Hoje em 1580 falecia Luís Vaz de Camões e pouco tempo depois Portugal perderia a sua soberania para Espanha, que só recuperaria em 1640.
Hoje é dia de Camões, quiçá o maior poeta de todos os tempos.
Hoje andei a reler diversos sonetos de diversos autores, Camões incluído..
Hoje li também Bocage... e ficou dessa leitura este lindo soneto em homenagem ao nosso enorme poeta:
Camões, grande Camões, quão semelhante Acho teu fado ao meu quando os cotejo! Igual causa nos fez perdendo o Tejo Arrostar co sacrílego gigante:
Como tu, junto ao Ganges sussurrante Da penúria cruel no horror me vejo; Como tu, gostos vãos, que em vão desejo, Também carpindo estou, saudoso amante:
Lubíbrio, como tu, da sorte dura, Meu fim demando ao Céu, pela certeza De que só terei paz na sepultura:
Modelo meu tu és... Mas, ó tristeza!... Se te imito nos transes da ventura, Não te imito nos dons da natureza.
Confesso que o momento de limpezas não é o melhor do dia nem da semana. Todavia há alturas até que gosto. Especialmente quando tenho de me envolver com os livros, revistas e demais papéis.
Hoje hoje um momento "must"... Retiro livros daqui, ponho ali, saco outros duma prateleira e coloco além e de súbito...
Bocage, Guerra Junqueiro e outros autores surgem-me assim... quase do nada.
Livros velhos muito velhos. Um publicado em 1908, outro em 1925, mais um em 1904 e um ror de outras obras quase tão velhas quanto os autores. E ali fiquei a mirá-los.
As folhas amarelecidas, o português sem qualquer acordo ortográfico, com muitas consoantes repetidas e diversos ipsilones, os textos a pedir que os leiam. E li. Alguns dos mais belos sonetos de Elmano Sadino. Junqueiro ficará para depois. Folheei ainda algumas páginas de uma versão do Roboson Crudoé com iluminuras coloridas, com mais de 100 anos. Para além de (re)encontrar com velhas obras a necesssitarem de ser lidas.