Hoje sem neta e com o dia ameno foi o momento ideal para fazer as podas aos citrinos. Sempre ouvi dizer que não deve ser o dono a fazer a limpeza, mas só hoje percebi o porquê, tal foi a sementeira de laranjas pequenas e limões que ficaram no chão.
Como o que tem de ser tem muita força lá fui eu de serrote e tesoura de podar cortar o que parecia a mais. Esgalhou-se muito, provavelmente mais do que deveria, mas também não dou mais trabalho nenhuma às árvores a não ser voltarem a crescer.
O amontoado de lenha ia crescendo conquanto se ia cortando. Até que se achou que as árvores estavam suficientemente podadas.
Foi o momento de juntar os inertes todos num só monte.
Tenho conhecimento que a Junta de Freguesia costuma fazer a recolha destes inertes a um dia da semana específico. Vai daí ligo para a Junta de Freguesia e um atendedor pergunta-me o que eu quero e entre as opções que me deu, escolho a que me parecia mais provável.
Quem me atende identifica-se e pergunta ao que venho. Questiono a que dia recolhem os inertes dos jardins e quintais, mas a menina logo me reponde que não sabe, mas vai tentar saber. Aguardo uns segundo para logo ouvir a seguinte resposta:
- Isso não é com a Junta, mas com a ECO... (qualquer coisa!!!).
- Ok Obrigado. Sabe o número?
- Sei sim - e ditou um número fixo.
Liguei para a tal ECO... (qualquer coisa) e quando me atendem faça a mesma pergunta:
. Sabem a que dia recolhem os inertes dos jardins e hortas?
- Mas esse é um trabalho da Junta de Freguesia... não nosso!
Subiu-me uma turbulência, mas contive-me. Por fim devolvi:
- Ok. Obrigado.
Obviamente que não voltei a ligar para a junta de Freguesia pois não me apetecia entrar mais neste ping-pong burocrático tããããããããããããão normal no nosso país.
Acabei por resolver o problema de outra forma, todavia com mais custos para o ambiente!
Acho estranho que venham profissionais de saúde para Portugal, quando há portugueses naquela área a sairem do país!
Admira-me que as sucessões de casos de vacinações indevidas surjam a toda a hora e não oiço uma palavra do PM nem do PR;
Parece que os deputados têm mais direitos que a maioria dos portugueses;
Desde sábado passado, data em que soubemos que havia infectados em casa, o meu telmóvel não pára de tocar: autoridade sanitária concelhia, comissão de saúde, delegado de saúde, um sem número de meninas a dizer que vão enviar um inquérito. Tanta gente supostamente preocupada connosco e ninguém nos diz se deveremos ou não repetir os testes;
A burocracia lusa a ganhar aos médicos e enfermeiros.
Provavelmente seria necessário importar mais gestores da Alemanha e menos médicos!
A minha vida profissional ensinou-me que há um objecto em todas as secretárias muito, mas muito importante. Chama-se pesa-papéis e acreditem que sem eles a empresa onde trabalhei seria muito mais desorganizada.
Encontrei aqueles objectos de muitos géneros e feitios. Alguns deles retirei-os do lixo quando se iniciou a desmaterilazação dos documentos. Todavia guardei-os como mera recordação.
Como estes aqui:
Porém num Departamento por onde andei havia outro tipo de pesa-papéis.
Eram de metal, alguns sendo pequenos rectângulos de ferro escuro. Contudo os mais conhecidos eram os cágados também eles de ferro.
Os simpáticos bichinhos de metal tinham as suas quatro patas destacadas do corpo o que originava que se caíssem no chão poderiam partir algumas das patas mesmo sendo metálicas. Foi o que acabou por acontecer à maioria deles...
Até que um dia o responsável máximo achou que seria de todo conveniente a substituição dos pesa-papéis defeituosos. Deste modo a secretaria do Departamento preencheu um pedido:
"Requisita-se a entrega a este Serviço de 12 pesa-pápeis, conforme exemplar em anexo."
Quando passado algum tempo chegou a caixa com os novos exemplares de pesa-papéis logo se percebeu que algo não estava bem: todos os exemplares só tinham três pernas.
Admirados com a situação indagou-se junto dos serviços competentes o porquê daquela insólita entrega. A resposta veio rápida:
-- O exemplar que nos enviaram também só tinha três patas!
Curiosamente muito mais tarde descobri no fundo de uma velha gaveta um cágado de quatro patas.
Desde sempre que gostei muito de heróis. Provavelmente coisas de menino.
Os meus primeiros surgiram nos livros de BD: Mandrake, Major Alvega, Gaston Lagaffe e muitos outros.
Conquanto fui crescendo e a aprender nos livros, passei a ter novos heróis como referência. Estes de carne e osso (quiçá mais osso que carne) como foram os casos de: Viriato, José do Telhado, Padeira de Aljubarrota ou Maria da Fonte (o Éder ainda não pode ser considerado herói, pois não?).
Cresci rapidamente e depressa me esqueci dos meus heróis. Faz parte da vida!
Só que há pouco surgiu-me um novo herói português. E o seu heroísmo está essencialmente na forma como conseguiu, num ápice, vencer todos as burocracias de uma autarquia, de forma a poder remodelar convenientemente uma casita.
Eu que já andei nessas andanças sei quanto custa e quanto demora passar um papel de uma secretária para a outra num gabinete de urbanização, de uma qualquer edilidade. Pode demorar anos, pois há certidões e despachos teimosos… que odeiam mudar de mãos!
Ora bem o jovem deputado do BE armou-se em Rob(l)espierre e conseguiu à força de muita revolução que as licenças para a reconstrução do edifício que houvera adquirido fossem emitidas em tempo record.
Um exemplo de um verdadeiro herói contra a burocracia autárquica.
Tenho por hábito todas as manhãs tomar o pequeno almoço numa pastelaria defronte de um Instituto Público. Todavia só hoje reparei que antes da abertura de expediente dei cointa na rua de uma fila de algumas dezenas de pessoas que aguardavam pacientemente as 9 horas.
Olhei espantado para as pessoas enfileiradas pelas ruas da cidade e lembrei-me do "Simplex" socratiano.e na altura tão elogiado.
Fico assim sem perceber como no século XXI com tudo ligado por internet ainda faz sentido tanta gente a aguardar vez para ser atendido.
Então por onde param as Lojas do Cidadão tão bem recebidas pela sociedade?
Fico sempre com a ideia de que ainda existem ilhas de burocracia pesada no nosso Estado sem que ninguém ponha cobro à situação.
Hoje revi na RTP 2 um filme de 1976: os doze trabalhos de Astérix. A única aventura que nunca foi passada a papel por Goscinny e Uderzo.
Baseada na história dos trabalhos de Hércules, Ásterix e Obélix são nesta história obrigados a ultrapassar doze desafios para provarem que são superiores a César.
A história tem alguma graça mas está obviamente muito longe dos livros que imortizaram a aldeia gaulesa e respectivos habitantes.
No entanto da película retirei este excerto que me parece invulgarmente brilhante. O trabalho consistia em pedir uma autorização de forma a poderem seguir para o trabalho seguinte. Mas antes de entrarem no edifício, os irredutíveis gauleses apercebem-se que a cidade está repleta de gente louca.
Necessito entregar numa entidade pública um parecer técnico. Parecer este que é feito numa outra entidade também pública, por técnicos devidamente especializados.
Ora num dia no passado mês de Janeiro entreguei o pedido na sede da entidade e hoje, quase um mês depois, achei por bem tentar saber como estava a andar o processo.
Liguei para o destinatário do pedido donde me disseram que tinha sido dado entrada o documento (claro que sim pensei eu, com um comprovativo de entrega na minha frente!), e que ele se encontrava num determinado departamento, acrescentando que não sabia onde era o tal departamento.
Ligo para a sede e após passar o menu dos assuntos dito pela aquela maviosa voz, finalmente alguém me atende. Explico a situação mas passa-me logo para outrém (terá sido?) que não atende. Meia hora mais tarde nova tentativa e lá consigo falar com alguém que me indica que esse documento foi encaminhado para outro Serviço através de um memorando. Consigo o número de telefone do tal Serviço e ligo mais uma vez.
Alguém me atende, repito ao que venho. Ela escuta para depois me comunicar que vai transferir a chamada. A música tipo automática vai tocando durante longos minutos. Por fim a senhora telefonista vem à linha e diz que a pessoa que trata do assunto está ao telefone. Comuniquei-lhe que ligaria mais tarde.
E assim fiz... Mas desta vez o telefone principal surgiu sempre impedido. Ao fim de 28 tentativas lá me atenderam. A voz masculina parece ser pouco simpática mas conquanto a conversa se desenrola o cavalheiro surge mais afável.Pergunta-me (pela enésima vez) que assunto se trata e eu, uma vez mais, lá expliquei o que queria.
O senhor ouviu, depois procurou pelo (tal) documento mas respondeu que só aparecia a capa. O resto da documentação anexa não estava digitalizada. Mas que iria ver e após solicitar o meu contacto telefónico prometeu ligar-me a dizer o que se passava.
É neste momento meia-noite e ainda ninguém me ligou. Será que já posso desistir de esperar?