Na minha idade já não procuro sentido para a minha vida, unicamente vida com sentido. Os dias correm uns atrás dos outros e eu apenas tento que cada um desse conjunto de 24 horas seja vivido, partilhado, assumido na plenitude.
Esta Páscoa não teve a concorrência familiar de outras, mas foi o que se pode arranjar. Gosto da mesa cheia de gente barulhenta, mas alegre. Como são todos cá em casa.
Meia dúzia foi a conta de hoje. Os outros longe daqui!
Sou um homem de afectos. Durante muitos anos reprimi aquilo que sentia pela família e pelos amigos. Depois um acontecimente na minha vida fez-me acordar para outra realidade e passei a não ter vergonha dos meus sentimentos.
A ideia absurda de que um homem não chora, em mim jã não colhe. Choro de tristeza (muita vez!), mas também choro de alegria (gostaria que fosse mais!).
Quando há 23 anos estive seis meses numa relação próxima com um sofá e uma cama sem poder ler, escrever ou ver televisão, fiquei ciente que havia coisas muito importantes na minha vida, mas às quais dava pouco valor.
Foi uma terapia forçada esta, mas aprendi muita coisa. Muita mesmo!
- A primeira foi a relativizar os meus dias. A importância que dava a coisas mesquinhas, foram simplesmente trocadas por outras que me pareceram muito mais importantes.
- A segunda foi descobrir que ninguém é insubstituível. Seis meses afastado do trabalho e quando cheguei parecia que tinha saído de lá no dia anterior.
- A terceira coisa que aprendi é que por muito que nos preparemos para o pior, quando este surge nas nossas vidas temos uma enorme dificuldade em aceitá-lo.
Ora hoje, quase um quarto de século passado sobre aquele tenebroso 1999 (não foi ficção científica, antes fosse!!!) ainda me perguntou como consegui sair daquele trauma com alguma sanidade. Não toda, mas ainda assim o suficiente para trabalhar mais de vinte anos.
Portanto este texto é, por assim dizer, um breve regresso a um passado que prefiro não recordar, mas que não devo nuncaesquecer!
As comunicaçõers móveis são hoje uma indústria ainda em crescendo. Para além de todos os dias surgiram novos modelos de equipamentos há cada vez mais fornecedores de serviços de telefone, internet e "streaming". Para todos os gostos e provavelmente preços.
Pois é... o telemóvel é hoje um elemento essencial nas nossas vidas. Por vezes ainda fico a pensar como é que o Mundo conseguiu evoluir durante tantos séculos sem aqueles pequenos aparelhos.
No entanto a razão porque trago aqui este tema, prende-se somente com o acaso de hoje, dia 4 de Junho de 2022 não ter recebido nem feito qualquer chamada telefónica. Nem sequer acedi à internet através dele. Isto é o aparelho esteve todo o dia ligado, mas nunca se ouviu.
O que prova que podemos perfeitamente viver sem o telemóvel. Ainda não morri e estou a chegar às 22 horas deste dia.
E querem saber mais uma coisa: agora que penso nisto sinto-me bem!
Quem como eu gosta de praia visita-a sempre que pode. Não interessa se está um sol abrasador, se chove ou somente um capelo plúmbeo.
A manhã acordou estranha, cinzenta e pouco convidativa para a praia. Por isso andei por casa a fazer umas limpezas que já necesssitava.
Já passava da uma da tarde quando decidi ir até ao areal ver o mar. Soprava uma brisa ligeira que, curiosamente, à beira-mar não se fazia sentir.
Um passeio pequeno - cerca de três quilómetros - numa praia quase sem ninguém. Escrevi quase porque, para além de mim, só vi os nadadores-salvadores e os alunos das diversas escolas de Surf que naquela zona ora proliferam.
Entretanto aproveitei para gravar este mar do qual nunca me canso de ver nem de escutar!
Há quem nunca se tenha preocupado com a sua imagem... física. A sua indumentária resumia-se a umas roupas mal-amanhadas, uns sapatos quase sempre rotos ou mesmo uns meros sapatos de ténis adquiridos nalguma boutique de alcofa. Fosse para trabalhar ou para ir a uma festa a diferença era mínima.
Já eu que não sendo a beleza de homem que provavelmente gostaria de ser, sempre gostei de andar bem vestido e calçado.
É verdade que nunca me impuseram quaisquer regras ou obrigações de vestuário enquanto trabalhador por conta de outrém, mas ainda assim sempre gostei de andar minimamente apresentável.
Entretanto com a reforma libertei-me de muuuuuuuuuuuuuuuuita roupa, ganhando muito espaço, especialmente nos guarda-fatos e roupeiros. O que equivale dizer que passei a preocupar-me menos com a minha imagem. Ainda por cima com a pandemia raramente saí de casa.
Por outro lado as minhas conquistas amorosas encerraram há muitos anos e deste modo prefiro conquistar as pessoas por aquilo que sou genuinamente e não por aquilo que pareço (como diria Aleixo!).
Mas será que ainda valerá a pena continuar a investir na minha imagem?
Hoje dei por mim a pensar como viveria feliz se não tivesse três situações na minha vida. Quando muitas pessoas querem cada vez ter mais coisas, eu optaria, se pudesse por ter menos.
Vamos então ao que me atenta.
1- Vivia bem sem ter sono. Irrita-me solenemente estar a tentar escrever e os olhos a fecharem-se por causa daquele. Quanto trabalho faria a mais se não tivessse que ir dormir devido ao sono;
2 - Vivia bem se não tivesse fome. Até como sou bom garfo, ao ter fome acabo sempre por comer mais do que deveria e assim engordo sem destino;
3 - Vivia bem sem dores. Eu sei que as dores são reflexo de que alguma coisa em mim não está bem, mas sinceramente viveria muitíssimo bem sem elas.
No fundo três pequenas coisas que sem elas me sentiria ainda mais feliz!
Conhecem aquela sensação quando damos conta de um objecto importante desaparecido? Seja a carteira com os documentos, as chaves de casa ou simplesmente aquele cartão multibanco.
Pois bem hoje de manhã senti todos os sintomas desta síndrome, já que dei conta que a minha bela carteira com todos os meus documentos estava em parte incerta. Se a início pensei, não está no casaco deve estar no carro, logo a seguir constatei que no carro também não estava.
Vai daqui iniciei uma busca mais detalhada por toda a casa. Nada! Nem sinais nem sequer uma vaguíssima lembrança onde pudesse estar tal objecto.
Principiei então a ligar para os locais por onde no dia anterior havia passado. A resposta foi sempre a mesma: não haviam encontrado nada!
Cresceu-me então os primeiros e verdadeiros sintomas desta síndrome: suores frios, ansiedade, nervosismo, irritação, dores no estômago desarranjos intestinais e mais uma série de outros sintomas difíceis de explicar por palavras.
Muito aborrecido e temendo que o meu futuro passaria por horas perdidas de forma a renovar a documentação, regresso quase em desespero de causa a mais um périplo pela casa numa incessante busca. Por fim as minhas preces foram ouvidas e por debaixo de um lenço que havia retirado do casaco lá estava a carteira. Safada!
Não é frequente ter destes ataques, mas reconheço que fico sempre extremamente mal durante o resto do dia mesmo quando as coisas terminam bem, como foi o caso de hoje.
Mas para piorar o meu dia não é que à noite aconteceu-me novamente a mesma situação, desta vez envolvendo as chaves de casa?
A síndrome das coisas desaparecidas também tem, certamente, o seu dia: o primeiro de Abril!
Quando em 2008 entrei no infindável mundo da blogosfera estava muito longe de saber no que me iria meter.
No início os comentários resumiam-se a zero e achei que seria normal. Todavia certo dia, após vasculhar acabei por encontrar a plataforma Sapo e para esta transferi o meu blogue e respectivos postais escritos até essa altura.
Dando o salto para hoje e retirando muita espuma aos dias passados fica a nata e que se resume a uma só palavra: amizade.
Nem imaginam quantas amizades aqui tenho feito. Daquelas que queremos manter para sempre, mesmo que muitas vezes (a maioria) nem sequer nos tenhamos visto. Por mais incrível que possa parecer esta relação próxima alastrou-se não só a outros escritores de blogues, mas outrossim a comentadores.
Tem sido um intercâmbio enriquecedor que até já resultou num livro, como é todos sabido. E quiçá noutros que possam vir a nascer!
Esta comunidade sediada num “charco” de palavras e ideias é um perfeito exemplo de como a escrita pode ser um polo de convergência entre tanta gente diferente. Diferente a pensar, a ler, a escrever, a ser…
Tem sido um privilégio saltitar nestes nenúfares de boa escrita.
Não falo do Covid19 pois de um momento para o outro deixou de estar na ordem do dia. Nem das vítimas da estúpida guerra na Ucrânia que entra pela nossa casa quase sem percebermos.
Falo então de mais um ano que vou acrescentar àqueles que já vivi. Costumo dizer em tom de brincadeira que já não tenho idade para fazer anos somente para comemorar aniversários. Que no fundo é o que mais importa!
Somo aos 62 de ontem mais um de hoje totalizando 63 invernos, se ainda sei fazer contas.
Hoje decidi, e porque é Sábado Gordo, juntar a família mais próxima num almoço aqui em casa. Sei de antemão que os meus pais não virão. Estão longe e se eu já estou velho... imaginem eles. Prefiro para a semana estar serenamente em casa deles. Quanto à matriarca de 91 anos nem sabe onde está porque aquela cabeça há muito que deixou de trabalhar. Profundamente demente, seria uma violência tirá-la do seu canto onde é bem tratada e se sente bem!
Portanto a melhor prenda de hoje é poder estar com a família que resta. À volta da mesa, com boa comida, boa bebida, doces, crianças e alegria. Porque, caríssimo leitor, bens... já tenho até demais. Prefiro definitivamente os seres humanos que me rodeiam. E que me aturam!
Ah... falta-me um canito, mas isto é outra bravata!
Não obstante ser um optimista por natureza há dias em que me apetece mandar tudo para um sítio que eu cá sei!
Felizmente que esta minha neura é passageira, mas neste momento estou capaz de tudo.
Sou muito assim… de ataques de ira repentinos, mas que passam depressa com o decorrer do tempo. O problema é que posso, a determinada altura e no meio deste furacão de emoções, levar tudo à minha frente, com as imprevisíveis consequências, para depois me arrepender e perceber quão burro fui ao aceitar uma bravata sem sentido.
Quem me conhece bem geralmente deixa que a fúria passe para depois tentar falar comigo.
É um desgraçado de um feitio que não consigo controlar minimamente.
Mas amanhã será um novo dia! Esperemos!
Desculpem qualquer coisita e a gente lê-se por aí!