Pode não parecer, mas sempre fui uma pessoa de causas e sempre pensei que um dia, quando fosse alguém na vida que poderia usar aquela minha ideia para ajudar os outros.
Retirando uma ou outra participação em eventos solidários, nada de muito relevante, acabo por chegar a esta altura da minha vida, olhar para trás e perceber que talvez poderia ter ajudado mais.
Quem me conhece e à minha vida provavelmente dirá que acudi a muita gente sem que eu tivesse real consciência disso. Até posso ter ajudado, no entanto o que conta não será aquilo que os outros dirão de nós, mas o que nós sentimos cá dentro no nosso coração.
Aprendi com os escuteiros a ideia de que devo praticar uma boa acção todos os dias. Uma máxima que considero essencial nos meus dias que ora correm por entre os meus dedos, já semi doentes. Todavia continuo a pensar que quem nasce para ser plebeu jamais será nobre e portanto por muito que tente dar mais de mim aos outros através das tais causas que sempre adorei defender, jamais o conseguirei fazê-lo.
Acima de tudo porque não consigo decidir qual a minha verdadeira causa.
Com a abdicação do Rei Juan Carlos a favor de seu filho varão Felipe de Bourbon, abriu-se uma caixa de Pandora. De um momento para o outro a nossa vizinha Espanha viu-se a braços com um problema político que não imaginava: a dúvida sobre a “real” razão de existência da monarquia.
Milhares de pessoas têm vindo para a rua exigir a convocação de um referendo, a questionar se os espanhóis preferem manter uma monarquia mesmo numa versão do século XXI ou bem pelo contrário desejam a implantação de uma 3ª República, a exemplo de Portugal.
Se me perguntarem se sou republicano ou monárquico, responderei com a primeira opção, tomando em consideração que jamais vivi numa monarquia. No entanto a figura de um Presidente da República num sistema parlamentar como o nosso, cinge-se a dar posse a ministros e secretários de estado, ou a condecorar individualidades no dia 10 de Junho.
Tirando isso o PR é apenas e apenas uma figura de retórica, quiçá com algum peso institucional, mas muito pouco poder. E é esta noção da realidade republicana que os nossos vizinhos espanhóis ainda não têm.
Enquanto qualquer candidato a presidente sai do arco dos políticos da governação, provavelmente refém de muitos apoios recebidos para a sua eleição, o futuro rei de Espanha, Felipe VI, conseguiu para já o feito invulgar de casar por amor com uma jornalista já anteriormente casada e mais tarde divorciada e tem vindo toda a sua vida a preparar-se para ser Rei de Espanha.
A minha reflexão final vai para a ideia de que, no actual contexto europeu, não sei se a manutenção de uma monarquia não seria o mais sensato.