Na última peregrinação que fiz a Fátima em Outubro do ano passado decidi que seria a última! Talvez por isso tenha aproveitado todos os momentos, palavras e leituras. Silêncios e alegrias...
Pois bem amanhã bem cedo um conjunto de peregrinos voltará à estrada, desta vez sem a minha presença. Não imagino quantos serão a caminhar, mas acredito que muitos... Como quase sempre!
Quando me perguntavam porque ía a uma peregrinação respondia invariavelmente: não sei porque vou, mas Deus saberá! Para no fim muitos dos caminhantes virem ter comigo dizendo que fui um estímulo e uma força na caminhada!
Não serei mais peregrino de estrada porque na vida é necessário perceber quando chegou o tempo de parar!
Obviamente que mora em mim uma enorme tristeza. Mas há que aceitar o que Deus nos dá!
Rezarei pelos caminhantes que eles certamente rezarão por mim! Que façam bom caminho. Arrisco mesmo a dizer que o farão certamente sem a minha presença!
Pelos terrenos que lavrei na minha vida sempre tentei semear boas sementes. Não que pensasse em colher os melhores frutos, mas tão somente colher qualquer coisa que alimentasse o meu espírito sempre tão ávido de um afago.
Também toda a vida afirmei que quando me reformasse bastaria que alguém se lembrasse de mim apenas um dia num ano, mesmo não o sabendo, já sentiria que tinha valido a pena.
Mas ou fosse da semente, da terra ou do reles semeador a verdade é que tenho colhido muuuuuuuuuuito mais do que alguma vez imaginei.
Por vezes não são necessário almoços e jantares de despedida para nos sentirmos sinceramente homenageados. Basta uma palavra, um gesto, um mero sorriso para percebermos que não fomos indiferentes aos outros. Porque no fundo, no fundo isto é o que verdadeiramente conta nesta vida.
O resto em nosso redor serão sempre meras minudências que não valem um "cêntimo furado"!
De hoje a um mês estarei a chegar de mais uma peregrinação. Entretanto realizou-se esta tarde a reunião habitual de apresentação de toda a equipa da organização.
Seremos ao todo 110 peregrinos, contando obvimente com os elementos de apoio.
Por aquilo que me foi dado costactar irão muitos jovens (ainda bem, é necessário dinamizar a juventude para estas experiências), muita gente pela primeira vez e também muitos peregrinos já conhecidos de anteriores peregrinaçães e porque não dizê-lo se tornaram bons amigos.
É uma dádiva enorme estar inserido num grupo destes, dispostos a "orar com os pés", como descreveu um dia um amigo do cardeal Tolentino de Mendonça, ao referir-se a uma peregrinação em que participara.
Começa hoje, assim, uma espécie de contagem decrescente até chegar à madrugada do dia 4 de Abril.
É que há muita coisa para preparar.
Acima de tudo o espírito. É que isto de nos pormos a caminho tem muito que se lhe diga!!!