Todos sabem que sou um adepto fervoroso do Sporting. Gosto obviamente que ganhe, mas sempre sob a capa do desportivismo e sem malícia!
Desde o passado dia 6 que a equipa de futebol do Sporting havia garantido o primeiro lugar que deu direito a muita festa, que eu assisti. Conforme escrevi aqui, em devido tempo.
Hoje sábado o Sporting regressaria a sua casa, após duas semanas de muita alegria e muita festa por todo o lado, onde se jogaria uma partida da derradeira jornada do campeonato. Curiosamente o primeiro contra o último. As malhas que o destino tece...
Obviamente que eu não poderia faltar. Após o derradeiro apito do árbitro, veio a consagração final com a entrega, ao nosso capitão de equipa, do troféu.
Uma festa bonita com o estádio cheio, cheio com muita juventude, muitas senhoras e muitos adeptos que se sentiram estranhos num ambiente pouco habitual (percebia-se bem isso!).
Para os outros costumados clientes era só aproveitar o momento. Que foi de muita luz, cor e fogo de artifício.
Obviamente muita alegria, no fundo o extravasar de tantos momentos sofridos durante toda a época. Não obstante o futebol ser por vezes e infelizmente, palco para algumas bravatas desta vez tudo correu muito bem. Não imagino se a entrada da polícia de choque não terá também inibido algumas pessoas.
Desde algumas semanas que se previa a vitória do Sporting no campeonato maior do nosso futebol. Então desde que ocorreu o empate no estádio do Dragão, há aproximadamente uma semana, a previsão quase passou a ser uma certeza. Faltava apenas saber qual seria o dia.
Neste fim de semana desportivo o Sporting cumpriu a sua parte perante um Portimonense aflito com uma vitória por três a zero, conforme eu e mais 49556 almas testemunhámos no estádio.
Faltavam, após esta vitória leonina, somente dois preciosos pontos para a equipa de Alvalade se sagrar campeã. Para isso bastaria que o perseguidor "apenas" não ganhasse o seu jogo, que à partida se antevia complicado. E foi... De tal forma que às 22 e 30 minutos quando o jogo terminou em Famalicão, uma onda verde irrompeu no país inteiro.
Por aqui já havia comunicado à família que se o Sporting fosse campeão iria até ao Marquês. Mas passaria primeiro por Alvalade para seguir atrás do autocarros dos campeões. A pé... obviamente.
Partimos três de casa e quando chegamos ao estádio a festa estava já instalada.
Muitos adeptos de todas as idades e géneros, vestidos a rigor e a entoar cânticos bem conhecidos de todos os sportinguistas. Foram quase duas horas de espera. Tochas, muitas tochas, potes de fumo, bombas que rebentavam de propósito sob o viaduto criando um barulho ensurdecedor. Já para não falar dos diversos e pequenos fogos de artifício.
Era quase impossível filmar alguma coisa tal era o fumo que cobria a zona.
A determinada altura as pessoas agitaram-se para logo percebermos que o autocarro estava a aparecer com os atletas. Ali estavam eles, jogadores, treinadores e dirigentes... os enormas obreiros desta vitória.
Foi entáo neste preciso momento (o ficheiro diz que era meia noite e quinze) que se iniciou a minha longa noite.
Durante muitos minutos ainda tive a companhia do meu filho e do meu sobrinho. Porém e tendo em conta que hoje seria dia de trabalho para eles acabaram por regressar a casa onde chegaram à uma da manhã... Ainda assim melhor que eu, mas já lá vamos.
As ruas e avenidas ao redor do estádio de Alvalade eram um mar de gente de verde vestida, que seguiam simplesmente atrás do autocarro, aos cânticos e debitando slogans já sobejamente conhecidos. Eu incluído.
Já sozinho apressei o passo para me chegar mais perto do autocarro dos "Campeões". De vez em quando parava-se mas era mais por causa dos fumos e bombas, já que não havia trãnsito. A estrada e passeios, entretanto, atapetavam-se de lixo, muito lixo.
Depois os adeptos... tantos, tantos de camisolas ou t-shirts vestidas com muitos nomes. Uns dos próprios, mas a maioria com nomes dos atletas. Os de agora como Gyokeres, Pedro Gonçalves ou Coates e alguns antigos como foram Palhinha, Porro, Ronaldo e até Figo.
Quando cheguei ao Saldanha estava perto do autocarro e foi aí que assisti a um belo lançamento de fogo de artifício.
Mas foi também nesta zona que dei conta de algumas pessoas já caídas no chão e tal era a bebedeira, que nem queriam ser socorridas. Acabei por continuar a minha marcha até ao Marquês onde cheguei já muito tarde e só depois de ter sido devidamente revistado pela polícia.
O Marquês era agora um mar completamente verde.
Até os edífícios perto se solidarizaram.
Ninguém conseguia caminhar. Estava-se preso no meio de uma multidão em extase e que não paráva de gritar e cantar. E não interessava se eram homens, mulheres, jovens ou velhos... Naquele instante eram todos, todos, todos um só: o 12º jogador, que tanto ajudou a equipa.
Olhei o relógio e as três da madrugada aproximavam-se. Senti que era hora de regressar a casa. Porém havia um pequeno detalhe que eu contara: não havia transportes para casa. Assim decidi seguir para casa a pé. Poderia ser que a caminho apanhasse um táxi. Poderia... se tivesse aparecido.
Doze quilómetros calcorreados a pé para chegar a casa bem de madrugada e muito, muito cansado. Não sou filho da Madrugada como cantou o Zeca, mas simplesmente um adepto tonto como tantos milhares que encontrei a noite passada!