Em 2019 a bela cidade de Barcelona vivia momentos efervescentes! Por todo o lado era possível ver-se inúmeras bandeiras catalãs numa tentativa, até agora frustada, de independência daquela província, do governo espanhol.
Nesse Dezembro, já perto do Natal, revisitei a cidade. Numa das ruas que desemboca na praça onde se ergue a fantástica Sagrada Família (obra maravilhosa de António Gaudi) fotografei a seguinte porta de uma loja, com aspecto de estar encerrada havia algum tempo.
Uma fotografia que me deixou a pensar. Durante muito tempo...
Faz hoje precisamente vinte e dois anos que eu estava em Barcelona. Dia 11 de Setembro, dia nacional da Catalunha.
Lembro-me muito bem desse dia. Era sábado, jogava o Barcelona e o Espanhol no Nou Camp. As ruas engalanadas de bandeiras condais, os adeptos vestiam-se a rigor do clube do coração fosse a idade que fosse.
Foi das primeiras vezes que fui a Barcelona e a primeira em que fiquei uns dias para passear na bela capital catalã.
A cidade estava em festa e por todo o lado a alegria dos locais era evidente.
Mais de duas dezenas de anos depois destes festejos, por mim presenciados, Barcelona ou melhor a Catalunha é um barril de pólvora pronto a rebentar e para o qual a brigada de minas e armadilhas do governo espanhol não tem solução.
É pena... Tenho realmnete pena que Barcelona se tenha tornado uma cidade demasiado encrespada.
Gosto de quase todos os desportos. Ténis, ciclismo, rugby, andebol, atletismo e obviamente futebol são meros exemplos. Talvez o que menos aprecie sejam os desportos motorizados como F1, ralis ou motociclismo.
Bom isto para dizer o quê? Ontem em Lisboa a equipa do Barcelona foi olimpicamente cilindrada por uma equipa bávara de alto rendimento. O que vai ao encontro do que muitas vezes tenho pensado e escrito: pode-se ter muitos bons jogadores, mas será sempre a equipa que vence... ou perde.
Conheço bem a cidade de Barcelona. Tal como conheço o espirito guerreiro e indomável dos adeptos da maior equipa catalâ. Por isso nem imagino o que a esta hora e desde o final da noite ontem, andarão os adeptos da equipa "blau-grana" a discutir nas milhentas "tavernas", "casas de tapas" e outros lugares de convívio.
O problema não será a derrota em si, mas um ano sem títulos da equipa de futebol. Se juntarmos a tudo isto a velha demanda da criação do "País da Catalunha" estamos perante uma cidade que estará em evidente polvorosa.
Quando desporto e política se misturam, como é demasiado evidente na Catalunha, os momentos menos felizes podem originar misturas explosivas.
Ontem calculei mal e na realidade só hoje penso terminar esta crónica de um fim-de-semana por terras catalãs.
Assumo que fiquei fâ das feiras de Natal,
local onde milhares de pessoas acorrem em busca daquele boneco, presente ou somente uma recordação.
Mas ir a Barcelona e não descer ou subir Las Rambas e não visitar o mercado de S. José é quase um sacrilégio.
Há dois anos este local foi palco de um dramático ataque terrorista. No entanto continuam a ser aos milhares as pessoas que se passeiam por entre quiosques, "performers", pintores ou meros vendedores de material contrafeito, sempre de olho atento na polícia.
A capital da Catalunha é uma cidade cosmopolita que mistura muita cultura, imensa beleza, arte a rodos e simpatia pura. Um local imperdível!
Termino este conjunto de textos com a verdadeira razão que aqui os trouxe: o Natal em Barcelona.
A capital da Catalunha foi uma autêntica surpresa quanto ao Natal diz respeito. Para além das diversas feiras que já aqui havia falado, as grandes lojas e hotéis vão-se engalanando nesta altura especialmente na região mais central da cidade (Passeio de La Grácia, Praça da Catalunha, Ramblas, Bairro Gótico),
como é o exemplo supra do Hotal Majestic amplamente decorado com flores vermelhas em todas as varandas e janelas. A noite traria uma diferente visão... do mesmo local,
Entretanto outros edificios elevavam-se iluminados como a casa Batló,
e outros hóteis de enorme qualidade.
As ruas profusamente iluminadas, entravam pelo Bairro Gótico, emaranhando-se pelas ruelas da cidade velha e terminando nas celebérrimas Ramblas.
Mas o que mais me impressionou foi o desfile de milhares de veículos motorizados com os condutores e penduras vestidos de Pai Natal. Um evento que durou muito mais de uma hora e do qual apenas apresento alguns segundos.
António Gaudi deixou na cidade de Barcelona a sua marca indelével. Não só na sua casa pessoal - a casa Milá - ou na Sagrada Família, mas essencialmente através das diversas obras a que foi chamada a construir ou a alterar.
Nesta viagem descobri de forma ocasional a primeira habitação que António Gaudi desenhou e construiu. A casa chama-se Casa Vicens e pertenceu a um antigo corrector da bolsa. Muito para além dos estilos que os especialistas destas coisas gostam de atribuir esta casa é de uma invulgaridade assombrosa,
O interior da habitação é outrossim um exemplo do brilhantismo de Gaudi, do qual realço uma parede repleta de pássaros e o terraço com as suas chaminés coloridas para além de outros espaços simplesmente fantásticos..
Na segunda feira teve o momento alto aquando da visita a outra das célebres casas de Gaudi. Situada na mesma avenida da sua morada - Paseig de la Grácia - , a casa Batló é um exercício ao espirito e pensamento do grande arquitecto catalão.
Não são somente as formas mas todo um conjunto de cores, materiais, luzes e ilusões. Nada naquele imenso espaço é largado ao acaso. Tudo tem um propósito, uma função,
Desde a fachada, aos vidros policromáticos, dos pátios interiores e exteriores.
Mas de tudo destaco os vidros da escadaria... Ver através deles é como estivesse dentro do mar. Um perfeito assombro!
Hoje vamos falar de uma das mais fantásticas obras de um génio da arquictetura. Nunca percebi nada de construções, mas reconheço que o que nos é dado ver na Catedral da Sagrada Família é algo quase divino.
Não é só o aspecto exterior e a imponência das diversas torres,
ou as estranhas formas que Gaudi concebeu,
ou as santas gravuras.
É todo um conjunto que começa cá fora nas diversas entradas e culmina num espaço interior que nos esmaga ao primeiro contacto.
Independentemente da muita, pouca ou nenhuma fé religiosa que se tenha ou mesmo assumindo outra qualquer crença, o que conta é que ninguém, seja quem for, fica indiferente à majestosidade daquele espaço.
Quando em 1999 visitei pela primeira vez a capital da Catalunha encontrei uma cidade pujante de vida, alegre, trabalhadora e aparentemente feliz.
Recordo como exemplo que no dia 11 de Setembro desse mesmo ano encontrava-me em Barcelona e acordei numa urbe completamente em festa pois era o dia Nacional da Catalunha.
Por todo o lado vi bandeiras e estandartes pendurados nas janelas e varandas, num fervor regional puro e pacífico. Lembro-me de ser sábado e nesse mesmo dia, coincidentemente, as duas equipas de futebol da cidade jogaram entre si no estádio do Barça. Portanto mais um motivo de festa para a cidade condal, que se podia testemunhar desde as ruas aos simples transportes públicos com adeptos de todas as idades e de ambos os clubes a conviverem de forma pacífica e ordeira.
Vinte anos depois venho encontrar uma cidade ainda mais frenética... essencialmente pelo enorme volume de turistas, mas muito, muito crispada.
As bandeiras continuam penduradas nas janelas e varandas e com novos símbolos,
e nas paredes dos prédios há mais palavras de ordem e frases quase filosóficas,
Enquanto na praça St. Jaume, em frente da Generalitat o povo catalão parece não esquecer os últimos acontecimentos na região.
É uma cidade nervosa... esta! Muito diferente daquela que encontrei há 20 anos e pronta a explodir. E o rastilho parece ser cada vez mais pequeno.
Confesso que nunca antes havia visitado uma feira de Natal. Mais... nem calculava o que isso seria. Calculava que fossem umas barraquitas a vender umas coisas referentes ao Natal e sinceramente não imaginava mais nada.
Até que no Domingo pela manhã aterrei na praça onde se ergue um dos mais imponentes monumentos que a minha já longa vida me deixou ver e que é a Sagrada Família.
Mas já lá vamos...
Defronte desta catedral que desde o século XIX se encontra em construção abre-se uma praça que tem o nome do arquicteto catalão tendo ao meio um jardim. Todavia à sua volta por esta altura do ano centenas de pequenas barracas vão disponibilizando a quem ali vai, uma enormíssima série de artefactos, árvores, musgo, flores, luzes e figuras para enfeitar as casas e os presépios.
Além disto pode-se comprar todo o tipo de doces próprios de Espanha e não só! Uma feira obviamente muito concorrida. E não estou a falar somente de turistas. Os catalães acorrem a este acontecimento com grande fervor.
Porém esta feira não é única. Em pleno Bairro Gótico uma feira de características iguais vai oferecendo aos catalães o melhor para o Natal de 2019.
Eis um exemplo que o video não consegue dar uma verdadeira imagem.
Vim à cidade condal a uma consulta dos olhos vinte anos depois da primeira vez que pisei esta cidade olímpica.
Tenho uma consulta numa das boas clínicas de oftalmologia de Barcelona. Nada de anormal somente rotina. A idade não perdoa e por vezes é necessário fazer alguma profilaxia.
Aproveitei portanto este fim de semana quase pré Natal para viajar!
Segunda feira após a consulta regressarei a Lisboa.
Até lá fiquem bem e não gastem o que não têm nas prendas de Natal!