Acabei ontem de ler o livro de Luís Rosa referente aos dois mandatos do Doutor Carlos Costa como Governador do Banco de Portugal.
Como antigo colaborador daquela entidade reguladora e tendo estado muito próximo de alguns Departamentos envolvidos nos maiores casos deste século presumi que seria interessante ler este livro, acima de tudo para validar alguns dados de que tinha tido conhecimento.
O livro não é simpático para muita gente, nomeadamente alguns banqueiros e políticos da nossa praça que não gostarão de ali serem tão sofrivelmente referenciados. Mas quem não quer ser lobo, não lhe vista a pele... diz o povo!
Cruzei-me diversas vezes com este Governador que sempre me pareceu ser uma pessoa sensata e assertiva. Para além de mostrar muita competência. O livro demonstra isso mesmo.
Porém durante os anos que se seguiram à Resolução do BES e BANIF, o Banco de Portugal foi constantemente capa de jornais pelas piores razões, culpando a instituição, na altura liderada por Carlos Costa, de todos os maus acontecimentos criados pela Banca.
Recordo a este propósito uma extensa entrevista que o Senhor Governador deu ao semanário Expresso e que teve a magia de amenizar o antagonismo da sociedade civil contra o Banco de Portugal.
Este livro esclarece e elucida 10 anos de muitas divergências, muitas guerrilhas e demasiadas tentativas de influência.
Gostei deste esclarecimento público que se desejava e impunha.
Estão a ver aqueles novelos de fios tão emaranhados donde querem apanhar uma ponta e não conseguem? Ou se conseguem mais à frente está partido e volta tudo ao início? Conhecem essa sensação?
Pois bem… esta é a ideia de que tenho sobre o caso BES/Novo Banco.
Com os novelos quando desistimos vamos à loja e compramos um novo. Este caso parece semelhante… Quando não se consegue perceber onde está o dinheiro… injectam-se mais uns milhões.
Na realidade creio que o caso BES é bem mais complicado do que se julga e terá muita gente envolvida, cujo nome não pode ser denunciado.
Quem diz pessoas individuais, diz empresas, partidos, Associações e demais entidades que, a exemplo das pessoas singulares, não podem ser divulgadas.
Enquanto houver uma mínima escapatória legal nos nossos códigos de direito, nenhum dos culpados do que aconteceu ao Grupo GES será formalmente acusado.
Entretanto até lá o país vai enterrando dinheiro num Banco completamente falido e que nunca deveria ter sido salvo.
“Era sistémico e com a sua queda caíra o país” pensarão alguns que lerem estas linhas. Poderia cair sim, mas não andaríamos agora a entregar rios de dinheiro a uma instituição que há muito deixou de ter credibilidade.
Acreditem que cada vez percebo menos desta estória do BES. AInda esta semana li num diário de economia que o banco dirigido por Ricardo Salgado fez também um donativo à Festa do Avante. Não obstante a resposta negativa daquele veículo de informação do Partido Comunista Português, fica a ideia de que o Banco Espírito Santo era o Banco do regime.
É verdade que havia e há a Caixa Geral de Depósitos ou o Banco de Portugal ambos ainda detidos na sua maioria - caso da CGD - e na sua totalidade - BdP - pelo Estado Português. Mas ainda assim nunca foram as entidades deste novo regime. Parece que a candidatura do actual PR foi outrossim brindada com alguns donativos.
Se juntarmos a tudo isto os clubes de futebol, Câmaras e outras entidades públicas percebemos porque não se deixou cair esta instituição. E se calhar bem...
Mas o que me apoquenta é a forma como televisões exploram até ao tutano estas informações como se o país fossem apenas bancos, banqueiros e seus clientes.
Deixem a justiça fazer o seu trabalho e no final façamos todos as nossas contas. Basta por agora de tanta conversa e sarilho!
Ponto prévio: não fui mandatado por ninguém, nem exibo de nenhuma procuração para defender as próximas ideias. Feita esta ressalva passo ao que aqui me leva…
Cada um tem o nome que advém quase sempre dos seus antecessores. É apenas identificativo e não deve corresponder a uma chancela positiva ou negativa que se carrega pela vida fora. Abordo este tema devido à forma quase vil como alguns jornais têm tratado o filho do ainda Presidente da Comissão Europeia.
Se o actual técnico do Banco de Portugal fosse filho se um ilustre desconhecido e tivesse recebido o mesmíssimo convite, os jornais falariam disso? No mesmo sentido quantos colaboradores terão até hoje entrado por convite para instituição reguladora, filhos de um qualquer casal? Mas pior que tudo, é a forma pejorativa como alguns diários abordam o assunto, tentando trucidar um jovem, que como muitos que há por aí, lutam por um melhor lugar na vida. E fosse para onde fosse trabalhar este rapaz estaria sempre marcado pelo nome do pai. No entanto o ser-se filho de alguém público não é marca de competência ou falta dela. O tempo encarregar-se-á de o valorizar, ou não… E nessa altura falaremos!
O jornalismo, mesmo o especializado, deve pautar-se por seriedade e busca da verdade e não retirar conclusões só porque alguém tem nome sonante. E entenda-se este ridículo: até há umas semanas “Espirito Santo” era sinónimo de uma família com prestígio e pergaminhos na sociedade. Hoje, esse mesmo nome caiu em desgraça e sabe-se lá com que irremediáveis consequências para todos os portadores desse apelido.
O temor dos clientes do BES após a última semana e antes das declarações do Governador do Banco de Portugal, era real e entendível.
Até há uns anos os Bancos eram, supostamente, o último bastião de seriedade e fidelidade de um qualquer luso. Uns parcos tostões amealhados durante uma vida eram entregues a estas instituições com a normal contrapartida de um juro, mesmo que baixo. E (quase) todos viviam felizes…
Foi assim durante muuuuuuitos anos. Até que um dia passou a entrar na nossa casa, fosse através de correspondência ou publicidade televisiva, apelos convidativos a… gastarmos dinheiro. Casas, carros, viagens, eu sei lá que mais, tudo nos era oferecido a preços convidativos.
Milhões de portugueses (e não só!), caíram nesta armadilha montada por uma banca pouco preocupada com o depositante e deveras interessada em vender o dinheiro que os incautos clientes deixavam nos seus cofres.
Em pouco tempo tudo se precipitou… E os bancos deixaram de honrar com os seus compromissos. E quando alguém se aproximava do balcão do seu Banco, era ver os colaboradores fugirem pelas janelas, pelas portas das traseiras porque ninguém tinha coragem de dizer a verdade ao depositante: meu caro Manel, nós aplicámos o seu depósito em produtos que deram para o torto e agora do seu dinheiro... há aqui uma conta para pagar por manutenção…
Pois, pois… mas isto não se diz a ninguém!
O verdadeiro problema é que as instituições que lidam com os (nossos) dinheiros, deixaram há muito de ser “gente” de bem. E no actual mundo financeiro, a população em geral acredita tanto num banco como um americano numa nota de três dólares!
Ontem adormeci cliente de um Espírito Santo completamente falido. Após as declarações do Dr. Carlos Costa, acordo hoje cliente de um Novo Banco, rico e repleto de pujança.
Será a isto que as Sagradas Escrituras se referim quando falam da "Boa Nova"?