Nunca me senti intimidado pela idade. Sei que esta é inexorável e portanto o melhor que terei de fazer será aceitar.
Dito isto também reconheço que quanto mais ando nesta vida menos tenho para andar! Mas para quê ralar-me com essa certeza? É uma enormíssima perda de tempo e de recursos internos. Portanto... vivamos um dia de cada vez!
Esta sexta feira fui à Beira Baixa numa viagem lenta, mas saborosa. Quando cheguei perto das oito da noite estariam uns meros 4 a 5 graus e um vento cortante descia da serra da Gardunha, companheira inseparável do pequeno povoado.
Como de costume quando estou na aldeia levanto-me muito cedo para ir à padaria buscar pão e uns saborosíssimos croissants. Portanto no sábado levantei-me às seis da manhã e fui de carro até à padaria. Ora como não tenho por lá garagem a viatura ficou ao relento. Deparei que o para-brisas tinha uma grossa camada de gelo que tirei com alguma dificuldade.
O resto da manhã passei-a no campo a contar oliveiras, não vá o IFAP um destes dias desmentir a contagem, e senti-me ali bem, sabendo que aquele chão ora meu, amanhã será dos meus filhos e dos meus netos.
Mas o que tem a ver a idade com a viagem que fiz? Tudo diria eu!
Porque a nossa vida será sempre uma viagem, umas vezes fazêmo-la muito depressa sem tempo para apreciar o momento outras, como foi este sábado, com tempo para olhar a terra fecunda. Foi fantástico!
Para terminar comunico que os poços, ribeiras, charcas, tanques, lameiros têm água até até!
Sei que para o Alentejo e especialmente para o Algarve a chuva que caiu não chega para as encomendas. Tempos diferentes de há muitos anos.
Porém noutros locais a água que choveu deu para encher poços e charcas, ribeiros e barragens.
Fui hoje numa corrida à Beira Baixa. Pagar ao pessoal e acima de tudo perceber o que fizeram e o que falta fazer. Numa quinta de 20 hectares a água corre por todo o lado. Há uns anos mandou-se fazer uma charca para guardar alguma água para o gado que por ali pastoreia. Ao redor da charca há duas linhas de água que só correm depois de tempo muito chuvoso.
A verdade é que a aldeia está rodeada por água por todo o lado. Que corre com força, acrescentando água destas linhas à água da ribeira que mais à frente se transforma em rio e que com outras linhas se junta numa enorme barragem.
À saída da aldeia passa-se por um local onde a barragem se deixa ver até onde chega a visão. Nem iman«gino como estará a escoar a conduta.
Por aqui as terras estão tão encharcadas que não há agricultura que se possa fazer!
Ainda agora cheguei de viagem e amanhã de manhã parto novamente para a Beira Baixa! Pelo que já consegui perceber vai ser um fim de semana de friozinho por lá! É tempo dele já se sabe!
Também já me disseram que irá ser o momento de erguer o madeiro de Natal no adro da igreja, que terá também comes e bebes.
Irei dar a volta às fazendas para perceber se há necessidade de intervenção de sapadores e afins. Ou como ficaram as oliveiras após a poda feita a seguir à apanha da azeitona.
Nestas coisas da aldeia não podemos descurar os cuidados nos terrenos sejam eles sazonais ou permanentes. Ainda por cima se estiverem à responsabilidade de outrém.
É neste assumir de (quase) fiscalização que evoco o bom do meu sogro. Coincidentemente e se fosse vivo faria 100 anos no mesmo dia do Dr. Mário Soares. Uma coincidência com a qual se brincou muitas vezes. Mas regressando ao ti'J. este homem tinha uma postura com os rendeiros muito diferente da minha.
A renda envolvia sempre bens agrícolas e algum dinheiro. Algo que me espantava até porque o meu sogro, não sendo abastado, não necessitava daquele dinheiro para matar a fome. Mas habituara-se nesta filosofia durante anos a fio...
Após a sua partida, certamente para o Céu, o esquema de rendas alterou-se e as herdeiras passaram a não exigir qualquer compensação pecuniária apenas que os terrenos ficassem bem tratados. E assim tem ancontecido.
Finalmente vou tentar adquirir mais um pedaço de terra contíguo aos nacos comprados há um bom par de anos. Não sei se o conseguirei até porque a pessoa quererá vender caro. E eu desejo comprar barato.
Após 15 dias na Beira Baixa eis-me de regresso à cidade e à loucura da enorme urbe!
Foram quase duas semanas completas a correr atrás de muita coisa, mas principalmente da azeitona. Que estava óptima, sã e fundiu muito bem.
Ontem enquanto arrumava as últimas caixas e mantas fiquei a pensar se não seria melhor ficar por ali mesmo. A aldeia não é muito grande mas tem quase tudo. O ar forte que desce da serra queima mais que um dia ao Sol na praia. Nas diversas fontes jorra água fresca e saudável e as pessoas são simpáticas e acolhedoras.
Por diversas vezes encontrei pendurado no portão de casa sacos com víveres: romãs, dióspiros, couves, abóboras e até aguardente. Também me brindaram com enchidos maravilhosos e bem perfumados.
Notei um movimento inabitual dentro do povo. Creio que uma corrida que ali se realiza anualmente trouxe muita gente que acabou por ali ficar mais uns dias. Já para não falar da quantidade de estrangeiros que optaram por viver ao redor da aldeia.
Entretanto as madrugadas continuam serenas, pacatas e quase convidativas a um passeio pelas ruas desertas não obstante muitos dias de chuva.
Talvez um dia por ali fique definitivamente. Não sou filho da terra, todavia adoptaram-me.
Sinto-me um privilegiado por fazer parte daquela comunidade!
Espero sinceramente que este calor que hoje se fez sentir não venha para ficar. Na Beira Baixa onde andei quase todo o dia sob um Sol inclemente e feroz não houve água que me dessentasse.
Vale que as terras ainda contêm muita água após um Inverno e uma Primavera bem mais chuvosa que anos anteriores. Os rios ainda correm com fervor e as charcas estão cheias.
O calor beirão é conhecido pela sua pujança que só se consegue amenizar com a modernidade do ar condicionado.
A erva verde principia a secar transformando-se em feno doirado que brevemente será aconchegado em fardos, para gastar mais tarde com o gado sempre esfomeado.
Esta canícula derrete-me por completo. É por estas e por outras que continuo a gostar do Inverno.
Tive de vir à Beira Baixa. Numa visita rapidinha para vir buscar couves beirãs para a consoada (as da minha horta ainda não foram cozidas pelo frio), borrego, tânjeras e alguns enchidos.
Depois saltitei de fazenda em fazenda para dar conta da poda das oliveiras. Tudo bem feito e calibrado que é assim quie se quer.
Num desses passeios obtive a foto seguinte.
Do corte do pinhal feito o ano passado ainda sobraram alguns pinheiro. A água parecia um espelho e corresponde a uma charca que se abriu há uma dúzia de anos. Serve essencialmente para o gado que por ali pastoreia de dessedentar e é um viveiro de patos bravos que fogem assim que me aproximo.
Poderia mostrar aqui as fotos outonais de um velho carvalho ou da ribeira que corre no fundo do lameiro. Mas preferi esta espécie de simetria natural!
Iniciei hoje a segunda temporada (a exemplo das séries televisivas!!!) da azeitona, desta vez na Beira Baixa a um quarteirão de quilómetros de Castelo Branco.
O tempo metereológico, visto em diversos sítios da internet, apontava para a previsão de muita chuva para este dia. Às seis da manhã quando saí de casa para ir ao pão ainda não chovia, mas às sete e meia caíu uma borrasca que me atemerizou.
Teimei!
E foi o melhor que fiz... pois mesmo com a queda de algumas bátegas conseguiu-se um óptimo empenho e à hora do almoço já se decidia qual a fazenda a seguir.
Todavia calhou-me a fava e durante a tarde fui escolher azeitona. A mantada que faltava era esta
que "só" deu 13 sacos, uns mais cheios outros menos dependendo do tamanho dos sacos.
Mesmo no final do trabalho desatou a chover e não fosse o oleado que trazia vestido nem imagino como chegaria a casa.
Tudo somado foram colhidas todas as oliveiras deste pedaço de terra fértil somando 26 sacos...
com azeitona escolhida e pronta para ir para o lagar!
Noutro ponto da aldeia a equipa mais nova fazia por deitara abaixo mais azeitona. Escolheram três, mas segundo disseram ainda ficou muito por limpar...
Estou na Beira Baixa! É costume vir aqui neste feriado.
Cheguei ontem já noite e a temperatura da rua rondaria os 25 graus. Como a casa não é aberta diariamente os quartos pareciam autênticos fornos o que me obrigou a ligar os aparelhos de ar condicionado.
Bom o dia hoje esteve também muito quente e após o jantar achei boa ideia ir dar um passeio pela aldeia. A noite há muito que tinha caído sobre o povo e talvez por isso considerei a aventura de um giro nocturno.
A noite estava simplesmente imaculada ao vento! A brandura da temperatura do ar convidava a fazer qualquer coisa diferente... do que estar em casa.
Saí devagar para poder saborear a noite com calma.
Esta gente que por aqui vai desfiando os seus dias é gente boa. Afável, amiga, companheira e acima de tudo fiável.
Mas o preço da desertificação nota-se já! Muitas casas à venda, a maioria quase devolutas. Os donos ou vivem no estrangeiro ou fugiram para os grandes centros urbanos deixando as heranças para resolver no futuro. Entretanto as habitações sem cuidados vão-se desboroando.
No céu mal consigo ver a Lua já que esta se encontra na sua fase minguante. Todavia as estrelas são muitas e algumas deixam-se ainda ver.
Paro no meio da rua e tento escutar.... Simplesmente!
Um silêncio quase sepulcral, cortado de vez em quando por uma cigarra ou um cão mais atento. Há nesta ausência de ruído uma estranha, mas apetecível atracção. Por esse desconhecido momento de paz.
Dou a volta à aldeia de forma pausada para regressar finalmente a casa.
Ainda a tempo de escutar o bater das horas no relógio da igreja!
Mas gosto tanto dela que ainda hoje é o fundo do meu portátil. Tirada no dia 1 de Novembro às sete horas, 36 minutos e 57 segundos de uma manhã ainda fria como se pode ver pelo gelo ainda depositado no chão. Um ano inesquecível de azeitona.
A madrugada acordara naquele instante com um Sol ainda tímido! E eu aproveitei para fotografar este acordar de dia...