Parti na quarta-feira para uma viagem relâmpago à aldeia beirã. Havia umas coisas para resolver, mas perante a perspectiva de não poder sair de casa nos próximos fins-se-semana, aproveitei para fazer 600 quilómetros no sentido de finalizar uns assuntos pendentes que deixara em aberto por altura da azeitona.
Ontem todo santo dia foi de chuva. Mas nada que impedisse de dar a volta às fazendas na perspectiva de encontrar sobreiros para se retirar a cortiça no próximo Verão... Especialmente nas árvores mais jovens.
Ainda assim aproveitei para fotografar esta minha laranjeira.
Regressei à capital já hoje, para poder passar, finalmente, um fim de semana na minha casa, poder comer umas castanhas assadas e acima de tudo poder ver estas imagens.
Hoje sem a necessidade de buscar alfaias cheguei ao olival mais cedo que ontem, ainda não eram sete e meia da manhã.
Cedo percebi que iria ser um dia quente. O anilado do céu surgia em todo o seu esplendor sem uma única nuvem.
No intuito de fazer um breve esclarecimento comunico que desde há uns anos que adquiri máquinas para varejarar a azeitona. São máquinas eléctricas alimentadas por baterias de carro e que me dão um jeitão... Diria que sem elas demoria mais do dobro do tempo a apanhar a azeitona. Depois a escada por vezes é falsa e são conhecidos os acidentes de quedas das oliveiras... Então estas que são vetustas!
Mas hoje iria ter a colaboração de um jovem habituado a esta vida dura do campo. E sinceramente ele vale o dinheiro que ganha. Ao fim de uma hora as mantadas de azeitona colhida para escolher, começaram a espalhar-se pelo olival.
Mal se acaba uma oliveira, logo se recolhe o pano e se estende noutra, de forma a que o homem com uma das máquinas não pare.
As mantadas sucedem-se enquanto só um par de mãos a escolhe para ensacar.
Entretanto isto, eu sou "pau para toda a obra": colho com uma outra máquina, depois corro a mudar os panos ou vou ajudar a minha mulher a ensacar a azeitona que ela vai escolhendo. Na foto supra já havia três enormes mantas com azeitona.
Depois de escolhida ei-la finalmente em sacos.
Mas a chuva negra não pára de cair. Ao que parece este ano as oliveiras fizerem fé em dar fruto. Até uma pequena e velha oliveira fez a sua parte,
já que do seu único ramo saiu pouca azeitona, mas ainda assim tapou o fundo do balde.
A tarde já cai sobre a aldeia, no entanto há que acabar de escolher. De tal forma que se esgotam os sacos e tenho de levar a azeitona em baldes para o barracão de guarda.
Valeu o dia 27 sacos que a somar aos 11 de ontem dá 38... Portanto contas redondas... 1000 quilos já estão apanhados.
Andei este fim de semana à azeitona, conforme dei aqui sinal.
Dois dias e meio (contando com a manhã de hoje) em que apanhei 660 quilos de azeitona boa e sã. No entanto não é a apanha da azeitona o meu maior problema nestes dias.
A aldeia que me recebe para este evento fica na encosta da serra dos Candeeiros e faz parte de um Parque Natural. É um local pacato, sem casos de virus, com muita gente idosa e alguma mais jovem.
Todavia o desafio mor destes dias não é a apanha, mas somente caminhar sobre um chão atapetado de pedras sem que nos esbardalhemos num colchão demasiado duro para os nossos ossos.
Este naco de chão, porque nem se pode dizer de terra pois tem pouca, chama-se Pia Nova. Fica na encosta na fronteira do povo e este ano, mesmo assim, esmerou-se em dar boa azeitona. Também é verdade que tenho ali investido demasiado dinheiro, mas o proveito que retiro jamais pagará o que já lá gastei. E nem estou a contar o que lá tenho trabalhado.
Este pedaço chama-se Penedos Gordos (que não estão na foto) e é bem pior que o chão da foto de cima. Com muito mais pedras e acessos para estender panos muito mais difíceis. Sair dali sem mazelas é uma aventura.
Fica uma questão: sabem que povo plantou estas oliveiras? Calculem lá...
A primeira ideia que surgiu sobre a origem do Coronavirus é que este virus existia num morcego chinês que foi depois comido por um pagolim e este por sua vez caçado por um humano. O resultado está à vista de todos.
Neste longo fim de semana fui à aldeia onde fui trabalhar e visitar algumas fazendas. Numa delas encontrei esta colónia de pequenos morcegos.
O lar onde habitam chama-se, curiosamente, Casa das Cobras, mas reconheço que nunca lá vi nenhuma não obstante já ter encontrado algumas peles.
Esta casa que foi o lar de algumas pessoas da aldeia, especialmente famílias de pastores, está inserida numa propriedade da família a três quilómetros do centro da povoação e onde já vi de tudo um pouco para além destes mamíferos: raposas, lebres, lacraus, esquilos e ainda hoje vi uma ave de rapina.
Um local onde a paz da natureza é interrompida pelo balir dos rebanhos ou por um ou outro carro que passe na estrada.
Já li que os morcegos podem estar em extinção. Entretanto por aqui a colónia continua a crescer!
Como já escrevi num postal publicado ontem, trouxe da aldeia beirã um pequeno (terá sido?) carregamento de gamboas!
Este fruto nasce e cresce numa das nossas fazendas. Não recebe qualquer tratamento, a não ser alguma poda.
Ora quando cheguei ao chão encontrei muitos frutos caídos na terra seca. Portanto percebi que seria tempo de apanhar as gamboas. Escada a postos, eis-me a subir par colher os frutos grandes e suculentos.
Deixei lá meia dúzia na árvore já que os pássaros também têm direitos! Carreguei os outros para o carro e ainda ontem à noite após ter chegado retirei-os do porta-bagagens.
Esta manhã levantei-me cedo e fui buscar algumas gamboas para descascar e cozer. Mas curiosamente só hoje é que tomei o verdadeiro peso e tamanho dos frutos amarelos.
Fui escolher os maiores e quis perceber o peso e tamanho.
(repare-se na diferença entre figos, abrunhos e gamboas)
Deste modo peguei numa gamboa e coloquei-a numa balança digital
e descobri que esta "só" pesava 824 gramas.
O que equivale dizer que "apenas" 8 frutos semelhantes deram 3 quilos limpos que após bem cozidos com o açúcar devido, deram esta marmelada. Ou será gamboiada?
Há quem utilize a escapadinha para fugir por uns dias de Lisboa ou dos centros urbanos. Como gosto de ser imitador também parti ontem às 19 e 34 muito perto de Lisboa e cheguei a uma aldeia no sopé da serra da Gardunha eram 22 e 23.
Conforme se pode comprovar com o computador de bordo do carro.
Estava um calor daqueles e com a casa fechada há meses era quase insuportável dormir dentro de casa. Todavia após janelas e portas abertas o ar da noite refrescou o suficiente. E lá fui para "vale de lencóis".
Acordei cedo e às oite da manhã já estava a caminho das fazendas. Depois de uma volta regressei para o carro conduzindo uma viatura que trabalha a gamboas, um novo combustível muito doce.
Ainda antes do almoço fui a outro naco de terra constatar as oliveiras e respectiva azeitona. Ao invés do que julgava encontrei algumas oliveiras bem carregadas
Entretanto a Mãe natureza também nos mostra abguenação à vida... Como esta oliveira que só tem um ramo verde e ainda assim está carregada.
Após o almoço e mais umas voltas necessárias regressei a Lisboa... ou perto, onde às 19 horas e 22 minutos, isto é quase 24 horas depois.
Fica então a questão: terá sido uma escapadinha ou uma rapidinha?
Hoje tive necessidade de ir à aldeia dos meus antecessores buscar batatas. As que por aí se compram não prestam e num ápice fazem-se negras. Ao invés as do meu pai, mesmo velhas, ainda são muito saborosas.
Assim aproveitei a calada da noite para ir à aldeia buscar as ditas batatas e mais algumas coisas. Nada de beijos nem abraços, mantive o afastamento, sem bem que não esteja infectado e eles também não, cumpri, pelo menos, com essa regra.
Fiz nesta viagem 233 quilómetros em menos de duas horas e meia conforme ficou registado no mostrador do meu carro,
Todavia o que realmente achei estranho foi andar na A1 sem qualquer carro. Uma coisa nunca vista. Aquilo parecia um deserto, parece que vivemos sós, sem mais ninguém ao nosso redor.
Levantei-me muito cedo. Eram pouco mais das seis da manhã. Mas tendo em conta a previsão daquilo que seria o meu dia, havia que despachar algumas etapas.
Estou na Beira Baixa. Num local abrigado pela Serra da Gardunha sempre tão devastada com os incêndios. Todavia ainda assim aqui respira-se bom ar, colhe-se boa azeitona (eu que o diga!!!), a fruta é de excelência e as couves têm um sabor a terra pura.
Gosto de deambuar pelos terrenos da família. Perceber algum pinheiro caído, um murro derrubado, algum silvado para cortar.
Sendo alguém que foi criado numa povoação onde a água era (e ainda é) um bem muito escasso, quando chego a esta povoação beirã e noto os poços repletos, as charcas cheias e as ribeiras a correr sinto-me imensamente feliz.
Depois... há aqueles ruídos que a natureza nos brinda, nos afaga, nos eternece; o trinados dos pássaros, a água que foge por entre as pedras num qualquer leito de uma ribeira, o coaxar harmonioso das rãs, o doce sibilar do vento por entre as árvores... ou então não e nada disto e a Mãe Natureza prefere o silêncio!