A primeira vez que falei aqui dele foi em Maio de 2021, neste postal. Desde esse dia até agora o Aparecido (baptismo dado por mim!!!) nunca mais deixou de aparecer (creio ter falado nele outra vez, maso não me lembro do postal).
Ainda mal cheguei à minna casa e eis que surge a miar à porta. Entra enrosca-se aos meus pés e por ali anda até que lhe dê algo para comer. Depois fica e vai saltitando de almofada em almofada das diversas cadeiras que tenho na sala. Finalmente, quando lhe apetece... parte, para regressar no dia seguinte.
Já vão quase dois anos nesta relação entre um felino estranho que definitivamente nos adoptou e nos educa e este par de velhotes que se sente bem com a sua companhia.
Ontem esteve frio, muito frio na Aroeira onde fui passar o fim de semana! Um frio cortante que gelava qualquer pessoa que andasse na rua. Vai daí ter acendido logo a lareira dando à casa uma temperatura mais acolhedora.
Logo cedo o Aparecido miou à porta. Abri-a e ele entrou sem pedir licença. Comeu ração, bebeu água e dormiu quanto quis. Passaram as horas e de vez em quando encontrava-o enroscado noutra cadeira a dormir.
Fez-se noite e ele sem dar sinal de querer ir embora.
A verdade é que o bichano não é meu e depois não tenho nada para a sua higiene e onde dormir, para além das cadeiras.
Por isso já tarde acabei por o acordar. Mas custou... como se pode comprovar no filme infra!
Nunca apreciei a escola e muito menos gostei estudar.
Por isso repeti diversos anos e acabei por tirar o secundário muito depois da "data-limite". Mas enfim ganhei outras valências...
Uma das disciplinas que eu tinha como sendo a pior era Desenho e antes, no preparatório, os Trabalhos Manuais. Aquilo era um suplício atroz. Então em Desenho... ui... era um desatino. Pediam-nos para desenhar a jarra em exposição, mas no meu desenho parecia tudo menos a dita jarra. Um horror!
Só que a vida tem formas de nos colocar no trilho certo. Quando casei o meu falecido sogro (um excelente homem, diria com agá grande) tinha muita ferramenta e sempre que era necessário fazer um remendo em casa ei-lo pronto a resolver o problema.
Como morávamos no mesmo prédio de vez em quando chamava-me para om ajudar.
Deste modo fui ganhando conhecimentos não sé em resolver algumas coisas mas também em valências com algumas ferramentas manuais.
Passados todos estes anos (perto de 40) sou eu que tenho os conhecimentos. Todavia desde muito cedo comecei a envolver os meus filhos e hoje os meus infantes são perfeitamente autónomos, mesmo que de vez em quando peçam uma ideia. Mas faz parte do diálogo familiar!
Face a tudo isto hoje sou capaz de fazer quase tudo (exceptuando quiçá canalização!). Um destes dias ajudei alguém a retirar todas as tomadas e interruptores pois a casa ia para pinturas. Mais tarde aquando do pagamento ao pintor este referiu que seriam menos 600 euros por não ter tido a necessidade de andar de volta da luz.
Nas casas há sempre pequenas coisas que requerem arranjo: uma gaveta descolada, uma fechadura avariada, um candeeiro que deixou de acender, uma lâmpada fundida.
Pois é... quem diria que aquele menino que só tinha negativas a desenho e trabalhos manuais um dia conseguiria remendar tanta coisa?
Dizem que a capacidade de orientação no terreno será maior nos homens que nas mulheres. Não tenho provas que comprovem esta ideia, ainda por cima quando tenho na família diversos exemplos de cavalheiros que conseguem perder-se num jardim infantil...
No meu caso tenho uma anormal capacidade para me orientar e raramente me perco, Mesmo que seja em locais que não conheça. Talvez a minha curta passagem pelos escuteiros me tenha municiado de ferramentas suficientes para jamais me perder.
Porém nos últimos dias e assim que regressei da azeitona a minha vida em casa, desde a hora de me levantar até à noite, consiste numa permanente corrida, escada abaixo, escada acima! A minha mulher enferma ainda consequência do calcante fracturado requer um "serviço de quartos requintado", uma neta gira e muito engraçada, mas como todas as crianças da idade dela... irrequieta a exigir de mim muita atenção, uma horta repleta para regar e inúmeras respostas ao empreiteiro que anda a mudar a fachada da casa. Já para não falar de algumas refeições que tenho de confeccionar.
A verdade é que hoje dei por mim perdido em casa... não que não soubesse onde estava, mas perdi-me no meio de tantos afazeres. A determinada altura fiquei sem saber se já havia feito algumas coisas que havia programado. Tive de parar e rebobinar o meu dia para perceber onde estava.
Só mesmo a noite para colocar alguma serenidade nos meus últimos dias.
Agora é a vez da casa onde vivo normalmente passar pela fase das pinturas. Na verdade o ano passado foram dois quartos e o escritório. Este ano vão ser a sala, corredor e cozinha.
O problema é que a minha sala, sendo grande também tem muita coisa. Resultado disso é a trabalheira que já estamos a ter a tirar as coisas da sala e espalhá-las por outros locais.
Estas pinturas criam uma enormíssima confusão na casa.
Na outra casa de que falei aqui e aqui eu pude tirar do primeiro andar para baixo e mais tarde de baixo para cima. Desta vez fica tdo no mesmo andar.
Ainda há tanta coisa para sair... e já estamos assim!
Na cozinha,
e no escritório.
Faltam imagens das centenas de livros empilhados também na cozinha!
Iniciei ontem a devolução dos objectivos retirados aos seus devidos lugares, após dois fins de semana dedicados à pintura do interior da minha casa.
Desmanchar é muito mais fácil que montar. Comecei pelos candeeiros de tecto, para logo a seguir repor espelhos e molduras dos interruptores e tomadas electricas. Um trabalho moroso e acima de tudo... chato!
A fase seguinte compôs-se em ajustar os móveis aos seus lugares originais. Mas antes houve que limpar do pó que foi poisando em cima dos móveis.
Da garagem que serviu de armazém foram saindo os objectos, alguns deles com algum cuidado. Está agora vazia!
Portanto agora falta só o lustro final que só será mais perto das férias.
Sempre ouvi, e nem imagino se é verdade, que os ciganos quando querem mal a alguém dizem no seu sotaque tão próprio: "ai só espero que tenha obras lá em casa"!
Na realidade eles estão certos, porque fazer obras em casa é um estrafego.
Há uns meses a minha mulher achou que a nossa casa de férias necessitava de ser pintada por dentro. Do achismo feminino à concretização da situação mearam uns meses, mas estamos actuamente no meio... da total confusão.
Antes do fim de semana passado fui retirar tudo do andar de cima e colocar no de baixo. Hoje foi o inverso com a agravante de mais umas coisas de baixo para cima para que no próximo fim de semana o pintor venha para cá acabar o trabalho.
Neste momento a minha garagem parece uma daquelas cass de velharias onde se encontra de quase tudo: mobílias centenárias, outras nem tanto, rádios, loiças antigas, livros, revistas, brinquedos, candeeiros ou relógios de parede.
O pior ainda virá depois com a reposição das coisas nos seus devidos lugares...
Razão terá o senhor cigano. Ele sabe o que deseja... para os outros!
Parti na quarta-feira para uma viagem relâmpago à aldeia beirã. Havia umas coisas para resolver, mas perante a perspectiva de não poder sair de casa nos próximos fins-se-semana, aproveitei para fazer 600 quilómetros no sentido de finalizar uns assuntos pendentes que deixara em aberto por altura da azeitona.
Ontem todo santo dia foi de chuva. Mas nada que impedisse de dar a volta às fazendas na perspectiva de encontrar sobreiros para se retirar a cortiça no próximo Verão... Especialmente nas árvores mais jovens.
Ainda assim aproveitei para fotografar esta minha laranjeira.
Regressei à capital já hoje, para poder passar, finalmente, um fim de semana na minha casa, poder comer umas castanhas assadas e acima de tudo poder ver estas imagens.
Já estive mais longe de me imolar pelo fogo. Estou a pé desde as sete da manhã a arrumar as coisas nos seus lugares, após uma semana de pinturas de somente dois quartos: o meu e o que foi durante anos dos meus filhos e que passará brevemente a ser da minha neta.
Mas o que retiro deste dia é uma conclusão breve e sucinta e que se resume numa breve questão: para que quero eu tanta coisa?
Bom, cada vez penso mais em desfazer-me do que é superfluo, já que os descendentes não vão querer as minhas roupas, nem dar uso a qualquer dos móveis que enchem quartos e salas.
E tenho de lhes dar razão. Há coisas em que mexo somento quando assumo nestas andanças.
Desde as sete da manhã até perto das 10 da noite parece demasiado tempo, mas foi aquilo a que tive direito. Já ouvi dizer que para o ano haverá mais...
Não sei se é um mito, mas sempre ouvi dizer que quando um cigano deseja mal a quem diz: espero que tenhas obras em casa.
Então desde o início desta semana que tenho a casa virada do avesso por causa de pinturas. Assim o meu quarto e o ex-quarto dos meus filhos foram sujeitos a pinturas.
Ora bem para que tal acontecesse tive de tirar aquilo que fosse mais pequeno dos quartos: quadros, mesas de cabeceira, cómodas, cortinados, lustres e até os espelhos das tomadas e interruptores foram retirados.
Agora tenho a sala, escritório e cozinha atafulhadas de mobílias. Acabaram-se já hoje as pinturas e portanto amanhã recolocam-se as mobílias.
Mas neste momento a confusão dentro de casa é imensa. Ando sempre à procura de qualquer coisa.
A obrigatoriedade de ficarmos em casa tem levado muita gente a sentir-se desconfortável e deveras ansiosa. Percebe-se porquê… estar confinado às paredes do lar pode tornar este uma espécie de prisão.
Posto isto diria que sou um privilegiado já que posso sair de casa, sem propriamente andar em espaços públicos, pois tenho um jardim e um quintal que requer alguma atenção.
Mas estar em casa a trabalhar tem também as suas vantagens. Eu vejo algumas:
Levanto-me mais tarde - em tempo normal o despertador toca às 6 e 10, agora não necessito que me acordem pois às 7 e meia estou a pé;
Deixei de andar de carro e de transportes – o que se reflecte numa economia de combustível, passes e diminuição de poluição;
Poupança de vestimenta – a trabalhar no escritório mudo todos os dias de roupa, em casa a “farpela” é (quase) sempre a mesma;
Bebo muito menos café – de quatro a cinco cafés diários passei a dois;
Aqueles almoços com colegas e amigos desapareceram – em casa as refeições são normalmente mais frugais;
Estando em casa não há problemas de tráfego para chegar;
Portanto eis meia dúzia de óptimas razões para estar em casa e de cá não sair.