Como gosto pouco de dormir (e não, não considero que dormir pouco seja sinal de fraqueza!!!), uma destas noites dei por mim a passar cada canal que a operadora lá de casa me oferece. Nunca me dera para tal, mas naquela noite… calhou!
De todos os que tive oportunidade de ver meia dúzia de segundos, houve um que se destacou pelas piores razões.
Àquela hora tardia um canal português tentava perceber como fora o trágico acidente de viação que vitimou Sara, filha de Toni Carreira. Simulavam o acidente virtualmente repetindo-o até à exaustão. Havia alguns, ditos especialistas a esmiuçar cada movimento cada “frame” virtual, tentando arranjar razões para tão grave e mortal acidente.
Mas o que realmente me espanta é perceber para que interessa publicamente saber como se deu o acidente ou de quem foi a culpa. No mínimo poderá interessar às companhias de seguros e para isso eles têm certamente peritos próprios.
Li também algures que o próprio pai da vítima não quer saber como tudo aconteceu até porque a vida da filha jamais lhe será devolvida. O que como pai que sou parece-me o mais correcto e sensato.
Obviamente que as televisões, e não só, têm o direito de informar e de procurar, em alguns casos dúbios, a verdade, mas nunca devem fazer da desgraça alheia assunto de primeira página.
Hoje tive a triste notícia de que um primo, ainda que afastado, foi neste fim de semana vítima de um acidente de viação, tendo ficado em estado considerado grave.
Segundo testemunhas que assistiram ao acidente a senhora causadora vinha a falar ao telemóvel.
Ninguém consegue nesta altura perceber como irá evoluir o estado de saúde do meu parente, mas o que quero aqui realçar é a origem deste desastre de automóvel. Mais uma vez um pequeno aparelho de telemóvel, na génese de um acidente grave, não obstante as sucessivas campanhas e a proibição por lei do uso daquele tipo de equipamento, enquanto se conduz.
Independentemente das consequências futuras e da imputação de culpas a verdade é que a autora do acidente irá continuar a usar o seu telemóvel, tendo ou não a permissão de conduzir.
Ora bem… eu não tenho nenhuma arma de fogo em casa, nem tenho permissão para a usar. Também é verdade que não necessito, nem a saberia manuseá-la. Da mesma maneira seria importante que quem originasse um acidente deste cariz, também fosse, no futuro, proibido de voltar a usar um aparelho telefónico. Conduzisse ou não!
Criava-se uma espécie de cadastro nacional disponível para todas as empresas que vendessem telemóveis, de forma a que quando alguém fosse adquirir um novo equipamento não o pudesse fazer desde que constasse da lista. Um género de lista negra de má conduta!
Creio que esta medida simples evitar-se-iam, certamente, novos acidentes com origem nos telemóveis.