Caiu no meu telemóvel através de uma rede social um pequeno filme onde um menino americano de 4 anos manuseava uma arma como quem monta um Lego Duplo.
A senhora que o entrevista parece feliz por uma criança tão pequena se mostrar tão competente no uso de uma espingarda.
Recuso-me, por objecção de consciência, a divulgar tais imagens porque não sendo sangrentas apontam para uma violência quase gratuita.
É certo que a nossa cultura baseada em brandos costumes não se revê nesta estranha filosofia americana onde um inocente lida com uma arma verdadeira como se esta fosse um mero brinquedo. E claro com o concluio familiar, arriscando-me mesmo a afirmar com o estímulo dos pais.
Não percebo nem concebo esta visão tão bélica dos americanos, mas tomando este filme como exemplo não admira o caso do início desta semana no Texas, com os trágicos resultados que todos sabemos.
Quando oiço ou leio notícias sobre tiroteios como o desta semana no Texas que vitimou 21 pessoas pergunto-me: como chegámos aqui?
Tenho consciência de que a sociedade americana é completamente diferente das sociedades europeias. O uso e porte de arma é natural e quase me arriscaria a dizer é fomentado.
Basta para isso que não tenha cometido qualquer crime e que aparentemente esteja de posse das suas faculdades mentais. Assim qualquer pessoa nas condições anteriores pode entrar numa loja da especialidade e comprar qualquer arma. Haja para tal o dinheiro!
Desde sempre que escutei e li que o maior negócio do Mundo seria o armamento. Nem petróleo, nem diamantes, nem droga… apenas armas. E pelo que tenho percebido este lóbi é tão poderoso que não há político que consiga alterar qualquer lei que ponha em causa a venda livre de qualquer arma.
A consequência desta política de venda livre de armas está em mais um ataque, desta vez a uma escola primária. Vinte e uma vítimas mortais parece-me um custo demasiado elevado, mesmo para a sociedade americana que defende a auto-defesa com base na segunda emenda.
Provavelmente se Salvador Ramos – o atirador de Texas – tivesse entrado numa escola onde estudassem filhos ou netos de políticos americanos e matado algumas crianças, provavelmente repito a lei seria mais tarde ou mais cedo alterada.
Todavia a forte divulgação deste tiroteio por todos os meios também não ajuda a controlar os ímpetos de quem possa ter desejos assassinos comuns ao de Salvador.
Por fim continuo a questionar-me: como chegámos aqui?