Como já o referi fechou-se de forma oficial um ciclo na minha vida como pai. Os filhos estão entregues às suas companheiras e só espero e desejo que se encontrem sempre à altura das circunstâncias que lhe aparecerem na vida.
O mais novo fez ontem a festa do seu casamento. Uma cerimónia diferente e atípica nestas ocasiões, porque não houve padre nem notário. Mas houve alianças e algumas emotivas declarações. Enfim foi à vontade dos noivos e o que interessou mesmo é que ambos se tivessem divertido.
Cinquenta e cinco pessoas foi o número total de convidados para a festa, crianças incluídas. Mas é neste número que as coisas acabaram por se alterar. Pouco em número, é certo, muito em alegria, já que os noivos comunicaram que no ventre da noiva havia outro convidado(a).
Foi uma normal explosão de felicidade... por parte de todos os presentes!
Resumindo estou para ser novamente avô. A O. vai ter daqui a uns tempos um primo ou uma prima para brincar. Fica aberta a expectativa!
Aquele ser foi, de forma involuntária, o tal convidado inesperado que ninguém imaginou!
Para o casamento do meu filho mais novo escrevi esta singela mensagem. Que li perante uma pequena plateia!
"Muito bom dia,
Tentarei ser breve!
Com este evento de hoje coloco a minha última peça de Lego numa construção denominada… filhos.
Uma construção que demorou muuuuuuuuuuuitos anos a ser erigida. Com muitos avanços e outros tantos recuos. Mas que valeu a pena porque a vida de todos nós é assim feita.
O D. sempre foi uma criança diferente das demais. Quando muitas gostavam normalmente de brincar ele preferia conhecer. E gostava de saber sobre quase tudo… Relembro a este propósito que o primeiro livro que lhe comprei não foi um Livro da Anita, nem dos Cinco ou Uma Aventura… algures, mas tão-somente uma pequena enciclopédia que ele leu avidamente.
Da mesma maneira que recordo anos mais tarde algumas viagens de carro, em que passávamos o caminho a debater… minudências! Reconheço que na maioria destes debates, a haver um vencedor, seria sempre o D.
Partilhamos também os mesmos gostos pela música, leitura, cinema e essencialmente pela escrita! Mas é na escrita que diferimos mais, acima de tudo pelos temas que ambos abordamos e pela sua evidente maior competência. Que o diga o Ventura Lobo célebre caminhante e aventureiro, o Abade Fazia, Mirima a mulher-pantera ou a irascível espada Venceslau… todos eles personagens e heróis de longos contos que fui lendo.
Vou terminar com uma realidade, já que muito do que é este homem se deve, não a mim como pai, mas a um outro, que foi o seu avô João. Deste o Diogo herdou certamente a inteligência superlativa, mas também o humor e a enorme capacidade de trabalho. Recebeu dele a teimosia, mas outrossim a bondade. A seriedade e a franqueza. A disponibilidade e o amor pela família.
Portanto… caríssimos… eis o D… visto pela pena, obviamente nunca isenta, de um pai!
Pediram-me para usar este meu espaço com o simples intuito de publicar um belo naco de prosa. Obviamente vindo de quem veio as portas estavam totalmente escancaradas... Fica portanto aqui o registo, porque a vida também tem destas coisas... fantásticas!
"Ah, olá.
Na verdade não sou o habitual José da Xã, mas alguém a quem ele permitiu escrever um texto neste dia específico no seu blogue. Por um lado porque assim é menos um dia com o qual ele tem de se preocupar com o que escrever, e por outro porque sou filho dele.
No geral dou-me pelo nome de Rei Bacalhau, tanto que até mantinha um blogue meu onde partilhava umas palavras, especialmente quando necessitava. Há uns anos que o abandonei, mas felizmente já não tenho precisado dele.
Vou casar-me amanhã.
Os dois factos anteriores não estão descorrelacionados... Sabem, parte da minha vida de jovem adulto foi gasta em tentar preencher aquele vazio biológico ou social que acaba por nos afectar quase a todos: a necessidade de uma companhia amorosa, nem que seja para aquecer os pés à noite, como ouvi uma vez uma grande sábia da província dizer.
Este foi um problema deveras complicado para mim, pelo facto simples de eu estar habituado a que tudo tem uma solução directa, lógica, sistemática, quase científica. Com o amor não é bem assim, e hoje orgulho-me dos cabelos brancos que ganhei a aprender uma data de lições demasiadamente tardias.
Rejeitava veementemente o conceito que tanto ouvia e tanto lia de que "tens de ser tu próprio" quando se tenta arranjar alguém. Hoje sei que o tal conceito é apenas parcialmente falso, mas por razões diferentes das que possam estar a pensar. Eu diria mais que a afirmação é incompleta... É importante sermos nós próprios, sem dúvida, mas tem de ser a versão de nós próprios com a qual toleraríamos viver e não aquela que assume que os nossos defeitos são características imutáveis e seria, consequentemente, fútil melhorar.
Há uns anos decidi que estava farto de ser a versão de mim próprio que eu achava que devia ser, ou seja, aquela que se lamuriava por as coisas boas só acontecerem a outros. Decidi entrar no modo ao qual apelidei de "estou-me nas tintas". Estava farto de inibir algum comportamento mais estranho próprio da minha personalidade ligeiramente extravagante (não somos todos?). Estava-me nas tintas. Mudei de página. Mudei de emprego. Mudei de ares.
E então conheci-a. A pessoa indicada para mim. Rio-me agora de tantas outras em que estive interessado e de tantas maneiras como nunca poderia dar certo com elas. Mas por outro lado, como poderia saber? É preciso falhar para se perceber o que se quer e como atingi-lo, o que pode ser difícil para quem, como eu, tem (ou tinha) tendência para ficar confortável na ignorância ao invés de magoado na aprendizagem.
Não estou exactamente a escrever todo este texto por mim, mas mais por todos aqueles que talvez se sintam na mesma situação. É outra razão pela qual quis roubar um espaço num blogue mais visível. É preciso que os solitários deste mundo saibam que não o estão. Ou se estão, e esta pode ser difícil de engolir, não é culpa do mundo. Não estou a dizer que ao começarem a fazer as coisas de maneira diferente arranjarão logo alguém. Sou o primeiro a admitir que eu, por exemplo, tive sorte e falo de barriga cheia. Onde quero realmente chegar é que atingindo o tal mal afamado estado de "nós próprios" estaremos de consciência tranquila e confortáveis connosco, sem um objectivo secundário concreto. Se depois disso, acontecer, óptimo. Se não, não deveria ser crítico. Seremos finalmente nós próprios, ou pelo menos a melhor versão que toleraríamos viver com. E isso já é uma vitória.
Depois desse patamar atingido, então sim, mudar de ares, estar-se nas tintas, ser activo, ou não, depende, não há uma fórmula. Há apenas uma base de partida. Depois disso falha-se, chora-se (só um bocadinho), encolhe-se os ombros, ri-se, e prossegue-se.
Eu deixei de escrever quando fiz a minha transformação. A mágoa era maioritariamente o catalista para escrever, e tendo-me deixado de preocupar com tanta coisa, perdi a inspiração para rabiscar fosse o que fosse. Não me importei demasiado, pois de certa maneira já na altura sabia que era um sintoma de melhoras na minha saúde mental. Um pequeno sacrifício.
Mas acessos de inspiração ainda ocorrem de vez em quando, e senti que deveria aproveitar a oportunidade. Caraças, até os dedos me doem a escrever isto tudo de rajada.
Amanhã vou casar-me com a mulher que amo. Para além disso, sei que em breve serei um autêntico homem de família. Serei a minha definição de homem.
E nos ziguezagues da vida, serei totalmente feliz."
Todavia há um significado breve, muito breve... É que neste dia de Julho há precisamente 36 anos, casávamos.
Um casal jovem, inexperiente e sem graveto! Mas corajoso...
Não viajei para nenhuma ilha paradisíaca em lua-de-mel, também não tinha carro e todo o dinheiro que recebi da boda serviu para pagar uns sofás, que ainda hoje existem...
Há 36 anos foi assim a nossa festa... Perto de 300 pessoas como convidados (as famílias eram grandes), muita comida, muita diversão e um dia que passou a correr...
Como todos estes anos.
Deste dia sairam dois filhos e. para já, uma neta, que é a nova luz que ilumina o nosso caminho.
De mãos dados embarcamos para o dia de amanhã. Até que Deus queira!
Diferente, essencialmente pela hora tardia a que se realizou (15 horas), ainda assim a boda teve momentos curiosos. O primeiro deles foi o partir do bolo ainda antes de começar a comer fosse o que fosse.
Bar aberto com muitas e diversificadas bebidas, presunto, queijos e diversos acepipes. Já era noite quando os convidados se sentaram nas respectivas mesas.
Veio a sopa de peixe que estava óptima. Depois um folhado de bacalhau também saboroso e finalmente um rosbife mal passado como convém mas muito delicioso.
Todavia quando o staff levantou o último prato antes da sobremesa surgiu um pequeno envelope. Aberto este segredo todos encontrarm uma popular "Raspadinha" com um sucinto recado.
Creio que toda a gente terá testado a sua boa ou má sorte. No entanto eu achei por bem deixar por desvendar este segredo.
Mas se lá encontares muito dinheiro? Pois... Neste caso antes esta dúvida que ter uma certeza de não ter qualquer euro.
Ontem, como já aqui havia referido, foi um dia diferente, dedicado essencialmente ao casamento do meu sobrinho que ajudei a criar.
Acrescento que se um dia Deus viesse ter comigo e me obrigasse a escolher entre levar um dos meus sobrinhos ou um dos meus filhos, assumo que não saberia qual deles escolher.
Portante o dia de ontem começou muito cedo, perto das seis da manhã, para só terminar bem perto da meia noite. E isto porque a minha constipação era tão grande que só me senti bem quando cheguei a casa e me deitei.
Mas tirando a minha maleita, até que foi um dia muito engraçado. Nem mesmo a chuva, que durante algumas alturas caíu com muuuuuuuuuuuuuuuuita intensidade, estragou fosse o que fosse.
Muita gente, essencialmente juventude, família próxima, amigos e boa comida foram ingredientes suficientes para um dia especial e muito bem passado.
Os noivos fizeram do seu casamento uma festa bonita onde se divertiram e fizeram divertir os convidados com muitas e diferentes iniciativas.
Como diria um cantor brasileiro sobejamente conhecido: foi bonita a festa, pá!
Da parte do meu pai havia 6 irmãos, mas um já faleceu, que originaram 16 primos direitos. Entretanto uma delas também já partiu vítima de um cancro galopante.
Da parte da minha mãe são somente três filhos e quatro primos.
Tudo somado tenho neste momento 19 primos direitos e ainda 7 tios. Vivos... O mais novo tem mais de setenta anos e o mais velho já ultrapassou os 90.
Tudo isto para dizer que vamos estar todos juntos. Como há três anos aquando do casamento do meu filho mais velho. É que um dos filhos de um dos meus primos casa-se hoje.
Imagino que vai ser uma grande festa. O barulho vai ser enorme pois temos o (mau) hábito de falarmos muito alto. E de forma empolgada, como se uma qualquer revolução estivesse a acontecer.
Tenho a certeza que vai ser um dia fantástico.
Porque não há nada melhor na vida que a nossa própria família!
Há uns meses, não muito distantes, o acontecimento de hoje seria impensável. Mas como a vida é repleta de "Deuscidências" (mesmo que alguns não acreditem nelas!!!) eis-me aqui a falar (leia-se escrever) sobre uma boda.
Que vai passar, a partir de hoje ao pôr do Sol, a ser uma mulher casada.
Desejo-lhe por isso as maiores felicidades. Do fundo deste velho e gasto coração. Que Deus ilumine sempre o seu caminho. E que seja sempre um pirilampo para alumiar o caminho de quem com ela calcorrerá os futuros trilhos da vida.
Gostaria de lhe escrever um texto melhor. Porque ela merece, porque amamos o mesmo clube, porque a amizade que lhe tenho justificaria tal desiderato.
Todavia... fico-me por estas parcas e pobres linhas.
A ideia de que há homens e mulheres destinados a… é uma estranha utopia dos nossos dias. Raros são as uniões que se mantêm por muitos anos. E vejo casais cada vez mais velhos a desfazerem casamentos de longa duração.
Um destes dias telefonei a um antigo colega que após alguns minutos declarou que se havia separado da esposa. Ela na cidade e ele na aldeia.
- Porquê só agora? – perguntei.
- Primeiro foram os filhos, depois os netos e agora cada um tem um sentido diferente para a vida.
Aceitei as razões e fiquei a matutar.
Realmente viver ao lado de alguém, como escreveu Carlos Tê, que não ouve a mesma canção é um esforço enorme. Para ambos!
No entanto o que estranho não é a juventude, que muda de par como quem muda de roupa, mas as pessoas mais velhas assumirem, ao fim de quase meio século de vida em conjunto, um erro que durou tanto tempo.
Por isso considero que a vida a dois é um caminho deveras sinuoso e que requer um enorme espírito de sacrifício de ambos.