De vez em quando vou lendo notícias de atletas envolvidos em casos de "doping". Voluntaria ou involuntariamente a verdade é aqueles que caem nessas malhas apertadas estragando as suas vidas, carreiras e deixando que os sonhos se transformem em... pó.
Lembro-me dos casos recentes de Lance Amstrong ou de Maria Sharapova que de bestiais passaram a bestas num brevíssimo segundo. Tudo por causa do tal malfadado "doping".
Quando oiço ou leio este tipo de notícias pergunto-me de quem será verdadeiramente a culpa: do atleta que sente que é impotente para alcançar melhores marcas e arrisca tudo ou dos médicos e dirigentes que percebendo a fraqueza do atleta e às escondidas tentam "compensá-lo" de alguma forma?
Um atleta de alta competição deveria ser uma máquina quase perfeita. E alguns roçam mesmo essa perfeição. Mas há sempre um momento de fraqueza, algo menos bom que pode originar uma opção por ajuda extra.
Por isso caberá ao atleta e à respectiva equipa médica o esclarecimento em conjunto dos riscos de uma tomada de posição perante alguma insuficiência física ou mesmo psicológica. O poblema é que muitas vezes os desportistas não têm essa consciência e depositam cegamente nos seus médicos ou fisioterapeutas a responsabilidade das suas decisões.
Daí correr muitas vezes mal. Com elevadíssimos prejuízos para todos, mas essencialmente para o desporto.
Esta noite enquanto labutava com umas gamboas para dentro da panela de pressão fui deitando o olho para o futebol que passava na televisão lusa. Assumo que é a única razão que me leva a ver o pequeno ecran: desporto.
Decorre o jogo quando percebo algumas substituições portuguesas. Entra este, sai aquele. Entra mais um, sai outro.
O que reparo é que a maioria deles persignam-se antes de entrarem em campo. Outros levantam as mãos e soletram algumas, suponho eu, orações. Todavia estes gestos não são exclusivos do futebol pois são vistos amiúde em qualquer modalidade.
Sendo eu então um homem de fé e professando esta segundo os Mandamentos de Deus, fico por vezes a olhar para aqueles gestos dos atletas e pergunto a mim mesmo se tudo aquilo é verdadeira e sentida fé ou somente um exercício de mera superstição?
Ou quiçá um mero gesto mecânico e quase sem sentido!
Gosto da capa de hoje do Jornal desportivo espanhol "Marca"
ao referir que os médicos são já os vencedores do torneio europeu. Tudo devido à forma célere e competente como lidaram com a síncope cardíaca que atingiu a estrela dinamarquesa Christian Eriksen.
As imagens chocantes correram mundo e ao que sabe o jogador recuperou, mas continua internado para novas baterias de exames.
Como sempre olho para estas situações e fico a pensar como é que elas acontecem, especialmente em atletas altamente treinados e preparados. É que se puxarmos pela memória, e não é preciso muito, lembramo-nos do malogrado Alfredo Quintana, guarda redes de Andebol do FC Porto e da selecção nacional ou de Alex Apolinário malogrado jogador do Alverca.
Com todos estes acidentes a acontecer e cada vez com mais frequência, pergunto-me até que ponto os médicos dos clubes e das federações validam com assertividade os atletas da sua real condição física? Ou provavelmente exige-se demasiado esforço e empenhamento aos atletas, olvidando que estes são simples seres humanos e não puras máquinas.