O dia começa a aquecer de forma exponencial. A estrada regional não tem grande movimento e talvez por isso devorei o caminho entre Alcoutim e Mértola, cerca de 40 quilómetros, em velocidade moderada.
Após a ponte sobre a ribeira de Oeiras,
subi para a bela vila de Mértola.
Uma vila que se perde no tempo e nas diferentes influências recebidas pelos povos que por ali passaram e ficaram.
O castelo domina a vila que conjugada com o rio Guadiana nos apresenta uma paisagem sui-generis
Dentro das grossas muralhas podemos imaginar as batalhas ali travadas.
A seus pés cresce uma vila alva e simples como são naturamente as suas gentes.
Uma vila onde ainda visitei a sua igreja que já fora uma mesquita.
Ao meio-dia nesta vila do Alentejo profundo os termómetros marcavam 38 graus com a normal tendência para subir.
Uma vila que vi um pouco a correr mas que visitarei futuramente com mais tempo. E com mais fresquidão.
Parti em busca do almoço. Encontrei na povoação de Corvos um restaurante que me serviu um cozido de grão simplesmente divinal.
O calor alentejajo acabou por me fazer parar numa praia fluvial nas Minas de S. Domingos. Um sítio curioso e relativamente frequentado mesmo neste dia de extremo calor.
Após um par de horas a banhos temperados parti finalmente para Serpa e depois para casa onde cheguei ao fim do dia feliz e recheado de lindas imagens e momentos fantásticos.
Há uns anos falaram-me da Aldeia de Juromenha, ali mesmo encostada à nossa vizinha Espanha, somente com o Guadiana a separar os dois países.
Prometi na altura a mim mesmo, que um dia iria até lá. Muitos anos depois e cento e noventa e nove quilómetros e novecentos metros desde a minha casa ao local onde parei, eis-me no local. Curioso número... marcado no conta quilómetros do meu carro.
O Castelo surgiu assim tristemente imponente. O seu interior é um ror de ruínas deveras abandonadas e que faz doer a quem olha para este monumento como parte integrante da história de Portugal.
Palmilhei pequenos declives e subi as escadas da torre altaneira, que ainda assim, na sua decrépita pujança, ergue bem alto o estandarte de Portugal.
Há muito tempo que o castelo foi abandonado. Nas paredes do que foram as capelas pouco se percebe das suas pinturas. Há destroços por todo o lado e só mesmo um pombo se sente bem naquele espaço.
Todavia por todo o lado há referências à importância deste forte, que tem uma origem que se perde no tempo, mas que D.Dinis mandou reconstruir. Os brazões ainda lá estão gravados na parede com uma data: 1143.
Obviamente que a data não é inocente porque corresponde à independência de Portugal.
Foi desta forma que três lusos assaltaram um castelo com o intuito de conhecer e apreciar um Alentejo tão profundo quanto distante da capital. A beleza da paisagem que se pode observar daquele local é deslumbrante, seja virada a Portugal, seja para Espanha.
Saí de Juromenha e parei no Alandroal onde outro Castelo nos aguardava. O tempo escasseava e a fome apertava e por isso só se viu por fora o que parece ser um belo castelo, aparentemente mais bem estimado. A pedir também visita atenta.
Após o almoço regressei à estrada, porque o meu destino estava traçado. No caminho que percorri e ao redor destes dois castelos encontrei diversas referências a muitos outros... Monsaraz incluído.
A exigir por isso um roteiro muito especial só para os castelos desta zona.
Por motivos agrícolas tive de ir hoje ao Alentejo, mais propriamente ao Crato. Jamais havia estado ou passado por esta vila simpática histórica.
Nem desta vez tive muito tempo... Todavia ficou prometido uma visita para um futuro breve. Tal como ficou na retina Alter do Chão e Avis, outras duas povoações a merecerem visita cuidada e atenta.
Depois aquelas longas planícies repletas de olivais e sobreiros. Dignas de serem apreciadas com tempo.
Não sendo alentejano de nascimento, sempre olhei para esta provincía com uma anormal bonomia e interesse. Talvez porque a terra é ou foi o seu principal, e quantas vezes único, modo de sustento.
Foi uma viagem rápida mas a requerer outras passagens e evidente paragens!