ia.
Agora um mês assim a chover é que calhava mesmo bem... Ou se calhar não que ainda tenho azeitona para apanhar na Beira-Baixa... e não me apetece andar (outra vez!!!!) à chuva!
Hoje atravessei a ponte 25 de Abril por duas vezes. A primeira de Norte para Sul, a segunda no sentido inverso. Se juntar os tempos desde que saí até que cheguei ao destino, diria que da primeira vez gastei cerca de 45 minutos de porta a porta e no regresso demorei mais de hora e meia.
Não percebi a origem de tanto trânsito no regresso à capital pelas seis horas de uma tarde quente (o meu carro marcava às 18 horas e 45 minutos perto de 30 graus).
Entrei em fila bem longe da Ponte, ainda nos acessos ao final da A2, mas deu para perceber como o povo automobilista continua a ser... uma verdadeira besta na estrada.
Respeito, cidadania, educação são palavras que os anormais condutores aboliram do seu léxico e muito mais das suas atitudes. Na estrada vale tudo: cruzar riscos contínuos, entrar na fila à frente de muita gente de forma abrupta, atravessar-se na estrada evitando que outros passem de forma a deixar fluir o trânsito, apitar a todos, são alguns dos (maus) exemplos a que assisti hoje. Já para não falar do excesso de velocidade, especialmente nas auto-estradas, que continua a ser uma constante, colocando outros em perigo.
Que eles se estampem não me preocupa... o que eu não gostaria era de ser envolvido nalgum acidente devido à irresponsabilidade de uns condutores, que após sairem das suas viaturas estranhamente se transformam em verdadeiros cordeiros.
Urge,portanto, corrigir estas atitudes pouco civilizadas.
Que só abrandarão se, em vez de multas, as autoridades apreenderem as viaturas. Seria uma boa maneira de alguns condutores passarem a conduzir de forma mais calma. Porque multas... raramente são pagas!
Das minhas limitadas capacidades há uma que se destaca e que se prende com a minha orientação geográfica.
Tirando um caso em Barcelona, sempre soube onde estava e qual o caminho de destino. Fosse em Lisboa, Porto, Viena de Áustria ou Londres nunca me perdia.
Se regressar a um local ainda se torna mais fácil, como me aconteceu quando fui a segunda vez a Paris depois de lá ter estado 20 anos antes.
Não imagino se esta minha faculdade é inata ou se foi por ter andado nos escuteiros que aquela se tornou mais sensível. O que eu sei é que não tenho quaisquer dificuldades em saber onde estou.
Ontem tive de levar uma pessoa a uma consulta a um hospital em Lisboa. Saímos cedo, mas o trânsito que apanhei para Lisboa, nomeadamente para chegar à A5, a autoestrada que vem de Cascais, foi tanto que temi não chegar a tempo.
Como conheço bem a capital consegui fugir do movimento. Entretanto no meio deste desvio achei algumas ruas cortadas devido a obras. Setas e mais setas: vira à direita, vira à esquerda, segue em frente, vira novamente à esquerda… uma confusão. Até que cheguei a um local onde nunca tinha passado, ou se tinha já não me recordava. Perdido? Nahhhhh!
Parei o carro, olhei em redor e consegui vislumbrar o rio Tejo por entre uma nesga de dois prédios e decidi descer a rua… Até chegar bem perto do rio.
No último mês tive oportunidade de ver por mais que uma vez, o nascer do dia como o seu ocaso. Essencialmente devido a actividades olícolas, já que o tempo que medeia entre o dealbar da madrugada e o por-do-sol é relativamente pouco. E há que aproveitar a luz...
São momentos únicos, bonitos e indicadores de ciclos de vida.
Os telemóveis modernos tem muitas valencias. Uma destas é a máquina fotográfica que, contudo, não é das melhores ou mais provavelmente por falta de habilidade do operador.
Daí as fotografias que seguem ter má qualidade.
Uma manhã bem fria já que ainda se nota o branco do gelo da noite.
O sol já se escondeu. A aldeia recorria agora da luz artificial!
São 7 horas e 20 minutos. O dia inicia a despontar.
Na cidade e da janela da minha sala o sol vai desaparecendo...
Até deixar este rasto de uma cor laranja.
Terminou o dia, mas daqui a umas horas outro dia surge. Como sempre...