Ano após ano tenho vindo a perceber que a Mãe Natureza tem muitas formas de se pagar pelo mal que, constantemente, estamos a aprontar.
E por muito que tentemos dar a volta à coisa a verdade é que a Natureza leva sempre a sua avante. Ora seja através do "El nino" ou demais tempestades e catástrofes naturais.
Também a agricultura sofre, e de que maneira, com as constantes alterações do clima, seja através de secas prolongadas ou com chuvas abundantes fora de tempo.
Mas deixem-me exemplificar: tenho no meu quintal diversas árvores de fruto. Uma delas, a ameixeira costuma todos os anos carregar de tal forma que muita vezes tenho dificuldade em fazer desaparecer tanto futo. Todavia este ano deu seis ameixas que eu deixei na árvore para os pássaros comerem.
A 120 quilómetros de onde moro há uma pequena aldeia onde fui criado e onde ainda vive muita família. Povoado rodeado de olivais, em tempos teve dois lagares a trabalhar permanenetemente. è nestas terras castanhas e barrentas que normalmente semeamos as nossas batatas.
Cuido-se da terra atempadamente, mondou-se amíude da erva daninha, mas mesmo assim a terra que deu mais do que isto
Se juntarmos a este pequeno monte mais oito sacos ainda assim a apanha deste ano foi fraca. Choveu muito e em momentos inapropriados. Depois veio um sol forte que ajudou a erva a crescer.
Há dois anos o mesmo peso de batatas para semente deu entre três a quatro vezes mais que este ano. O ano passado a fartura já não foi muita e este ano ficámos assim!
De uma vez por todas façamos pelo ambiente o melhor que pudermos. Não tarda nada nem batatas saem da terra porque esta ficou... estéril.
Hoje o dia foi mais um daqueles... preenchidos. Comecei no hospital da CUF Tejo numa consulta para ir parar à aldeia simpática onde os mais pais já velhinhos ainda vão vivendo as suas vidas!
Acabei por ir almoçar ao restaurante (que belo cabrito assado no forno!!!) para depois voltar à aldeia e dar uma volta às batatas colhidas em Junho.
É costume, pois se não se fizer arriscamo-nos a ficar sem tubérculos para a sopa ou para acompanhar um belo cozido à portuguesa!
Acabei por trazer umas caixas delas, abóboras e mais coisas que já nem me lembro.
Ah! Dei também uma volta âs oliveiras para tentar tomar o pulso â azeitona. Há alguma cois mas ainda está verde! E miúda.
Saí da aldeia ao fim da tarde chegando já de noite a casa! Com uma chuvada pelo caminho! E das fortes! Era bom que tivesse chovido assim na aldeia!
Há dias que já estava tudo combinado para hoje, mas ainda assim âs seis e meia da manhã quando saí de casa temi o pior para o resto do dia.
Um capelo entre o branco sujo e o cinzento tapavam o anil do céu. O Sol insistia em ultrapassar aquele tapete, conseguindo-o amiúde.
Todavia as minhas piores espectativas não se confirmaram e quando cheguei ao destino, não estaria ainda aquele Sol estival, mas uma temperatura mesmo boa para a nossa demanda de hoje.
Contei as cabeças: 1, 2, 3 até chegar a 8 e mais um outro.
Portanto 16 mãos para apanhar as batatas e mais duas que conduziam com perícia o tractor que fendia a terra e colocava os tubérculos á vista e à mão de quem lá chegasse.
Durante mais de três horas os corpos vergaram-se à vontade
que a terra teve em oferecer as batatas.
Pronto... o principal deste dia agrícola foram estas batatas, apanhadas com esforço, mas outrossim com o carinho que a terra merece!
Diziam os mais antigos nas aldeias que em ano bissexto "nem fonte nem cesto". O que equivale dizer que em ano maior a água será sempre escassa e por via disso, e não só, não haverá fartura de comida.
Porém o ano bissexto de 2020 foi um ano normal enquanto o ano de 2022 está a ser uma tristeza no que a água e fartura diz respeito.
Vejamos este exemplo: o ano passado semeou-se um bom naco de batatas. Choveu com fartura o que originou que as terras estavam alagadas. Daqui que as batatas, que lutam com a erva por um naco de terra fresca, tiveram esta sempre a seu gosto, Mesmo com a erva a erguer-se a seu lado.
Todavia este ano a faina agrícola não correu bem e assim a pouca água que caíu do céu foi toda aproveitada pela tal erva. Há quem use monda química para quebrar o crescimento das danadas ervas, mas eu prefiro a ponta do sacho.
Porque nem eu nem o meu pai o fizemos este ano acabei por ter uma safra de batatas muito abaixo do esperado. Só para dar uma ideia, em 2021 apanhei só para mim e os meus filhos cerca de 90 sacos de batatas. Este ano recolheu-se pouco mais de 30 sacos.
Noutro sector a azeitona que o ano passado nascia até nas pedras (brincadeira!!!) este ano parece ter-se simplesmente evaporado.
Entretanto vamos a ver o que darão os meus tomateiros do meu quintal.
Falar da minha horta e sobre o trabalho que ela dá parece uma coisa complicada.
Pois... parece! Porque não é nada complicado. Nem duro!
Porque duro, duro foi esta manhã!
Estava programado para hoje a apanha das batatas na aldeia. Por esta razão saí de casa ainda de madrugada para poder chegar a horas.
A meio da manhã o aspeto de metade do chão de batatas era este,
A outra metade estava assim.
Assim ao meio dia tinhamos a faina terminada. Com mais de cem sacos de batatas apanhados.
Regressámos a casa extenuados e sedentos. Assim que cheguei sentei-me no varadim da casa dos meus pais e tirei os sapatos velhos. Este foi o estado em que encontrei as minhas pernas e os meus pés,
Por motivos que se prenderam com o falecimento de um tio e o seu funeral fui hoje à aldeia ribatejana onde fui criado. Após as exéquias fui num tiro espreitar o batatl que me foi reservado.
O acordo tinha sido ir semear as batatas, porém o meu pai do alto dos seus 88 anos assumiu fazer o trabalho - com ajuda, claro.
Ao fim de mais de mês e meio a sementeira de batatas apresenta esta configuração.
Bonitas, não estão?
Entretanto e já a caminho de casa para pegar o carro e regressar à cidade constato que as oliveiras este ano estão super carregadas de candeia (há quem chame candeio, chora ou quiçá outros nomes).
Se tudo aquilo se tranformar em azeitona... ui... tenho campanha olícola para mais de um mês!