Do outro lado do vidro!
Durante 15 anos dei a cara pela empresa onde estive uma vida. Atendi, sem exagero, milhares de pessoas, todas elas diferentes, com conhecimento e estatutos opostos, educação e formação vária.
Não obstante as diferenças estas nunca me impediram de atender cada um da maneira que é: único. Contactei com gente assaz pobre, mas muito séria (este terá sido o melhor exemplo), pessoas cultas, analfabetas, novas e menos novas. Gente da cultura, contínuos ou militares.
Lidei com todos eles tentando sempre fazer o melhor que podia e sabia.
Todavia tive sempre acima de mim uma chefia que dava ordens e às quais teríamos normalmente de respeitar (o que nem sempre acontecia comigo, confesso)!
Talvez por esta minha experiência de tantos anos, me custe ver gente que não têm qualquer queda para ocuparem um lugar de atendimento ao público. E cada vez são mais.
No entanto também reconheço que o público está cada vez mais exigente, mais contestatário. Porém este publico tão anónimo não se deveria zangar com aquela pessoa que está por detrás de um balcão ou vitrine já que este está somente a fazer o seu trabalho e que não será responsável pelas ordens que serão emanadas de alguém superior.
A época que ora vamos tristemente desfolhando é fértil em bravatas pois há muito que a paciência se esgotou e tudo serve para dar voz à desilusão.
Assim sendo e antes de entrar numa demanda contra alguém que se encontra do outro lado do balcão, pergunte a si mesmo como gostaria que falassem consigo se estivesse no lugar dela?