O primeiro livro de Banda desenhada que tive foi "Lucky Luke, Fora da Lei". Um livro publicado em 1967 pela Editorial IBIS, editora já extinta, ou melhor, absorvida pela Livraria Bertrand nos anos 70 do século passado.
Assim iniciou o meu gosto pela BD. Rapidamente passei do cavaleiro solitário para Astérix e daqui para Tintin. Bem mais tarde conheci Corto Maltese, Mandrake ou Fantasma. Depois cairam nas minhas mãos Comanche, Chevalier Ardent, Blake and Mortimore, Gaston Lagaffe.
Até que entrei numa BD mais interventiva como foi ou será que ainda é... a Mafalda do argentino Quino. Um dia alguém escreveu sobre esta menina: "não me preocupo com aquilo que penso da Mafalda, mas apenas com o que ela pensa de mim"! Touché... acrescento!
Na minha modesta biblioteca os livros de Banda Desenhada têm reservadas apenas três prateleiras, muito apertadinhos, pois sempre que surge algum novo há que lhe arranjar lugar.
Terei centenas de livros desta, denominada por Morris, nona arte! E quase todos os meses lá vem mais um... especialmente comprados nessas plataformas de vendas de artigos usados.
Confesso que já li todos estes livros, alguns mais de... uma dezena de vezes. E o mais curioso, sempre que regresso à repetição de leitura de um livro, encontro naturalmente novos pormenores que haviam escapado nas leituras anteriores.
Talvez daí eu chamar à BD a verdadeira arte da fantasia.
Nota final para a foto que ilustra este postal que é do meu primeiro livro, tendo este já uma cor bem amarelada devido ao manuseamento e outrossim à patine da idade!
A receita parece já não resultar. Definitivamente!
As aventuras de Astérix tornaram-se em algo amorfo e sem qualidade. É sabido que com a morte de Goscinny oa diálogos deram um enorme trambolhão no que respeita à ironia e assertividade.
Albert Uderzo ainda tentou manter as Aventuras do irredutível gaulês à tona, quando o naufrágio parecia evidente.
Esta aventura é pobre, enfandonha e triste não obstante algumas evidentes referências a aventuras mais antigas como, por exemplo, a Astérix e os Belgas. No entanto percebe-se que a luz brilhante que iluminou a dupla Uderzo/Goscinny, não é hoje mais que uma ténue chama mortiça e sem fulgor.
Portanto é necessário saber parar.
Creio finalmente que nem com a poção mágica o aventureiro dos grandes bigodes loiros irá suportar as afrontas que tem sofrido ultimamente.
Em Outubro último, ainda o Mundo era um local aparentamente normal, fez 60 anos que uma revista de BD lançou o seu primeiro fascículo.
Lá dentro, entre muitos heróis e aventuras, apareceram duas personagens que haveriam de mudar o gosto de muita gente pela nona arte.
Falo, como calculam, de Astérix e Obélix, dois indomáveis gauleses que tinham como único intuito infernizar as guarnições romanas ao redor da aldeia. No entanto estes irredutíveis aldeões só receavam que o "Céu lhes caísse em cima da cabeça".
Esse mesmo Céu recebeu hoje o desenhador-mor daquela dupla, o francês Albert Uderzo, a um mês de fazer 93 anos.
A Banda Desenhada perdeu uma referência, mas ficaram cá os heróis.
Bom a opção entre os livros enfileirados a serem lidos recaiu desta vez na Banda Desenhada. E na "Mafalda - Edição comemorativa dos 50 anos", a menina contestatária e que durante os últimos meio século tem feito as delícias de quase todo o mundo.
Mesmo com estes 50 anos de existência, a criança criada pelo argentino Quino, não cresceu com a idade... Mas nós sim!
Hoje leio aquelas pranchas e sinto nelas (ou com elas) um misto de nostalgia e humor. O Mundo mudou muito desde que Mafalda foi criada, mas continua a haver razões para contestação. Cada vez mais.
Bem vistas as coisas todos nós temos um pouco de Mafalda dentro de nós... Provavelmente com (muito) menos humor.
Curiosamente (ou talvez não) comecei a lê-lo na última semana.