Hoje necessitei de indicar a uma entidade responsável pelos postes públicos de telecomunicações a localização certa da minha casa pois é encostada a esta que se encontra um poste danificado pondo em perigo acima de tudo pessoas.
Através de uma aplicação super conhecida lá encontrei a posição geográfica da minha humilde casa. Mas esta pesquisa deu-me uma outra noção que vou passar a expor. Todavia há que fazer uma breve introdução explicativa.
Da minha casa à praia mais perto (não é a que frequento!!!) serão, no máximo, três quilómetros. Outras são ligeiramente mais distantes, mas nada de muuuuuuuuuuuuito longínquo. Posso dizer que a praia que vou diariamente neste tempo de férias fica a quatro quilómetros, mal medidos.
Ora bem, o que constatei com a pesquisa que referi no início deste postal é que a maioria das casas deste enorme bairro exibem de uma mancha em azul claro nos seus logradouros, sinal evidente da existência de uma piscina. Se algumas foram feitas de raiz outras nasceram à posteriori e há muitas redondas que calculo sejam das desmontáveis.
Como amante que sou de praia até nem me importo nada com isso pois será menos gente na estrada, nos estacionamentos, no areal.
Muitos destes visados desculpar-se-ão com os filhos e netos pequenos, mas sinceramente questiono esta opção... Até porque não acredito que uma verdadeira criança troque um divertido mergulho numa onda por um salto para uma água carregadinha de cloro! Depois há a areia, outros miúdos e muitas aventuras que um belo areal pode efectivamente dar às crianças.
Em forma de remate diria que me cheira a comodismo por parte dos mais velhos (sejam estes pais, avós, tios ou amigos), olvidando que os afogamentos de crianças nas piscinas são muito superiores aos das praias. Na verdade as piscinas não têm ondas... e muitas nem supervisão adulta!
Entre diversas coisas que aprendi nos meus relacionamentos com as crianças (filhos, sobrinhos e outros petizes!), uma delas prende-se com a capacidade que os miúdos têm na resposta que devem dar à estúpida pergunta: gostas mais de quem?
Obviamente que o questionado percebe sempre que resposta deve dar e assim contentar quem lhe lançou a questão. Muitas vezes com direito até a prémio.
Nunca gostei deste estratégia para ganhar o carinho e a atenção das crianças. O melhor mesmo é descermos ao nível deles e participarmos nas suas brincadeiras, por muito parvas que sejam para nós (nunca são para eles!). Sermos um deles!
Educar hoje uma criança não é fácil (creio mesmo que nunca o foi!), mas quem educa deve ter sempre em atenção que nenhuma criança é igual à outra. Mesmo que filhos do mesmo pai e mãe! As crianças requerem dos educadores muita atenção, genuíno carinho e uma enorme resistência psicológica. Diria que sem estes três vectores um miúdo pode facilmente desviar-se do bom caminho.
A disciplina deve ser ministrada, mas outrossim explicada e nunca olvidada... Uma criança que não saiba respeitar a disciplina que lhe é apresentada nunca singrará convenientemente na vida. Porque desde cedo aprendeu que o Mundo rodava à sua volta. Por isso tem de se habituar a escutar a palavra Não. A chantagem psicológica que muitas crianças utilizam para conseguirem os seus intentos nunca deve ser valorizada.
Por fim há que dar a perceber a eles que todos somos precisos... independentemente da idade e da capacidade intectual!
Hoje são eles que precisam de nós! Amanhã somos nós que precisaremos deles!
Desde o fim do Verão de 2020, em plena crise pandémica, que passei a ser cuidador de uma neta que na altura tinha apenas alguns meses de idade.
De um momento para o outro acrescentei à figura quase sempre simpática de avô a enormíssima responsabilidade de cuidador e ao mesmo tempo de educador, pelo menos enquanto está comigo.
Diz o povo: os pais educam e os avós deseducam.
Esta máxima tão popular é a prova teorica de que os avós servem unicamente para os momentos doces da relação com os netos. Porém a prática tem outras nuances.
Na verdade todos os que já foram pais percebem que há com os filhos um momento de dúvida e que se prende com a ideia daquilo que vale mais: o amor de pai ou o amor de educador? No fundo os pais e os avós de uma criança pequena vivem permanentemente neste velhíssimo dilema.
Entretanto eu não fujo à regra
Disciplinar uma criança de tenra idade não é fácil. Fazer aquela entender o que pode ou não pode fazer, comer ou simplesmente mexer requer de uma certa pedagogia que não está ao alcance de muita gente. É necessário muito amor e muita paciência para se levar "o barco a bom porto".
Resumindo reconheço que amar e educar uma criança são faces opostas de uma só e estranha moeda cujo nome nem imagino qual seja, mas que existe certamente!
Com o crescer constante da minha neta as idas a um parque infantil tornaram-se frequentes. Ali ela procura os equipamentos de mais gosta que são essencialmente o escorrega e o baloiço.
Ultimamente o parque está mais preenchido com crianças que vão acompanhadas de pais ou avós (como é o meu caso!!!).
Mas se nos avós percebo mais cuidado e atenção, já nos pais - não em todos, obviamente – encontro algum descuido, para não usar uma expressão mais dura. Abrem a cancela do parque e largam lá as crianças que, sozinhas, vão descobrindo coisas engraçadas, mas outrossim os perigos.
Entretanto os paizinhos e mãezinhas destas crianças apenas se preocupam em falar ao telemóvel ou em fumar aquele cigarro, descuidando os seus infantes presentes.
Ainda esta semana não fosse eu estar presente e bem perto de uma criança, provavelmente esta cairia do alto do escorrega, enquanto a mãe virou as costas à filha.
Dá a ideia de que a liberdade no parque infantil terá outros alvos para além as crianças…
Aproxima-se o fim das minhas férias... mas ainda assim aproveito o que posso da praia.
Hoje cheguei ao areal pouco passava das nove da manhã. Bulia uma brisa branda, mas fresca.
Assentei arraiais e montei o estaminé. Relembro que esta semana tive sempre a boa companhia da minha neta, o que requereu uma logística diferente daquela em que só vão dois gatos pingados.
Finalmente e ainda antes de ir à água sentei-me na toalha e dei por mim a olhar em meu redor, especificamente para as pessoas que como eu estavam àquela hora na praia. E constatei duas realidades: a primeira é que a maioria eram pessoas com idades semelhantes à minha ou até mais velhas, a segunda é que quase todas vinham acompanhadas dos respectivos netos.
Foi curiosa esta assumpção dos avós assumiram a responsabilidade de levarem os descendentes mais novos, enquanto os pais destes estarão, provavelmente, a trabalhar.
Como li uma vez escrito por uma criança: os avós são pais com tempo!
Hoje educar uma criança é assaz diferente daforma como eu tentei educar as minhas. Escrevi tentei porque sinceramente não sei se as eduquei como deveria ser. Só o tempo dirá se fiz bem ou mal o meu trabalho. Mas até agora... tudo impecável!
Mas regressando aos dias actuais, envolvendo crianças e a sua educação tenho consciência que esta parece ser mais complicada que outrora, se bem com enormíssimas melhorias em comparação com a que dei aos meus filhos. Eis algumas razões:
- A primeira prende-se com acesso à informação que muitos pais acedem via internet tentanto aprender com os erros evitados e cometidos por outros pais. No entanto esta pesquisa nem sempre dá as melhores notícias e daí ser necessário ter algum bom-senso para perceber onde começa e acaba o exagero;
- A segunda está assente na alimentação e naquilo que os pais pretendem evitar dar aos filhos como é o caso do açúcar ou o sal em excesso. Parece-me uma postura feliz, mas desde que não se fundamentalize pois pode tornar-se contraproducente;
- Outra razão está ligada aos meios que entram pela nossa casa sem que demos conta. A televisão é uma delas, mas as plataformas pagas também surgem com grande relevo apresentando uma panóplia de opções para quase todos os gostos e feitios. E se algumas delas são engraçadas há muitas que são, no mínimo, idiotas e sem conteúdo;
- Já nem quero falar de uma quantidade e diversidade de componentes electrónicos que moram em muitos lares e aos quais as crianças acedem facilmente criando mais tarde uma depedência quase feroz.
Lembro-me de ter dado aos meus filhos "Gameboys" para se entreterem. Mas nesse tempo tudo era novidade e não havia real assertividade dos perigos inerentes à coisa.
Nos dias que ora correm tento educar a criança mais nova cá de casa da forma que provavelmente os meus filhos deveriam ter sido educados: mais brincadeira, menos jogos electrónicos e menos videos.
Todavia os tempos eram outros e os educadores quase permanentes (avós) tinham uma visão bem diferente de educação. Hoje dou por mim deitado no chão a brincar com a minha neta como se tivessa a idade dela. Com os brinquedos que foram do pai e do tio...
Por isso digo que não conta o brinquedo que se dá a uma criança, mas tão-somente a brincadeira que alimentamos com ele! Nós incluidos!